O principal desafio da associação é desenvolver o espírito de empreendedor nos jovens, para se tornarem futuros pecuaristas – Carlos Pedretti, diretor da CEA, no Paraguai

O tema do próximo Workshop BeefPoint será sobre Associações de Pecuaristas. Através das palestras e estudos de caso apresentados nos workshops BeefPoint, os participantes têm a oportunidade de trocar conhecimento, compartilhar ideias, acertos e erros também.

Para conhecer melhor os palestrantes, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Carlos Pedretti, diretor da CEA (Cooperativa de Pecuaristas para Experimentação Agrícola), do Paraguai.

Carlos Luis Pedretti Fernandez é CEO da Ganadera Alborada S.A., no Paraguai.

É presidente do Escritório de Registros Zootécnicos da ARP (ORZAP). A ORZARP gerencia o Sistema de Rastreabilidade do Paraguai (SITRAP).

Neste momento, está desenvolvendo e operando um plano estratégico para integrar verticalmente as operações (cria, engorda, confinamento e agricultura), da Ganadera Alborada S.A.: da maternidade ao corte premium, embalado a vácuo, em termos de sabor, qualidade e maciez.

É diretor da CEA – Consórcio de Pecuaristas para Experimentação Agropecuária.

Em 1969, nove representantes de empresas relacionadas à pecuária se reuniram, preocupados em se manter atualizados em tecnologia e posteriormente aplicá-la diretamente no setor de produção. Assim se formou a CEA – Consórcio de Pecuaristas para Experimentação Agropecuária. O objetivo da CEA, segundo seu estatuto é: “unir os agricultores para promover práticas de gestão científica e trabalhar com o desenvolvimento do campo, em suas diferentes fases: pecuária, agricultura e agronegócios”.

É uma instituição privada, que possui local próprio e infraestrutura adequada: escritórios, salas de conferências, videoteca com materiais técnicos, biblioteca e uma área social. O local leva o nome de um sócio fundador, Fernando Serrati Gautier, que além de ser diretor da CEA, foi um dos criadores dos grupos CREA (Cooperativa Regional de Experimentação Agropecuária) e posteriormente, o APACREA (Associação Paraguaia de Grupos CREA), entidade que recebeu apoio do CEA para utilizar as instalações gratuitamente durante 2 anos, até a sua consolidação total.

BeefPoint: O que os pecuaristas de sua associação têm feito de interessante que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?

Carlos Pedretti: Eles aprenderam a crescer juntos, verificando erros e acertos na tomada de decisões, com o objetivo de melhorar a produtividade.

BeefPoint: O que a Associação tem feito para motivar os pecuaristas a se manterem associados?

Carlos Pedretti: Em primeiro lugar, comecei a trabalhar com a troca de informações entre os associados, treinamento dos funcionários e atualmente realizamos atividades que promovem a união entre os associados. O associado deve se manter atento por meio de uma comunicação contínua sobre o calendário de atividades do ano.

BeefPoint: Quais os principais desafios de sua associação?

Carlos Pedretti:

• A construção de uma nova unidade.
• Desenvolver um sistema de comercialização conjunta para conseguir melhores preços, baseados no volume de caixa e tipificação de carcaça.
• Um sistema de compra de insumos em conjunto para buscar melhores preços.
• Melhorar o benchmarking.
• Desenvolver o espírito de Liderança CEA nos filhos dos associados.

BeefPoint: Qual o perfil ideal do associado, para a sua associação?

Carlos Pedretti: Um produtor motivado a melhorar, experimentar novas alternativas e disposto a participar das atividades da cooperativa.

BeefPoint: Qual o exemplo de associação na pecuária, no Brasil hoje? Qual instituição você admira por fazer um excelente trabalho? 

Carlos Pedretti: Assocon, por ser uma associação que reúne produtores em busca de um objetivo comum. EMBRAPA, por ser líder em pesquisa agropecuária.

BeefPoint: Qual modelo de associação inspirou a formação e as diretrizes de sua associação e por quê?

Carlos Pedretti: Os grupos CREA da Argentina, porque encontramos em sua metodologia o mecanismo para compartilhar informação padronizada e real.

BeefPoint: Quais os pontos fortes de sua associação? Quais são os pontos a serem melhorados? 

Carlos Pedretti:

Pontos Fortes:

• 55 pecuaristas e administradores compartilhando conhecimento, experiências e técnicas.
• 113 fazendas de produção de gado de corte disponíveis para experimentação e coleta de dados.
• 143 profissionais trocando idéias e opiniões (consultores, gerentes e administradores)
• 2.324 funcionários, empregados nos estabelecimentos e escritórios dos associados, com o seguro social e carteira de trabalho em dia.

Ponto Fraco:

• Serviços oferecidos aos associados. Precisamos atualizar e dirigir os serviços às novas gerações de produtores.

BeefPoint: O que a associação implementou de diferente em 2012-2013? O que você fez em 2012-2013 que te trouxe mais resultados?

Carlos Pedretti: Iniciamos cursos para gerentes e diretores das empresas associadas e parceiras, o que gerou alta participação e demanda contínua por este tipo de curso.

Enviei meus funcionários para cursos de cooperativismo, com o objetivo de eles mesmos identificarem oportunidades de melhoria para nossas atividades.

BeefPoint: Quais os principais planos para 2013-2014?

Carlos Pedretti:

• Consolidar o Benchmarking.
• Aumentar a quantidade de serviços oferecidos ao associados.
• Começar a formar a Liderança CEA nos jovens.
• Inaugurar o novo prédio da CEA, com todas as comodidades para os associados.

BeefPoint: Sabendo que aprendemos mais com os erros, do que com acertos, você poderia compartilhar um erro da associação? 

Carlos Pedretti: Não cumprir 100% as atividades do ano, seja por problemas envolvendo a participação dos associados ou cancelamento de atividades em função do clima.

BeefPoint: Qual seu recado para os produtores que querem iniciar uma associação ou participar de uma já existente?

Carlos Pedretti: Busquem produtores com a mesma filosofia e que estejam abertos a compartilhar e difundir suas ideias, erros e acertos. Que queiram interagir entre todos para buscar soluções para os problemas de produção.

Que ao final do mesmo problema, encontre-se as mesmas soluções. A Associação tem a obrigação de conhecer tecnologia de ponta e preços de insumos, assim como preços de venda dos diferentes produtos, como, animais para abate, reprodutores.

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