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O Brasil precisa apostar mais na cria

O bezerro é um dos principais indicadores da pecuária de corte. É uma das moedas da pecuária. Uma grande produção de bezerros de qualidade é a base da atividade pecuária. Produzir bons bezerros não é fácil, nem barato.

A edição de outubro do CFM Infoma (informativo editado pela Agroécuária CFM) trouxe uma entrevista com o Diretor de Marketing da AgriPoint e coordenador do BeefPoint, Miguel da Rocha Cavalcanti, sobre Pecuária de Cria. Na entrevista ele fala sobre a importância e perspectivas para o setor e como o uso de tecnologia pode melhorar a produção e a rentabilidade do criador.

CFM Informa – Qual a importância da cria para o restante do ciclo de produção da pecuária de corte? Por quê?

Miguel da Rocha Cavalcanti – O bezerro é um dos principais indicadores da pecuária de corte. É uma das moedas da pecuária. Uma grande produção de bezerros de qualidade é a base da atividade pecuária.

Produzir bons bezerros não é fácil, nem barato. Outros países, enfrentaram sérias dificuldades na pecuária como um todo, quando a cria foi deixada de lado ou se tornou menos interessante economicamente. A Itália, por exemplo, quer importar bezerros em pé do Brasil. Lá, eles não têm competitividade ou possibilidade de produzir bezerros.

Não há carne sem boi, nem boi sem bezerro. Parece óbvio, mas a cria é a menos lembrada das atividades pecuárias.

CFM Informa – De que forma a cria influência o ciclo pecuário e porque o criador ainda é relutante no investimento em tecnologia para melhorar os resultados nesta fase?

Miguel da Rocha Cavalcanti – O elevado abate de matrizes nos últimos anos levou a uma menor oferta de bezerros hoje. Quando os preços do bezerro estavam muito baixos, o pecuarista teve que vender suas vacas para manter seu fluxo de caixa. Isso fez com que se produzisse mais carne no passado – oriunda do abate de matrizes e menos carne atualmente, pois há menos bezerros sendo produzidos hoje.

Acredito que a tecnificação da cria é o novo passo da pecuária de corte. É onde mais podemos ganhar em eficiência, em produtividade. O ganho de 1% em prenhez representa um ganho para o setor como um todo, maior do que o aumento de 1% no ganho de peso, por exemplo.

O aumento dos investimentos em tecnologias para a pecuária de cria vem com o aumento da percepção empresarial da pecuária. Temos mais produtores avaliando os resultados, medindo, calculando custos. E estudando alternativas. Soluções que garantem melhores e mais pesados bezerros ganham adesão.

CFM Informa – Qual o grau de importância da genética para o sucesso ou não da cria?

Miguel da Rocha Cavalcanti – A genética é uma das bases da cria. Ainda temos um mercado muito pouco desenvolvido para touros selecionados, provados como melhoradores. Uma estimativa simples mostra uma necessidade de mais de meio milhão de novos touros por ano, para reposição, na pecuária de corte. Produzimos muito menos do que isso.

A escolha de uma genética adaptada ao sistema de produção do criador e alinhada com seus objetivos produtivos, é fundamental para o sucesso da atividade. Escolher certo a genética para seu rebanho comercial pode te garantir, com o mesmo custo, mais peso, mais prenhezes, melhor conformação de carcaça.

Acredito que é possível avaliar a qualidade do trabalho de um pecuarista pelos critérios que ele usa para escolher seus touros. Pode ser mais ou menos embasado em resultados. Pode ser mais ou menos alinhado com o que ele pretende produzir. Escolher a melhor genética para seu sistema de produção pode acelerar muito seus resultados.

CFM Informa – No próximo dia 22 de outubro, o BeefPoint promoverá um workshop especial para debater temas relacionados à cria. O que vocês pretendem com essa iniciativa? Qual a finalidade da escolha do tema cria?

Miguel da Rocha Cavalcanti – Em julho deste ano, escrevi um primeiro artigo sobre pecuária de cria, falando sobre mercado. A repercussão foi muito boa. Entendemos que há uma grande necessidade dos criadores, produtores e técnicos por informação de qualidade, aplicável à realidade brasileira.

Nosso objetivo é reunir o que há mais atual, testado e comprovado no campo, que pode ajudar a melhorar a pecuária de cria no Brasil. Estamos muito satisfeitos com o programa que fechamos. O programa está muito completo, envolvendo produção, gerenciamento e mercado. Conseguimos reunir um time de palestrantes e temas que vão ajudar a produzir mais bezerros, melhores e mais pesados. Tudo isso com eficiência econômica.

CFM Informa – Qual sua expectativa para o evento? Que conselhos vocês daria para o criador que tem condições de melhorar seu lucro com a cria?

Miguel da Rocha Cavalcanti – Nossa expectativa é a melhor possível. Será um workshop com formato inovador. Um dia, com 18 palestras de 20 minutos cada, direto ao ponto. Além disso, pós-evento, iremos produzir um conjunto de 4 DVDs com todas as palestras, em vídeo. E no BeefPoint, teremos cada palestra em artigo, os slides para visualização e também os vídeos do evento. Esperamos cerca de 200 pessoas no próximo dia 22 de outubro, no Centro Imigrantes, em São Paulo (SP), mesmo local onde ocorre a Feicorte. O site do evento é www. beefpoint.com.br/cria2009. Aproveite e inscreva-se (ou compre o DVD).

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