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“O Brasil pode ficar para trás”, afirma Michael Porter

Para Michael Porter, maior especialista mundial em estratégia e competitividade, o Brasil e suas empresas só serão realmente fortes quando o governo deixar de representar um papel desastroso para a economia. Nunca houve um momento tão favorável para economias emergentes na história como o atual. Porém, o crescimento pode esconder fragilidades capazes de minar a prosperidade desses países nos próximos anos.

Para Michael Porter, maior especialista mundial em estratégia e competitividade, professor da Harvard Business School e diretor do ranking de competitividade das nações do Fórum Econômico Mundial, o Brasil e suas empresas só serão realmente fortes quando o governo deixar de representar um papel desastroso para a economia. Nunca houve um momento tão favorável para economias emergentes na história como o atual. Porém, o crescimento pode esconder fragilidades capazes de minar a prosperidade desses países nos próximos anos.

Porter explica que a competitividade é um conceito atemporal e se apoia em duas condições básicas, no caso dos países. “Em primeiro lugar, as empresas locais têm de conseguir competir em mercados globais. Ao mesmo tempo, o padrão de vida de seus habitantes tem de melhorar. Sem nenhuma dessas duas­ condições, o país não é competitivo. E somente o ganho de produtividade permite conciliá-las.”

Os mercados emergentes cresceram rapidamente e os países ricos não seguiram o mesmo ritmo de progresso. A globalização começou na década de 70 e os países ricos se deram bem no começo porque as nações emergentes eram ineficientes.

Ao mesmo tempo que as nações emergentes melhoraram, os países mais ricos passaram a enfrentar o envelhecimento da população — e o consequente aperto no orçamento, sobretudo nas áreas de saúde e previdência. A combinação dos dois fatores é um fenômeno relativamente novo no cenário mundial.

As economias emergentes, como o Brasil e alguns países da Ásia, beneficiaram-se de fatores como a explosão dos recursos naturais. A verdade é que a prosperidade que se vê muitas vezes não decorre do ganho de produtividade. Os países emergentes têm agora uma grande oportunidade.

Questionado sobre o modo que estão crescendo os países emergentes, Porter diz que alguns destes melhoraram fundamentos básicos, como educação, saúde e infraestrutura. Abriram seus mercados para investidores estrangeiros e criaram regras mais estáveis. A China segue uma estratégia clara, porém abusa de baixos salários e da intervenção excessiva do governo. Algumas dessas políticas funcionam no curto prazo, mas vão custar caro com o tempo. Esse cenário não vai permitir que a economia chinesa se torne vibrante no futuro.

Sobre os demais países emergentes, o que pode mais pode atrapalhar seu crescimento é o papel do governo, que, no Brasil, é um desastre. “O governo é muito burocrático. Os impostos são complexos e pesados. O Brasil tem muitos recursos, gente inovadora. Mas o peso do setor público atrasa o crescimento do país.” O professor condena duramente o papel do governo brasileiro na criação de um ambiente de negócios eficiente.

Ainda sobre o Brasil, comentando a menor atuação da indústria no PIB nacional, Porter diz que é a indústria que cria empregos, paga impostos e faz a economia crescer, e não o governo.

Sobre barreiras protecionistas no comércio internacional, o especialista diz que quando protegidos, os negócios locais não melhoram. Um dos casos raros em que o protecionismo resultou em melhora é o da Coreia, onde as companhias locais promovem um ambiente competitivo suficiente para gerar produtividade. No Japão, há evidência de maior sucesso em áreas não protegidas. E o desempenho de setores protegidos foi um fiasco.

Ainda, “a convivência sem barreiras pode ser produtiva para todos, a competitividade não é necessariamente um jogo de soma zero, em que um país ganha se o outro perde… todo país precisa ter multinacionais — tanto empresas de fora em seu território quanto empresas locais com presença internacional”.

Abordando a crise americana atual, Porter diz que a recuperação está muito lenta e que é preciso recuperar fundamentos como infraestrutura e educação bá­si­ca.

Fonte: Revista Exame, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Antonio Emílio Klébis disse:

    É preciso discordar do termo “desastroso” sobre a interferência do governo na economia brasileira, no texto do Sr. Porter. Temos assuntos espinhosos para tratar, como a proteção da industria nacional, o crescimento da entrada de dólares no País, e o principal, que é a participação do povo brasileiro nos benefícios da economia, e a distribuição da renda, o que não foi assegurado pelo pensamento Harvardiano da economia globalizada.

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