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O bem-estar do trabalhador (BET) é fundamental para preparar o nosso “homem do campo” – Iran Oliveira [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal -,  no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal. Além de palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em bem-estar no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint -, conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Iran José Oliveira da Silva, finalista na categoria Professor/Pesquisador Referência em Bem-estar Animal.

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Iran José Oliveira da Silva, 49 anos, engenheiro agrícola com mestrado e doutorado em engenharia agrícola na área de ambiência animal, conforto térmico, zootecnia de precisão e bem-estar de animais de produção. É professor associado da ESALQ/USP, em Piracicaba, onde leciona há 27 anos e desenvolve pesquisas com bem-estar de animais de produção. Também coordena o Núcleo de Pesquisa em Ambiência – NUPEA, que atua na formação de recursos humanos e pesquisa na área correlata.

Atualmente, orienta uma equipe de 15 profissionais, entre médicos veterinários, zootecnistas, engenheiros agrônomos e agrícolas, além de estudantes de zootecnia e engenharia agronômica da ESALQ e de outras Universidades da região, em diferentes níveis – desde pós-doutorado à estágios de conclusão de curso.

Enfim, Iran é um profissional comum, que vive da sua profissão, aprendendo e ensinando, sempre focado no bem-estar de animais de produção e sem esquecer o setor produtivo.

BeefPoint: Com base em suas pesquisas, o que você implementou de diferente na pecuária brasileira e no quesito bem-estar animal, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Bem-estar Animal? 

Iran Oliveira: Na verdade nosso trabalho é dedicado ao bem-estar dos animais de produção de uma maneira geral, nas diferentes cadeias, principalmente bovinocultura, avicultura e suinocultura. Além das pesquisas direcionadas a melhoria do bem-estar dos animais, tentamos aproximar a teoria da prática, que é o que realmente podemos fazer para que o produtor possa gradativamente agregar manejos e pequenas modificações em seu dia a dia, em prol das melhorias no bem-estar dos animais. Vamos a campo!

Observamos a realidade, depois a equipe se reúne e confronta as exigências de mercado, seja ele internacional ou nacional, as exigências em relação à produção de alimentos éticos e aí tentamos associar as possíveis soluções para o nosso produtor.

Além dessas questões de pesquisas diretamente relacionadas aos problemas da realidade brasileira, atuamos na formação. Acreditamos que para mudar é preciso mudar as mentalidades e tudo é uma questão cultural, que não se modifica de uma hora para outra.

Assim, precisamos preparar o nosso “homem do campo”. E quando falamos nisso, ressaltamos os treinamentos técnicos nas fazendas, nas empresas, nas diretorias e nas presidências. Trata-se de uma mudança em toda a hierarquia da empresa. Sendo assim, a elaboração de manuais numa linguagem clara, exemplos de situações de campo, treinamento direto na produção sem esquecer o bem-estar do trabalhador (BET) como elemento fundamental dessa etapa.

Nesse sentido nosso trabalho fundamental é formação e treinamento, apoiado nos resultados das pesquisas desenvolvidas pela equipe e por outros colegas.

Acreditamos também, que treinar os futuros profissionais de campo é fundamental para termos um alicerce forte no futuro, pois hoje deparamos ainda com uma geração resistente as medidas do bem-estar animal.

Lembre-se, precisamos formar profissionais mais preparados para essas mudanças e com pensamentos mais arrojados em relação ao tema. Essa é nossa missão.

BeefPoint: Na sua opinião, o que pode ser feito para diminuir a distância da pesquisa com a prática vivenciada no campo?

Iran Oliveira: É fundamental que as pesquisas sejam elaboradas visando à realidade do nosso pecuarista. Não dá para pesquisarmos “sexo de anjos”. Quais são os problemas enfrentados pelo nosso produtor frente às exigências de mercado? O que pode ser melhorado e como se pode melhorar? Quando o produtor percebe que estamos tentando solucionar um problema real, essa veracidade ganha força e credibilidade, e as distâncias passa a ser menores.

Além disso, é necessário divulgação, uma vez que a mídia é importante para que o setor produtivo veja quem faz e os resultados que são obtidos. É importante que as empresas rurais se abram para as pesquisas de campo, estudos de casos específicos, ou seja, é importante reduzir a resistência.

O tema bem-estar animal é um assunto crescente, é um caminho sem volta, a população aos poucos esta cada vez mais consciente disso. Porém, é um trabalho de equipe e de união!

BeefPoint: O que você faz para difundir suas pesquisas para os pecuaristas? O que ainda pode ser feito?

Iran Oliveira: Nosso trabalho de difusão de tecnologia envolve os artigos em revistas de circulação nacional, sites do agronegócio de maneira geral, por meio de palestras, treinamentos para funcionários rurais, cursos de curta duração para técnicos e profissionais.

Acreditamos que muito tem que se fazer ainda: por exemplo, cada canal de divulgação técnica (seja nas áreas de nutrição, genética, equipamentos, etc) deveriam abrir um link para o bem-estar animal.

Além do mais, as redes de distribuição de proteína animal de maneira geral deveriam divulgar o tema; inclusive realizando um marketing do próprio produto.

Hoje vemos tantas propagandas falando  “nossa carne não tem hormônios”, e poderiam muito bem se fosse real dizer: “nossa carne é produzida de animais que são criados em condições de bem-estar”, ou “para produzir a nossa carne zelamos pelo bem-estar dos nossos animais”.

Percebemos que são pequenos gestos e atitudes que aos poucos poderemos conscientizar os produtores, funcionários, técnicos e a população de que é importante zelarmos pelo bem-estar dos nossos animais de produção também. Digo isso, porque quando se fala em animais de companhia o discurso ainda é melhor.

BeefPoint: Quais suas linhas de pesquisa? O que lhe traz mais resultados?

Iran Oliveira: Nossa equipe atua nas três cadeias de produção bovinocultura, avicultura e suinocultura. Para cada cadeia produtiva temos muito bons resultados.

Na bovinocultura, hoje estamos equacionando os investimentos em bem-estar animal (BEA) e o seu retorno em relação ao nível de produção. Nem sempre os maiores produtores têm o melhor BEA e muitas vezes para se atingir patamares aceitáveis de BEA pequenas mudanças melhorariam muito e a um custo baixo.

Por outro lado também, nem sempre propriedades pequenas, ou pequenas produções proporcionam maior facilidade para uma melhor classificação quanto ao BEA. Esses aspectos intrigam todo o setor produtivo e o levantamento de diferentes cenários e propostas tecnicamente viáveis se fazem necessárias. Assim, esse é um dos caminhos que estamos seguindo!

Outro aspecto bastante importante é que não adianta falar de BEA se o trabalhador não tem o seu bem-estar assegurado. As relações entre o BEA e BET são fundamentais para um bom desempenho de qualquer programa a ser implantado nas empresas.

Esses resultados ressaltam a importância do investimento nos recursos humanos e na valorização desse parceiro, no processo produtivo. Estamos trabalhando na avaliação do reflexo das melhorias no BET e seus efeitos na adoção de BEA nas propriedades rurais e precisamos envolver todos nesse processo.

Ainda na linha com a bovinocultura, temos desde estudos relacionados a sombreamento em campo para melhorar as condições de conforto à manejos racionais.

BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

Iran Oliveira: Ainda existe resistência, mas aos poucos as novas técnicas focadas no manejo racional vão ganhando credibilidade, à medida que alguns pecuaristas relatam suas experiências positivas.

Por isso é que acreditamos na necessidade de divulgação, o que de certa forma é bom e funciona. Além do mais, a troca de experiências é fundamental.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Iran Oliveira: Erramos muito, mas na verdade após os erros sempre vem os acertos. Um dos erros que relatamos está diretamente relacionado com a inclusão de todos os atores no processo produtivo, falo isso pensando nos funcionários.

Certa vez, fomos dar um treinamento em uma propriedade, no qual falamos de bem-estar dos animais, dos cuidados, dos manejos, das necessidades de mudança e na melhoria de todo o rebanho, de repente um funcionário interpelou a apresentação e disse:

“Doutor esses animais são mais bem tratados que a gente… eles comem do bem e do melhor, tem todos os cuidados… lá em casa a gente não tem isso não…”

Essa atitude nos fez refletir que o caminho que estávamos tomando era equivocado, e a partir daquele momento a equipe toda começou a discutir as melhorias do bem-estar do trabalhador para atingirmos os melhores resultados com o bem-estar dos animais.

São situações que parecem obvias, porém, no contexto de campo é fundamental termos esses parceiros do nosso lado e satisfeitos com o trabalho que realizam pois caso contrário, torna-se impossível implantarmos qualquer melhorias nos manejos visando o bem-estar dos animais.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje? 

Iran Oliveira: Em minha opinião ainda precisamos profissionalizar. Não dá para tratarmos a produção animal com amadorismo. Muitas ações têm melhorado os sistemas produtivos sem dúvida nenhuma. Somos um dos maiores produtores de proteína animal do planeta e justamente por isso precisamos nos profissionalizar cada vez mais e atender todas as exigências do pecuarista e observar as demandas do mercado.

Além do mais, é importante pensarmos na sustentabilidade e em um sistema de produção ético.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

Iran Oliveira: Durante o ano de 2014 até meados de 2015 estarei como professor visitante no Centro Campbell de Bem-estar Animal, na Universidade de Guelph, no Canadá.

Nosso objetivo é aprimorar os nossos conhecimentos de forma a contribuir com o pecuarista brasileiro, com inovações e tecnologias que possam ser adaptadas a nossa realidade.

Digo isso, pois também precisamos ter os pés no chão, visando tecnologias que realmente possam ser aplicadas em nossa escala de produção, com a diversidade espacial do nosso país.

BeefPoint: Qual o maior exemplo de professor/pesquisador que trabalha com bem-estar animal? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Iran Oliveira: Eu particularmente gosto muito e admiro o trabalho do professor Mateus Paranhos da Costa, pois faz um trabalho direcionado ao pecuarista.

Pois, afinal de contas, nós precisamos de mais professores que atuem nas diferentes cadeias, associando os problemas do produtor com o sistema produtivo e visando o bem-estar dos animais.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas? 

Iran Oliveira: Observem os resultados, observem as respostas positivas, pensem na qualidade do produto final, na diferenciação da sua produção e o que vocês podem ganhar com isso, em curto, médio e longo prazo.

Lembre-se, não se resolve nada do dia para a noite, mas pequenas ações podem apresentar grande resultados.

Além do mais, não adianta falarmos de BEA se não pensarmos nos parceiros de sua propriedade, seus funcionários – pois é um trabalho conjunto.

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