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Novo chanceler pode ser “construtor de pontes”

O novo chanceler, Carlos França, deverá ser um aliado menos controverso que Ernesto Araújo nas relações internacionais envolvendo o agronegócio. Amigo da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com quem mantém boa relação desde o início do governo, quando foram apresentados um ao outro, ele é visto pela ótica dos negociadores do agronegócio como um “construtor de pontes”, capaz de deixar a ideologia de lado e trabalhar com pragmatismo à frente do Itamaraty. 

A avaliação na diplomacia é que França vai manter os pilares da política externa aprovada nas urnas com a eleição de Bolsonaro, mas de maneira mais discreta e ponderada. “O diálogo pessoal vai facilitar muito essa relação. Vamos ter um aliado no Itamaraty pelo ativismo que ele terá na reconstrução de pontes atacadas com a China e com os Estados Unidos”, avaliou um diplomata que atua no agronegócio. 

A postura esperada de França pode beneficiar o setor simplesmente por evitar brigas com parceiros estratégicos – diferentemente do que fez o antecessor, Ernesto Araújo, sobretudo com a China. O aumento das exportações agrícolas para o país asiático nesse período, mesmo após ataques feitos ou apoiados por Araújo, são creditados ao trabalho de bombeiro de outros representantes do governo, como Tereza Cristina, e pelo pragmatismo de Pequim.

“Os chineses querem uma relação comercial azeitada com o Brasil para comprar commodities, pois não têm muito para onde correr”, afirmou Benedito Rosa, ex-secretário do Ministério da Agricultura. “Agora vai depender do novo ministro a consolidação de uma linha equilibrada e menos insana”, disse o deputado Fausto Pinato, coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China. 

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, disse que as relações exteriores do país nunca estiveram tão boas para os empresários rurais, e avalia como positiva a passagem de Araújo pelo Itamaraty. “Ruim não estava. Nunca se vendeu tanta soja e carne como agora. Se o mercado melhorar, não teremos como produzir para atender a demanda”, avaliou. 

A saída de Araújo do Ministério das Relações Exteriores soou como um alívio para desafogar a pressão sobre Tereza Cristina, que precisou agir diplomaticamente em diversas situações criadas pelo ex-colega. Essa atuação, confidenciou uma fonte, gerou incômodo no chanceler, que temia perder o posto no Itamaraty para a ministra, e afetou a relação. 

O ex-ministro, por exemplo, não conversava com o embaixador chinês Yang Wanming, com quem Tereza Cristina mantém boa relação. A ministra já parabenizou Carlos França pela indicação e disse que as duas Pastas têm muitos temas em comum a tratar. Um desejo é que o Departamento de Promoção do Agronegócio, criado na gestão de Ernesto Araújo, seja reforçado. 

Fonte: Valor Econômico.

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