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O envolvimento familiar que a associação pode propiciar é espantoso – Alexandre Selistre (Cavalo Crioulo – ABCCC)

O tema do próximo Workshop BeefPoint será sobre Associações de Pecuaristas. Através das palestras e estudos de caso apresentados nos workshops BeefPoint, os participantes têm a oportunidade de trocar conhecimento, compartilhar ideias, acertos e erros também.

Para conhecer melhor os palestrantes, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.

Confira abaixo a entrevista com Alexandre Valente Selistre, da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – ABCCC.

Alexandre Selistre exerce advocacia em Porto Alegre/RS, mas sempre teve contato direto com o campo. Na cidade de Canguçu/RS, sua família tem duas propriedades rurais. Numa cria-se gado de corte, noutra cavalos crioulos.

Seu envolvimento com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – ABCCC começou desde que aprendeu a montar a cavalo, antes de engatinhar. Quando iniciou sua cabanha, a Legenda Campeira, a participação em provas morfológicas e funcionais foi automática. Na atual gestão exerce o cargo de Diretor da Comissão de Marcha de Resistência.

O cavalo Crioulo descende de cavalos ibéricos trazidos pelos conquistadores, no século XVI. A raça foi forjada por seleção natural, criados soltos e adquirindo características próprias e únicas, em 4 séculos de adaptação e evolução, espalhando-se no meio ambiente hostil sul americano. A nomenclatura “crioulo” refere-se àquele que é cria de determinado lugar.

Em 28 de fevereiro de 1932, em Bagé/RS, foi fundada, para padronizar e reerguer a raça, preservando-a, nomeando uma comissão para classificar os animais inscritos para inspeção. Em janeiro de 1935, a Associação do Registro Genealógico Sul Rio-Grandense cedeu à ABCCC o registro independente da raça crioula. Encerradas as inspeções, foram fechados os registros, ingressando no stud book brasileiro da raça crioula somente filhos de pais devidamente registrados.

As provas funcionais iniciaram na década de 70, culminando, em 1982, com a criação da prova mais consagrada e cobiçada da ABCCC: O Freio de Ouro.

Atualmente, a Associação conta com uma lista de doze modalidades oficiais, regulamentadas para os cavalos Crioulos: Campereada, Crioulaço, Enduro, Freio Jovem, Freio do Proprietário, Freio de Ouro, Marcha de Resistência, Morfologia, Movimiento a La Rienda, Paleteada, Paleteada Internacional e Rédeas. Constituindo um calendário cheio e diversificado para o ano inteiro.

Em 1995 a ABCCC vislumbrou a importância da recém-lançada internet e antecipou-se a muitas empresas e entidades. Em 2000, registrava uma média de 84 acessos ao dia. Em 2009, com a criação de loja virtual, dos classificados online e da abertura do banco de dados para consulta, este número alcançou espantosos sete mil acessos ao dia, batendo recorde a cada ano. Outra aposta foi a criação da TV ABCCC (depois Cavalo Crioulo Web Tv), transmitindo provas e remates, ao vivo, pela internet. Atualmente as coberturas, resenhas e confirmações são comunicadas à ABCCC.

A Sede é centralizada em Pelotas/RS. São 72 funcionários trabalhando em três turnos: manhã e tarde, com atendimento ao público, e à noite só internamente. Contamos com 21 técnicos credenciados e 93 Núcleos. O presidente é Mauro Raimundi Ferreira.

Nestes 80 anos de sucesso da ABCCC nossa única certeza é a de que a história recém começou a ser escrita.

BeefPoint: O que os pecuaristas de sua associação têm feito de interessante que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?

Alexandre Selistre: Cremos que o envolvimento familiar que o cavalo crioulo propicia, em uma quantidade de provas e remates que ocupam o ano inteiro, é espantoso. Além disso o fomento da raça fora do RS é muito importante e prestigiado. Tendo sido visto o cavalo crioulo como um investimento vantajoso.

BeefPoint: O que a Associação tem feito para motivar os pecuaristas a se manter associados?

Alexandre Selistre: Além de uma dedicação e excelência no atendimento, desconto em todos os serviços prestados, convênios com empresas, consultas e serviços realizados diretamente pela internet, publicação mensal de Jornal e Anuário.

BeefPoint: Quais os principais desafios de sua associação?

Alexandre Selistre: Crescimento e reconhecimento da raça como o melhor cavalo de sela, multifuncional das Américas.

BeefPoint: Qual o perfil ideal do associado, para a sua associação?

Alexandre Selistre: São diversos os perfis, desde o criador tradicional com grande volume de ventres e “cuiudos”, ao proprietário de cavalos em sítios, do usuário profissional ao amador, até mesmo de investidores, pois a partir deste ano o cavalo crioulo começou, inclusive a ser considerado como um ativo financeiro.

BeefPoint: Qual o exemplo de associação na pecuária, no Brasil hoje? Qual instituição você admira por fazer um excelente trabalho?

Alexandre Selistre: Eu, particularmente, tenho gosto pela Associação Brasileira de Angus.

BeefPoint: Qual modelo de associação inspirou a formação e as diretrizes de sua associação e por quê?

Alexandre Selistre: Como a raça crioula começou a ser resgatada na Argentina, graças a Dom Emílio Solanet, naturalmente a Asociación de Criadores de Caballos Criollos (Argentina) e também, pelo intercâmbio natural a Sociedad de Criadores de Caballos Criollos Del Uruguay tiveram sua influência, porém, hoje em dia, eles é que vêm buscar referência no Brasil.

BeefPoint: Quais os pontos fortes de sua associação? Quais são os pontos a serem melhorados?

Alexandre Selistre: A gestão profissional, o corpo de funcionários, a sede, os núcleos de criadores, a criatividade e o Freio de Ouro. Nas provas funcionais da raça se apresenta uma transparência nos julgamentos que também é importante.

BeefPoint: O que a associação implementou de diferente em 2012-2013? O que você fez em 2012-2013 que te trouxe mais resultados?

Alexandre Selistre: A criação da Tríplice Coroa foi muito significativa. Pretendendo mostrar que a raça crioula é multifuncional, foi criado um prêmio para aquele animal que conseguir ser finalista nas três principais provas da raça Crioula, a Morfologia na Expointer, no Freio de Ouro e na Marcha de Resistência.

O Programa Cavalos Crioulos, no Canal Rural, assim como a transmissão das Classificatórias e o público presente na finalíssima do Freio de Ouro foram fundamentais à expansão da raça. A expectativa de público presente nesta última edição do Freio de Ouro, foi absolutamente surpreendente, foram mais 25 mil no sábado e o dobro, 50 mil pessoas, no domingo, abaixo de chuvas torrenciais, mesmo tendo sido televisionada.

Outra inovação foi a criação do Conselho de Planejamento, formado pelo último presidente, outros 2 ex-presidentes e mais 2 convidados, renomados criadores, para que se possa dar sequência e continuidade aos projetos implantados na gestão anterior!

BeefPoint: Quais os principais planos para 2013-2014?

Alexandre Selistre: Crescer e mostrar a qualidade da raça cada vez mais. Para mais adiante, há inclusive o estudo de realizar a cobertura da pista do Freio de Ouro, para que tenhamos o palco que a raça e nosso público merecem.

BeefPoint: Qual seu recado para os produtores que querem iniciar uma associação ou participar de uma já existente?

Alexandre Selistre: A criação de uma associação de criadores é algo de muita responsabilidade, lida com muitas pessoas (criadores, simpatizantes e profissionais) ligados à raça em questão, mas também lida com valores que vão muito além do financeiro. Valores ético-morais, de brasilidade, mas sobretudo respeitando a Natureza.

Clique aqui para se inscrever no Workshop BeefPoint Associações de Pecuaristas.

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