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O congresso, a PAC e a agricultura – análise política

A agenda legislativa da 53ª Legislatura que se inicia no Parlamento brasileiro pesa sobre os ombros daqueles eleitos pelo povo. Já está instalado nas entranhas de qualquer debate que se venha travar a questão do desenvolvimento. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tomou conta do Governo Lula e do Parlamento, com o seu primeiro surto de "Ordem" e "Progresso".

A agenda legislativa da 53ª Legislatura que se inicia no Parlamento brasileiro pesa sobre os ombros daqueles eleitos pelo povo. Já está instalado nas entranhas de qualquer debate que se venha travar a questão do desenvolvimento. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tomou conta do Governo Lula e do Parlamento, com o seu primeiro surto de “Ordem” e “Progresso”.

Pois então, há que se estranhar, minimamente, que no exato momento em que nossos representantes enfrentam uma de suas maiores crises morais e de identidade política, as tão discutidas reformas política (a mãe de todas elas), a tributária, a do sistema financeiro, a previdenciária, a trabalhista, entre outras sejam novamente jogadas fora ou postas em segundo plano com repulsa em um ato de rejeição medíocre.

Não pretendo discorrer sobre a atual composição ou nível de representação do Congresso Nacional, mas como gostaria! Não posso, porém, me abster de uma simples e perplexa análise que o resultado das eleições de 2006 revelou: a inércia do povo brasileiro diante a banalização da política brasileira superou a natural vontade da sociedade em ver o Parlamento reaver suas funções básicas.

Não se verificou na anterior, como não se verificará na Legislatura atual, Poder que exercido por representantes eleitos pelo povo, que possa em algum momento – mesmo que remoto -desafogar o Poder Legislativo da sua condição submissa, constrangedora e vexatória permanente, em uma pseudo-defesa de bonitas siglas como PAC e em respeito a Augusto Comte.

Ilustrativamente é possível invocar fatos extraordinários em se tratando da política brasileira. Antes tivesse o Congresso suprimido, em 1892, tal lema e quiçá a “desordem” e o “retrocesso” fossem acontecimentos ordinários de ocorrência costumeira, cotidiana e figurasse explicitamente em nossa estonteante bandeira, retratando assim tão somente a realidade dos fatos.

A condição de jovem me permite, ainda, cometer algumas extravagâncias ortográficas; verborragia, diria um amigo. No entanto, eu preferiria não ser interpretado dessa maneira. Aliás, gostaria que todos os brasileiros pudessem readquirir sua juventude e que jovens como eu criassem algo novo no sentido de amadurecer nossas instituições caducas e limitadas.

Diante de todo esse processo de decomposição institucional e de futricas conspiratórias contra a esperança dos brasileiros não seria justo deixar de reconhecer nobres gestos que escapam à típica agenda do cenário político nacional.

A Bancada Ruralista da Câmara dos Deputados – a mais atuante, eficiente e consciente de seus deveres daquela Casa – na contramão da defesa de siglas de laboratório, até pelo setor não ter sido contemplado ou atendido diretamente, juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), identificou preliminarmente projetos no sentido de continuar a contribuir, incansavelmente, para o crescimento econômico brasileiro, driblando a indiferença do Palácio do Planalto com o setor.

Conheço muitos – senão a maioria – dos Deputados que lá se esforçam, militam e brigam em favor do nosso agronegócio. Conheço, igualmente, e não menos importante, os dirigentes e técnicos da CNA, que juntos demonstram a opção tomada nos primeiros meses deste ano. A opção aponta para a superação do modelo de “pacotões”, utilizados como barganha pelo executivo a fim de garantir a supremacia dos seus interesses no Parlamento.

Esse sopro de racionalidade é o exemplo de dignidade que o setor agrícola exige. É o grito que soa para não ser mais reconhecido como “chorão” ou “caloteiro”. É a expressão mais visível da fadiga de um sistema e de um conjunto de regras de comportamento. É o recado que entidades de classe, como a CNA, emitem e a tradução em gestos e atitudes dos políticos sérios que reconhecem a confiança dos votos neles depositados.

A conclusão é irresistível: a distância que separa a “Ordem” e o “Progresso” da “desordem” e do “retrocesso” é grosseira. Fica entre a imprevisibilidade, a incerteza e o arriscado e o Brasil agrícola que dá certo. Esse tratamento estilo “pacotão” enfraquece e empobrece o Congresso Nacional, a sociedade em geral e o fundamento de todo o conceito democrático.

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