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“O bem-estar animal já é uma preocupação de consumidores que buscam qualidade e não preço” – José Rodolfo Ciocca [Prêmio BeefPoint Bem-estar Animal]

BeefPoint realizará um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal – no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento terá a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal, também terá palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais irão compartilhar casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizaremos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que irá homenagear pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em BEA no Brasil.

O público escolherá por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint – conhecer melhor os indicados, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça José Rodolfo Panim Ciocca, finalista na categoria Profissional Referência em Bem-estar Animal.

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José Rodolfo Panim Ciocca, nascido em São José do Rio Preto/SP é formado em Zootecnia na Unesp – Campus de Jaboticabal/SP, cuja paixão pelo bem-estar aconteceu desde o primeiro ano da faculdade, onde trabalhou com bem-estar animal em bovinos e posteriormente em suínos, onde estagiou na Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia/SC e no Agriculture and AgriFood Canadá, em Lenoxville, com foco também em qualidade da carne. Em 2008 dedicou-se bastante na área de manejo pré-abate e abate de aves, o que fez com que José Rodolfo – hoje – ser um especialista em bem-estar  animal em 3 espécies.

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Conheceu sua esposa em Chapecó por intermédio de uma amiga que fez em um treinamento em um frigorífico no oeste de Santa Catarina. Depois de 2 meses após se conhecerem e não terem tido mais contato, José Rodolfo foi ministrar um treinamento em Itapiranga/SC. No primeiro dia do treinamento não pode acreditar que lá estava ela, pois também trabalhava na área (Coordernadora de garantia da qualidade). Hoje eles tem um filho de 3 anos que por ironia do destino adora animais! Por sua vez, José Rodolfo adora mostrar a ele o quanto a interação gera respostas interessantíssimas no comportamento dos animais e o quanto é importante respeitá-los.

BeefPoint: O que você implementou de diferente no trabalho de difusão dos conceitos em bem-estar animal – de forma técnica? 

José Rodolfo Ciocca: Quando iniciei o trabalho com bem-estar no pré-abate e abate, no Grupo ETCO, em 2004, muito do que falávamos nas coletas de dados e nos treinamentos às pessoas e aos frigoríficos era visto como loucura e muitas vezes motivo de piada. Porém, sabíamos à fundo do que estávamos disseminando e que a informação era de extrema importância à cadeia da pecuária, gerando inúmeros benefícios aos animais e às pessoas. Afinal, bem-estar é uma ciência. Assim, no período em que estive no Grupo ETCO foi possível desenvolver diversos trabalhos mostrando ao público a necessidade da prática na rotina, inclusive um dos meios utilizados foi o BeefPoint, com publicações na área de manejo racional.

Em 2008, após entrar na WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal, desenvolvemos os livros e DVDs de bem-estar durante o pré-abate e abate pois, acreditamos que podemos mover o mundo em prol dos animais e que isso gera um benefício grande para toda a cadeia. Desde 2009 até este ano já capacitamos mais de 7 mil funcionários, desde manejadores até fiscais federais agropecuários (FFAs) e gerentes, em mais de 300 frigoríficos no Brasil e na América Latina, beneficiando diretamente mais de 5 bilhões de animais.

A parceria com o MAPA visando capacitar 100% dos FFAs ajudou muito na harmonização dos critérios de bem-estar entre a indústria e a fiscalização, sendo que hoje podemos dizer que somos muito mais fortes e preparados na implantação das boas práticas de bem-estar animal.

BeefPoint: Qual a aceitabilidade dos pecuaristas quanto a adoção de novas técnicas de manejo em suas propriedades, principalmente as focadas no manejo racional?

José Rodolfo Ciocca: Posso dizer que a aceitabilidade no frigorífico foi menos complexa comparado com a aceitação no campo pois, no frigorífico visualizamos o resultado de todo bem-estar do animal durante a vida do animal, principalmente durante suas últimas 36 horas. De 2004 para os dias de hoje, muito já mudou sobre o tema e acredito que o primeiro passo foi dado na sensibilização daqueles envolvidos na cadeia e já migramos para o processo de aceitação e implantação. Mas, sabemos que a mudança e a melhor interação entre homem-animal é um processo longo pois, nossa cultura e religião não considera os animais serem sencientes e que estes devem ser utilizados para saciar os prazeres e servir ao homem.

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BeefPoint: Quais as técnicas e argumentos você utiliza para convencer o seu cliente que o bem-estar animal é algo que faz a diferença em todo o ciclo da cadeia produtiva da carne?

José Rodolfo Ciocca: O tempo me fez perceber que apenas o primeiro argumento abaixo não era suficiente para convencer a mudança necessária. Portanto, hoje utilizo diversos argumentos, dentre eles os mais fortes são:

  1. Os animais são seres sencientes: a ciência do bem-estar vem demonstrando cada dia o quanto é real a capacidade dos animais de terem sentimentos e sentirem emoções para responder e interagir com o ambiente e aqueles que os cercam.
  2. Leis e recomendações: outro grande motivo para cumprirmos os padrões de bem-estar dos animais são as exigências legais sendo estas internacionais, como legislações europeias ou nacionais, como diversas legislações vigentes que temos no Brasil. Um exemplo é a Instrução Normativa n. 3 que regulamenta o abate humanitário no Brasil. Mesmo se não houvesse uma legislação específica, devemos lembrar que o Brasil e diversos outros países na América Latina são signatários da OIE, ou seja, devem seguir seus padrões de bem-estar animal.
  3. Mercado consumidor: cada vez mais os consumidores estão exigindo maior qualidade nos produtos que consomem pois, a informação hoje chega em uma velocidade muito diferente do que antigamente devido a internet e às redes sociais. E a exigência não está mais ligada apenas a qualidade intrínseca da carne e sim na forma como ela foi produzida, ou seja, foi necessário desmatar para criar os animais, se houve trabalho escravo ou infantil e como os animais foram manejados na fazenda, transportados e abatidos, se houve sofrimento, etc. Isso é o que se denomina qualidade ética. E o bem-estar já é uma preocupação de consumidores que buscam qualidade e não preço, sendo que já está bastante consolidado em países como Inglaterra e esse perfil de consumidor está em constante crescimento no Brasil.
  4. Certificações e mercados: e para garantir aos consumidores que o produto de fato seguiu com os protocolos de bem-estar, empresas alimentícias e redes de supermercados certificam seus produtos tornando-os mais claros para aqueles que procuram. Devemos ter em mente que bem-estar não é nicho de mercado, nem barreira comercial! É apenas nosso dever tratar os animais de forma adequada, com respeito.

BeefPoint: Qual o perfil de pecuarista que procura pelo seu serviço?

José Rodolfo Ciocca: Normalmente o perfil daqueles que prezam pelo bem-estar dos animais são pessoas e empresas que buscam se atualizar e melhorar seus processos.

BeefPoint: Como você descreveria sua linha de trabalho? Como o bem-estar se integra nisso? O que vem lhe trazendo mais resultados? 

José Rodolfo Ciocca: Na verdade o bem-estar é a base do meu trabalho na WSPA. Buscamos mostrar às pessoas o quanto tratar bem os animais pode beneficiar a todos, desde os animais até o consumidor. Iniciamos o trabalho pelo caminho inverso (do final da cadeia para o início) pois acreditamos que desta maneira a conscientização da necessidade de implantar boas práticas de bem-estar são mais fáceis.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

José Rodolfo Ciocca: Não sei se denominaria como erros ou diferentes estratégias que utilizamos para mostrar às pessoas a importância do bem-estar na cadeia. Tenho certeza de que muitos erros foram cometidos ao longo do tempo porém não saberia dizer exatamente qual foi, pois diversas estratégias são utilizadas ao mesmo tempo. Assim, posso dizer que um erro que cometo é buscar convencer o produtor ou a indústria da importância em atender o bem-estar pelo mercado ou pelas perdas econômicas ao invés da senciência. Porém, ao mesmo tempo vejo que este, por enquanto e infelizmente, é um erro ou uma estratégia necessária.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade no setor você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando inovar?

José Rodolfo Ciocca: Ao meu ver esta sendo o grupo de trabalho da pecuária sustentável – GTPS que visa tornar a pecuária mais sustentável por meio da elaboração de guias de boas práticas de produção. Essa deve ser uma iniciativa a ser levada a sério por todos pois, envolve todas as etapas e players de toda a cadeia, governo, ONGs, indústria, retailers, entre outros.

Assim, vejo que por ser um sistema diferente da integração, que é o caso de suínos e aves, ou seja, mais independente, necessita de maior esforço na união de todos em busca de melhorias e devemos reconhecer que a pecuária ainda é desunida, tanto por parte dos produtores quanto das indústrias.

BeefPoint: Quais seus planos em 2014?

José Rodolfo Ciocca: Ampliar todo o trabalho de capacitação em bem-estar animal que realizamos na WSPA de forma a atingir mais pessoas em todas as regiões no Brasil e em toda a América Latina e expandir nosso trabalho para o transporte.

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BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária brasileira hoje?

José Rodolfo Ciocca: Torna-la cada dia mais sustentável e clara ao consumidor. E quando falamos de sustentabilidade, o bem-estar está diretamente inserido.

BeefPoint: Qual o exemplo de profissional dessa área você mais admira?

José Rodolfo Ciocca: São inúmeros profissionais que admiro. Porém, não posso deixar de citar três que foram grandes pessoas que me inspirei pela competência, conhecimento e dedicação aos animais: Charli Ludtke, Mateus Paranhos da Costa e Osmar Dalla Costa (Embrapa Suínos e Aves). Só tenho a agradecê-los pelo excelente trabalho que realizam pelo bem-estar dos animais!

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

José Rodolfo Ciocca: Pensem primeiro no bem-estar e na capacidade que os animais tem de sentir ao invés de pensar primeiro nas consequências negativas que o mal manejo gera. Se manejamos e cuidamos bem do animal, em favor do seu comportamento, as consequências positivas se tornarão um resultado natural. A nossa atitude frente aos animais faz toda a diferença.

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