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O mercado da carne em transformação

Por Carlos Nascimento1

A elite dos frigoríficos detém 90% dos 20% exportados de carne.

A grande maioria – 95% dos frigoríficos – abastece exclusivamente o mercado interno – 80% da produção – competem em condições desfavoráveis aos exportadores, em volume de produção, capacidade financeira e gestão.

As receitas dos pequenos e médios produtores e indústria frigorífica oscilam significativamente, pois a receita não sendo suficiente para cobrir os custos e despesas variáveis – diretamente proporcionais – gera margem de contribuição negativa, ou seja, prejuízo relacionado diretamente ao volume de vendas.

Urge buscar um marco divisor para o mercado da carne, o do antes e depois do Gerenciamento, Ferramentas de Gestão, dos Resultados e da profissionalização.

Competir tem como premissa, produtividade, massa crítica, composição das margens, absorção dos custos e despesas, margem de contribuição suficiente para fazer frente às exigências cada vez maior dos mercados interno e externo.

A informalidade não tem mais espaço, mudanças são necessárias para combater as “práticas” exercidas no setor; peso morto, rastreabilidade e etc., a relação produtor e indústria no mínimo é aética.

Ser o maior exportador de carne “in natura” do mundo – mais de 50% da carne exportada pelo Brasil vai para países pobres – nos coloca na posição de exportadores de matéria-prima e empregos; tendências de mercado apontam para produtos e serviços que atendam as necessidades de um novo tempo cada vez mais novo, com marca, qualidade e padrão.

O divisor da pecuária se deu após a introdução da genética, e do desenvolvimento da Embrapa, o que não impede de afirmar que ainda, nove entre dez fazendas, o gado está lambendo terra, o produtor aceita as novas tecnologias, mas, não abandona as antigas.

Não se ganha dinheiro comprando e vendendo, a atividade isoladamente não garante o lucro se a administração do negócio não for precedida de um rigoroso diagnóstico para conhecimento em profundidade do mercado, da propriedade, da indústria, dos ativos, custos e despesas, produção, manejo e etc.

Fusões, aquisições, associações, cooperativas, investidores estratégicos; é o grande desafio da transformação do setor com dificuldades em competitivos e rentáveis, principalmente para os pequenos e médios que, reunidos fazem parte dos que representam 75% do PIB brasileiro.

Cada vez mais, a capacidade de uma empresa de gerar valor econômico – rentabilidade – e de ser mais competitiva será produto das influências do mercado.

A união de idéias diferentes com objetivo único, não representa perda de identidade individual, mas, a construção de uma visão com a missão e valores voltados para o mercado e performance.

Voltar à escola, quebrar paradigmas, reinventar-se, criar uma nova estrada, é imperativo, diz um ditado popular “Os cavalos se conhecem nas pistas”.

“Tudo o que sei é que nada sei” – Sócrates – Filósofo Grego

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1Carlos Nascimento, Bacharel em Direito, Administrador com Especialização em Gestão Empresarial. Experiência internacional na realização de trabalhos em empresas nacionais e multinacionais, como Diretor Geral, Superintendente e “Ínterim Management”, com destaque para o Grupo Bunge.

0 Comments

  1. Leandro Carlos Freling disse:

    Carlos, queria te felicitar pela matéria, encaminhei a todos os meus clientes.

    Trabalho com mercado futuro de commodities focado mercado de boi gordo, e acredito que a sua visão tem tudo a ver com minha linha de pensamento. Temos que deixar empirismo de lado e assumir o profissionalismo que necessita o agronegócio brasileiro cada vez mais… e lembrar que os tempos de extrativismo se estão acabando

    Obrigado pelo espaço

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