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O grande acerto é entender e respeitar a dinâmica do crescimento do pasto – Felipe Dias

O próximo Workshop BeefPoint será sobre Engorda a Pasto, no dia 17 de outubro, em São Paulo.

Vamos reunir quem melhor engorda boi a pasto, que é responsável por 90% do gado abatido no país. Vamos conhecer o trabalho dos melhores invernistas do Brasil, para apresentação de estudos de caso, troca de experiências e conhecimento, num ambiente de conversa e debate. Será um encontro de discussões em alto nível, para conhecer quem tem feito um excelente trabalho no Brasil. Estamos reunindo quem tem feito a pecuária do futuro.

Para conhecer melhor os palestrantes do Workshop BeefPoint – Engorda a Pasto, preparamos uma série de entrevistas com cada um deles. Além dos palestrantes, vamos conhecer também o trabalho de pessoas que trabalham com engorda a pasto e são referência no país.

Confira a entrevista com Felipe Sangalli Dias, sócio proprietário da empresa Lanztech Farming Solutions, agropecuarista na região de Bagé – RS e um dos palestrantes do Workshop BeefPoint – Engorda a Pasto.

Felipe Sangalli Dias

Felipe Sangalli Dias é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esteve na Nova Zelândia onde se especializou no sistema de pastoreio intensivo TechnoGrazing.

É sócio proprietário da empresa Lanztech Farming Solutions, empresa focada em consultoria técnica e gerencial em fazendas produtoras de carne. É também agropecuarista na região de Bagé – RS.

Através de sua experiência na Nova Zelândia, busca alavancar a produtividade de sistemas pastoris, com a melhor utilização do recurso forrageiro em qualquer que seja a fase do processo produtivo (cria, recria ou engorda). Juntamente com o aconselhamento gerencial e controle de fluxo-de-caixa, buscam sempre o aumento da produção com sustentabilidade econômica.

BeefPoint: Quais os maiores desafios para o pecuarista que trabalha com engorda a pasto?

Felipe Sangalli Dias: Não sei se é o maior desafio, mas noto uma grande dificuldade por parte do produtor em compreender e buscar alternativas viáveis que os blindem dos efeitos sazonais da produção de pasto. Via de regra todas as regiões do Brasil têm um “buraco forrageiro” e geralmente há uma subutilização das pastagens no seu pico de acúmulo de forragem.

Portanto, o maior desafio é utilizar o pasto com máxima eficiência (em volume e qualidade) durante seu período de plena produção e buscar alternativas para sobreviver e, quem sabe, produzir algo nos períodos de escassez de pasto.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos, o que fez e deu certo no seu sistema de produção a pasto?

Felipe Sangalli Dias: O grande acerto é entender e respeitar a dinâmica do crescimento do pasto. Somente com este conceito em mente é que poderemos buscar uma máxima utilização sem que isso impacte na degradação das pastagens.

Outros fator de extrema importância é a busca pela melhoria dos nossos solos e, por consequência, das nossas pastagens. Na sua condição natural, nossos solos são muito pobres em matéria orgânica, fósforo e pH, que são fatores que devem ser melhorados por quem trabalha com produção vegetal.

Utilizar práticas complementares, como a inserção de uma suplementação durante alguma fase do processo produtivo, pode impactar muito no desempenho do animal pelo resto da sua vida, mesmo que tal prática tenha sido utilizada em um período muito restrito. Tenho utilizado em meus clientes com muito sucesso o creep-feeding, com ração de alta qualidade. Os resultados têm sido muito satisfatórios para mim e meus clientes.

BeefPoint: E o que deu errado, você poderia nos contar? O que você considera os erros mais comuns num projeto de engorda a pasto? 

Felipe Sangalli Dias: Claro que sim, quem nunca errou?

Acho que o maior erro que cometi foi superestimar o potencial de um sistema produtivo, quando acabei levando mais animais que eu deveria para serem terminados em uma área. A superlotação prejudicou a produção de pasto, o que gerou um efeito sistêmico de baixa velocidade de terminação. Isso me obrigou a entrar o verão (período de escassez de chuva e de pasto no RS) superlotado. Este erro me fez gastar demais com soluções paliativas e também me prejudicaram no reestabelecimento das pastagens cultivadas no outono seguinte. Não quero passar por isso de novo! Mas creio ter sido um erro didático.

Como o meu, os erros mais comuns são falta de planejamento ou planejamento equivocado de um sistema produtivo, seja pela super utilização ou utilização ineficaz do recurso forrageiro, afinal pasto é demasiado caro para não ser convertido em carne.

BeefPoint: Quais as maiores dificuldades enfrentadas com a mão-de-obra nesse setor em específico? O que tem sido feito para solucionar esses problemas? 

Felipe Sangalli Dias: Bom, este é um tema muito delicado. A falta de mão-de-obra não é um problema exclusivo do Agro. Sistemas intensivos carecem de mão-de-obra criativa e capaz. Tenho visto que grande parte dos trabalhadores rurais não estão mais muito preocupados em aumentar a sua renda, estão sim preocupados em não terem muitas responsabilidades.

A falta de comprometimento e ambição me preocupa, isso é um claro efeito da uma política assistencialista implantada há alguns anos em nosso país e na maior parte da América Latina (diga-se de passagem, na parte que está involuindo).

Em pleno segundo milênio, a política do pão e circo está de volta, já que as bolsas são muitas e a Copa do Mundo está chegando.

Solução? Mecanizar o que for possível, já que as máquinas ainda não se sindicalizaram.

BeefPoint: O que você fez em 2012/2013 que te trouxe mais resultados?

Felipe Sangalli Dias: Sobretudo o planejamento e gerenciamento das propriedades que assisto. Respeitar as potencialidades de cada sistema é fundamental para o seu sucesso.

BeefPoint: O que é o mais importante para ter sucesso na engorda a pasto?

Felipe Sangalli Dias: Aumentar o período produtivo das pastagens e colher o pasto com eficiência.

BeefPoint: Quais são seus planos para 2014?

Felipe Sangalli Dias: Estou com um projeto de integração lavoura-pecuária com ênfase nas duas atividades sem que o sucesso de uma venha em detrimento ou baixo desempenho da outra.

BeefPoint: Você gostaria de participar de um programa de carne de qualidade, de gado criado a pasto, com certificação?

Felipe Sangalli Dias: Evidente que sim, já temos algumas iniciativas em minha região. Tomara que sucedam!

BeefPoint: Que recado você deixaria para produtores de gado a pasto?

Felipe Sangalli Dias: Tratem toda e qualquer tecnologia como uma ferramenta que possa ser utilizada oportunamente a cada momento. Não sejam apaixonados pela utilização da técnica A ou B, pois a técnica pela técnica não “ganha jogo”, é preciso muito mais que isso.

Considerem sempre uma mudança de atitude ou posicionamento quando isto vier para o bem do seu negócio.

Clique e inscreva-se no Workshop BeefPoint – Engorda a Pasto:

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