“O pecuarista deve ficar mais próximo, motivar e sempre valorizar sua equipe” – Carmen Perez
14 de maio de 2014
Atacado – 13-05-14
14 de maio de 2014

“O bem estar-animal bem praticado nos traz benefícios financeiros e humanitários” – Epaminondas de Andrade

BeefPoint realizou um grande evento – BeefSummit Bem-estar Animal – no dia 8 de maio de 2014, no Centro de Convenções do Ribeirão Shopping, na cidade de Ribeirão Preto/SP.

O evento teve a participação especial de Temple Grandin – pesquisadora que é referência mundial em bem-estar animal, também teve palestras inovadoras, com o Prof. Mateus Paranhos da Costa e pecuaristas que são referência nas práticas de bem-estar animal no Brasil.

Estes profissionais compartilharam casos de sucesso e aprendizados nesta área que cresce, a cada dia, dentro da cadeia produtiva da carne. E para fechar o dia com chave de ouro realizamos a entrega do Prêmio BeefPoint 2014 – Edição Bem-estar Animal, que homenageou pecuaristas, profissionais, vaqueiros e pesquisadores que são referência em BEA no Brasil.

O público escolheu por meio de votação online, o vencedor de cada categoria. Assim, para você – leitor BeefPoint – conhecer melhor os finalistas desse prêmio, nós preparamos uma entrevista com cada um deles!

Conheça Epaminondas de Andrade, finalista na categoria Produtor Referência em Bem-estar Animal e palestrante do evento.

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BeefPoint: Por favor, conte sobre o trabalho que vem desenvolvendo na área de bovinocultura de corte e bem-estar animal na sua propriedade.

Epaminondas de Andrade: Junto com meus filhos Ricardo José e Paulo Henrique trabalhamos na pecuária de corte, com ênfase no melhoramento genético da raça Nelore utilizando o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), sendo que em 2015 faremos 40 anos de seleção. Sempre fomos preocupados com o respeito aos animais. Há quase 30 anos abolimos o ferrão e a gritaria com o gado, sendo que nos últimos tempos aumentamos a atenção para o “chamado bem-estar animal”.

BeefPoint: Quais técnicas/práticas você desempenha em sua fazenda que resultou em bons resultados, quando o tema é bem-estar animal?

Epaminondas de Andrade:  Tenho uma significativa preocupação com o que está a minha volta, minha fazenda é bastante sombreada bastante arborizada, as minhas pastagens são bem divididas, possuem no máximo 20 hectares,  meu curral é adaptado para dar uma comodidade mínima aos animais, tenho piquetes em volta, não gritamos com os animais, não os estressamos.

Também utilizo um programa de correção de solo e pastagens que melhora a qualidade das mesmas, melhorando assim o alimento que chega aos animais, pois isso tudo é bem-estar animal, também estou elaborando um projeto para que consiga levar água potável para todos os animais em todos os pastos, para que eles possam beber agua de qualidade, para isso estou fazendo um grande investimento e sei que isso me trará  um bom retorno.

O bem estar animal bem praticado nos traz benefícios financeiros e humanitários, nós tínhamos uma mortalidade de bezerros de 4 a 5% e hoje conseguimos reduzir para 2%, o que é muito significativo, é dinheiro no bolso.

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BeefPoint: Conte pra nós qual a aceitabilidade de sua equipe quanto às técnicas de bem-estar animal? Como é feito o treinamento de seus funcionários?

Epaminondas de Andrade:  Há muitos anos em minha fazenda praticava algumas técnicas de manejo racional, mas com a chegada do Professor Mateus pude usar tecnologias que facilitam o manejo, o treinamento foi muito importante pra minha equipe. Mas o maior desafio foi há 30 anos, quando comecei com as práticas de manejo racional – tive até vaqueiros que pediram demissão- mas hoje todos já estão acostumados e já gostam de trabalhar assim. Mas é preciso fazer treinamentos de reciclagem e avançar ainda mais nesta área.

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BeefPoint: Por que decidiu adotar medidas de bem-estar animal em sua propriedade? Teve o apoio de alguma empresa e/ou profissional da área?

Epaminondas de Andrade: Porque percebia nitidamente que era desnecessário tratar mal aqueles animais que iriam só nos trazer benefícios. Ou seja, nós vivemos desses animais por que então não podemos tratá-los bem?

Qualquer investimento em manejo racional gera retorno financeiro para o pecuarista então não tive dúvidas que seria bom, apenas o fiz.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Epaminondas de Andrade: Antigamente trabalhava com lotes muito grandes no curral e os animais ficavam estressados, hoje em dia aprendi a trabalhar com lotes bem menores.

BeefPoint: Qual inovação e/ou novidade no setor você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando inovar?

Epaminondas de Andrade: Precisamos divulgar mais o bem-estar animal para que todos pensem assim, e isso será bom para o Brasil, devemos estimular mais as autoridades a buscar ferramentas que incentivem os pecuaristas a praticar o manejo racional e é preciso mostrar o retorno econômico que essas práticas nos trazem.

O maior gargalo da pecuária é a rentabilidade que só podemos aumentar com o aumento da produtividade e o bem-estar animal é uma ótima ferramenta para o aumento da produtividade.  Podemos duplicar a produção de arrobas por hectare com o uso de várias técnicas, inclusive a do bem estar animal. E assim, seremos mais competitivos.

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BeefPoint: Quais seus planos para 2014?

Epaminondas de Andrade: Hoje produzo 10 a 12 arrobas por hectare, pretendo produzir até o final de 2015  15 arrobas por hectare, irei atender essa meta com o uso de água de qualidade, com maior fertilidade do solo, com melhorias no manejo dos animais e com o aumento da suplementação do rebanho.

BeefPoint: Quem você admira na pecuária brasileira?

Epaminondas de Andrade: Admiro os médicos veterinários André Carreira, representante da Lagoa da Serra, Fernando Galvani, especialista na área de andrologia e também o Eduardo Pentado Cardoso, da Fazenda Mundo Novo que tem um caráter a toda prova e é um profissional muito ético.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Epaminondas de Andrade: Acreditem e utilizem mais as tecnologias que estão disponíveis no Brasil para que possamos mudar o patamar da rentabilidade da pecuária e que possamos ter bom retorno financeiro com a atividade.

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