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Nutrição pré e pós-parto e eficiência reprodutiva em bovinos

A nutrição é a variável relacionada à produção animal que mais interfere na Eficiência Reprodutiva dos rebanhos, em qualquer sistema de produção. Analisando os aspectos nutricionais de uma forma geral, estes podem influenciar a reprodução de fêmeas e machos bovinos em diferentes períodos de sua existência.

A nutrição é a variável relacionada à produção animal que mais interfere na Eficiência Reprodutiva dos rebanhos, em qualquer sistema de produção. Analisando os aspectos nutricionais de uma forma geral, estes podem influenciar a reprodução de fêmeas e machos bovinos em diferentes períodos de sua existência.

Existem efeitos que se manifestam tardiamente e por longos períodos. Estes geralmente não são percebidos pelo Criador, que raramente associa problemas reprodutivos nos animais adultos ao esquema de criação dos mesmos. Esta situação pode ser evidenciada pelos efeitos que a nutrição antes da puberdade, na fase de cria e recria, pode exercer sobre a performance reprodutiva futura. Nestes períodos, problemas relacionados à desnutrição e mesmo ao excesso de fornecimento de alguns nutrientes, como atualmente podemos observar em alguns criatórios de “Gado Elite” são responsáveis por problemas reprodutivos nos animais na idade adulta, as vezes anos após um sistema de cria e recria inadequados.

Efeitos da nutrição sobre a reprodução mais aparentes e que são constados com maior freqüência são aqueles impostos aos animais já em idade reprodutiva.

Atraso no início da vida reprodutiva (puberdade), ou mesmo no reinicio de atividade reprodutiva pós-parto, falha de fertilidade (dificuldade de concepção), aumento de ocorrência de patologias e outras situações são tradicionalmente relacionadas a problemas nutricionais, por técnicos e inclusive pelos criadores. Outros como a manifestação de cio, o desenvolvimento folicular, qualidade dos gametas, taxa de ovulação, ambiente uterino, desenvolvimento do embrião, manutenção da gestação, são de igual importância, porém menos perceptíveis.

O principal problema que se observa neste contexto é a dificuldade de se estabelecer a relação específica entre um distúrbio nutricional, num determinado momento da vida produtiva-reprodutiva de uma fêmea ou mesmo de um lote de fêmeas e as falhas na eficiência reprodutiva decorrentes exatamente deste problema nutricional.
Vamos nos concentrar em discutir os aspectos nutricionais de uma forma generalizada em dois períodos específicos, o pré e pós-parto e os problemas reprodutivos que serão observados se houver algum distúrbio num ou em ambos os períodos.

Um trabalho relativamente antigo, mas muito importante, revelou a mais de 40 anos esta importante relação entre a nutrição pré e pós-parto sobre a performance reprodutiva de fêmeas bovinas (tabela 1).

Este trabalho dividiu as fêmeas em quatro grupos e es dois padrões nutricionais distintos pré e pós-parto, considerados bons e ruins. Estas fêmeas foram observadas em cio após o parto e inseminadas. No padrão ruim as fêmeas receberam cerca de apenas 50% do requerimento nutricional de NDT cada período. Dois indicadores de performance reprodutiva foram avaliados. O número de vacas em atividade reprodutiva até 60 dias pós-parto e o percentual de fêmeas gestantes após uma única inseminação. Passamos a discutir aspectos práticos dos animais em cada grupo

Grupo 1: Estes animais tiveram nutrição adequada antes e após o parto. Se imaginarmos esta situação na prática, vamos visualizar um lote de fêmeas que chegaram ao parto numa boa condição corporal e que não perderam muito peso após o parto. No experimento em questão, neste lote de animais 80% das fêmeas já tinham entrado em cio até 60 dias após o parto, e destas que foram inseminadas, 67% ficaram gestantes na primeira inseminação. Isto fornece uma situação onde mais de 53% das fêmeas já estavam gestantes aos 60 dias após o parto. Uma eficiência excelente para qualquer sistema de produção.

Tabela 1. Influência da nutrição pré e pós-parto sobre a performance reprodutiva de fêmeas bovinas.


Grupo 2: Os animais do Grupo 2 foram mal alimentados antes do parto, porém receberam nutrição adequada, como o Grupo 1, após o parto. Ao imaginarmos novamente um lote de vacas nesta situação vamos nos deparar com animais que chegaram ao parto numa condição corporal ruim, porém que não perderam muito mais peso após o parto. O principal problema reprodutivo deste grupo está relacionado á demora no retorno a atividade reprodutiva após o parto. Apenas 45% das fêmeas já tinham sido observadas em cio até 60 dias após o parto. Porém deste pequeno número de vacas em cio e inseminadas um percentual bom (65%) ficou gestante nesta 1ª Inseminação. Isto leva a um total de menos de 30% de vacas gestantes até os 60 dias pós-parto.

Figura 1: Vacas bem alimentadas pós-parto têm melhor fertilidade


Grupo 3: Estes animais também tiveram, como no Grupo 1, uma boa nutrição pré-parto, porém não tiveram alimentação adequada após o parto. Ao novamente transportarmos esta condição para uma situação real, de rebanho na prática, constataríamos um lote de animais que chegaram ao parto numa boa condição corporal porém perderam muito peso após o parto. Uma propriedade com animais gordos no pré-parto porém com vacas muito magras com bezerro ao pé. Neste grupo uma boa quantidade de vacas entrou em cio rapidamente (81%) porém ao serem inseminadas, poucas ficaram gestantes (42%). Isto leva a um total de vacas gestantes até os 60 dias pós-parto de apenas 34%.

Grupo 4: Os animais deste grupo tiveram nutrição deficiente antes e após o parto. Num paralelo com uma situação de rebanho, seriam vacas que pariram em condição corporal ruim e ainda emagreceram muito mais após o parto. Nos índices reprodutivos a resposta foi intensa. Apenas 17% de vacas em cio até 60 dias após o parto e destas apenas 33% gestantes na 1ª inseminação. Isto leva a apenas menos de 6% de vacas gestantes até 60 dias pós-parto. Desgraça total.

Analisando os resultados de uma forma geral, a tabela está mostrando que os animais que receberam uma boa dieta pré-parto (grupos 1 e 3), manifestaram estro mais precocemente, ou seja, apresentaram um menor período parto-1º cio. Pode-se concluir também que os animais com boa nutrição pós-parto (grupos 1 e 2), independente da nutrição pré-parto, apresentaram boa fertilidade, mensurada pela taxa de prenhez ao primeiro serviço. Já os animais que não foram bem alimentados após o parto (grupos 3 e 4), exibiram fertilidade inferior.

Os resultados mostram também uma influência marcante do nível nutricional pré-parto sobre a duração do período de anestro pós-parto, enquanto a nutrição pós-parto está intimamente relacionada com a fertilidade do animal.

Figura 2: Vacas pré-parto com condição corporal ruim têm maior período de anestro pós-parto.


Uma das formas mais básicas de se avaliar o “status” nutricional do animal seria pela mensuração do escore de condição corporal (ECC). As variações do ECC mostram em aspectos gerais como anda a nutrição de um lote de animais e também de cada indivíduo. A avaliação sistemática desta variável é muito importante no manejo de fêmeas bovinas.

Quando o problema num determinado rebanho está relacionado ao anestro, ou falta de cios, vale considerar a situação de escore corporal pré-parto. Muito provavelmente, se esta condição de anestro é generalizada, está relacionada a nutrição deficiente pré-parto.

Se as repetições excessivas de cio, após coberturas ou inseminações é o que está ocorrendo, além de outros problemas, podem estar relacionadas à nutrição pós-parto. Se os animais perderam muita condição deste o parto, sem dúvida a nutrição após este evento está relacionada ao problema reprodutivo destes animais.

0 Comments

  1. Aluisio de Alencastro Filho disse:

    Há muitos anos nós das ciências agrárias que mexemos com bovinos de corte e de leite temos que nos preocupar com escore corporal das fêmeas que estão aptas para se reproduzirem, pois animais com escore muito baixo não reproduzem, e animais muito gordos têm dificuldade no parto.

    Sendo assim, temos que cuidar da alimentação dos animais, principalmente das fêmeas que vão entrar na estação de monta e também as que depois que vão parir. Tomar cuidado para que ela não emagreça muito, para depois não retardar o início do cio. Por isso é de suma importância cuidar com a nutrição no pré e no pós parto.

  2. Valdir Chiogna Junior disse:

    Certamente este trabalho resume muito bem a situação da maioria das propriedades brasileiras, que na maioria das vezes invertem as bases essenciais da produção, e quando o resultado ruim chega, culpam, o touro, o inseminador, o sêmen. Ou seja, paga pelo preço da ineficiência quem tem menos culpa da situação.

    O produtor muitas vezes, gasta muito dinheiro com genética, quando muitas vezes não tem estrutura e reserva nutricional para que este projeto tenha sucesso e retorno econômico. E aí então que o problema aumenta, pois na ânsia de tentar melhorar os resultados, lança mão de armas certas mas na situação errada, e arrisca protocolos hormonais, manejo de bezerros, que certamente, não melhoram consideravelmente os índices para que se torne viável, e aí mais uma vez a culpa é dos protocolos. E nós, técnicos temos grande responsabilidade neste processo, e devemos sempre lembrar o produtor que a nutrição é a base para um sistema de produção eficiente.

  3. Brene Lester de Araujo ribeiro disse:

    Muito bom este Artigo , entretanto é um Artigo para discurção “abrangente”!!!

    Ats;

    Brene Lester

  4. Leandro Freitas disse:

    Leandro Freitas

    Este artigo resume a importância de se realizar uma alimentação adequada às fêmeas de corte para que se possa melhorar os índices produtivos da pecuária nacional e conseqüentemente aumentar taxa de desfrute nas propriedades rurais.

  5. Ewerton disse:

    Parabéns . Este artigo é muito importante para alertar produtores, de que o investimento em alimentação de boa qualidade, traz no futuro uma recompensa que é a diminuição com gastos em medicamentos para adiantar o retorno ao cio a aumentar a fertilidade. E ainda tem a vantagem de ter o bezerro antes do que iria ter se a matriz for mal alimentada. Também a desnutrição é relacionada com doenças metabólicas que levam a gastos com medicamentos e risco de perder a matriz.

  6. Ataliba Perina Bueno disse:

    Nunca esqueçer do período seco de 60 dias pré-parto, corrigindo a dieta alimentar no pré e pós-parto, visando melhorar as taxas de prenhez, principalmente em multíparas.

    Abraço.

  7. Epifanio Luiz Gonçalves disse:

    Em grande parte das propriedades brasileiras, o “gargalo” encontra-se nas primíparas, que em seu período de amamentação não tiveram uma suplementação alimentar balanceada (por exemplo: Creep Feeding, chegando ao desmame com maior peso), que no período pós desmama não tem acesso a boas pastagens, que no período que antecede a estação de monta não recebem qualquer atenção especial, entrando para o período reprodutivo em idade adequada, porém com ECC aquém do suficiente, para após o seu 1º parto não se “desmanchar”.

    Daí vem a pergunta: É mais econômico tratar uma bezerra, ou recuperar uma vaca?

    Espero ter contribuido.

    Abraço a todos.

  8. Wanderson Wilham Barbosa disse:

    Quando a vaca tem que comer o melhor pasto, antes ou depois do parto?

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