Mercado futuro do boi gordo – 28-02-2014
6 de março de 2014
Quando li o artigo de hoje lembrei dessa foto que tirei no Eataly, em Nova Iorque – Rodolfo Araújo
6 de março de 2014

O manejo pré-abate é de responsabilidade de ambos, do produtor e do frigorífico – Mateus Paranhos e Fernanda Macitelli, Grupo ETCO

Para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas – quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos – o BeefPoint reuniu diversas opiniões de profissionais relacionados à pecuária de corte, desde profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade à produtores; de forma a esclarecer o seguinte questionamento:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais

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Confira o terceiro artigo da série de 9 artigos!

Por Mateus J. R. Paranhos da Costa, professor da UNESP – Jaboticabal e coordenador do Grupo Etco e Fernanda Macitelli Benez, professora da UFMT – Rondonópolis e doutoranda em Zootecnia da Unesp.  Captura de Tela 2014-02-26 às 10.58.07

Por tradição dos ingleses, que foram um dos pioneiros a estabelecerem frigoríficos no Brasil, o pagamento ao pecuarista pela sua produção se dá pelo peso da carcaça limpa em arrobas.

Atualmente, existe a crescente comercialização de animais no peso vivo com rendimento de carcaça definido em pré-acordo entre pecuaristas e compradores. Alguns produtores, insatisfeitos com o rendimento de seus animais após abate, acreditam ser uma forma de assegurarem um valor justo por sua produção, outros preferem receber pelo peso após abate por acreditarem que seus animais apresentam rendimento maior que aquele oferecido pelo comprador, e ainda existem os produtores que não sabem quanto rendem seus animais e qual a melhor forma de comercializar seu produto.

Antes de optar por como deve ser vendido os animais destinados ao abate, é necessário que o produtor considere alguns fatores como raça, cobertura de gordura (acabamento), e peso vivo perdido no período de jejum (decorrente do menor volume de digesta no trato gastrointestinal), que é dependente do tempo e da disponibilidade ou não de água quantidade suficiente e de boa qualidade. Sendo esperadas perdas de peso vivo de 2 a 4% após 12 horas de jejum e de 6 a 11% após 24 horas.

Para aumentar o rendimento de carcaça algumas pessoas forçam os animais a um tempo de jejum prolongado, não levando em conta que isto pode levar a redução no peso da carcaça, principalmente causado por desidratação, quando os animais ficam em jejum hídrico. Além disso, é reconhecido que períodos prolongados de jejum no manejo pré-abate afetam o bem-estar dos bovinos, pelo não atendimento de suas necessidades de alimento e água. Quando o jejum não é severo (com até 12 horas, no total) e se limita apenas à retirada de alimentos sólidos, o bem-estar dos bovinos não é tão comprometido.

Deve-se ter em conta que o manejo pré-abate é de responsabilidade de ambos, do produtor e do frigorífico, e que quando a venda é realizada com base no peso da carcaça, os prejuízos decorrentes de perdas quantitativas e qualitativas da carne (por conta de estresse, contusões, fraturas, exaustão metabólica e desidratação) são compartilhados. Por outro lado, quando a venda é realizada com base no peso vivo, apenas o frigorífico vai arcar com os prejuízos, e isto pode fazer com que os produtores tenham menos cuidado durante o manejo de seus animais. Sabe-se que as fazendas têm grande responsabilidade na definição de como os animais irão reagir durante o manejo pré-abate, pois isto depende diretamente de como eles foram manejados previamente.

Quando existe uma relação comercial confiável entre pecuaristas e frigoríficos, a comercialização com base no peso da carcaça traz a oportunidade de melhor remuneração para carcaças de melhor qualidade.

Entretanto, para que isto ocorra, sem a influência de interesses particulares nas relações comerciais, seria importante ter um sistema oficial de classificação de carcaças no país, bem como a conscientização de todos quanto à importância da aplicação de boas práticas de manejo, de forma a promover o bem-estar dos animais.

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Confira os artigos da série, já publicados:

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Retrocessos na forma de comercialização, como a negociação no peso vivo, não são bem-vindos – Fabiano Tito, Minerva Foods

Para a conta fechar, o frigorífico teria que nivelar por baixo, e pagar um rendimento abaixo da média para não correr riscos – Marcelo Pimenta, Exagro

Essa é uma série de artigos idealizada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

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