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Novas estratégias de superovulação em zebuínos: parte 2

Dando continuidade ao artigo anterior (Novas estratégias de superovulação em zebuínos - Parte I) estaremos apresentado outras particularidades dos tratamentos superovulatórios em Zebuínos.

Dando continuidade ao artigo anterior (Novas estratégias de superovulação em zebuínos – Parte I) estaremos apresentado outras particularidades dos tratamentos superovulatórios em Zebuínos.

Sincronização da onda folicular: Progesterona injetável, realmente uma necessidade?

O artigo apresentado na parte-I (“Superovulation and embryo transfer in Bos indicus cattle” – Baruselli et al., 2006) discute que existe a necessidade de utilizar o estrógenos de rápida metabolização (ex: benzoato de estradiol – BE – 2mg,i.m.) associados ao uso da progesterona (P4) injetável na dose de 50mg (i.m.) no dia da inserção de dispositivos de progesterona/progestágenos para se obter melhor sincronização da emergência folicular.

Porém, achados mais recentes do mesmo grupo de pesquisa do Prof. Baruselli (Martins et al., 2006a), utilizando dispositivos intravaginais de progesterona (DIB®) e benzoato de estradiol (RIC BE®), indicam que não existe a necessidade de utilizar a progesterona injetável em associação ao estradiol no primeiro dia do protocolo hormonal mesmo em doadoras Nelore. Estes pesquisadores observaram que apesar da progesterona injetável realmente promover maior sincronização do momento da emergência folicular, o número de folículos ovulatórios (> 8mm) no momento da aplicação do LH (16 vs. 19), a taxa de ovulação (69% vs. 68%), o número de embriões transferíveis (6 vs. 7) e número de embriões degenerados (0,6 vs. 0,8) não foi diferente entre os grupos BE+P4 injetável e BE, respectivamente.

Uso do eCG em protocolos de superovulação em doadoras nelore

Em um recente experimento (Martins et al., 2006b) foi pesquisado a eficiência do eCG (Novormon®) como tratamento superovulatório em doadoras Nelore tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona (DIB®) e benzoato de estradiol (RIC BE®). Os grupos experimentais foram: 1) 2.000UI de eCG – dose única – no quarto dia do protocolo; 2) 2.500UI de eCG – dose única – no quarto dia do protocolo; 3) 100mg de FSH – múltiplas doses 12/12h – a partir do quarto dia do protocolo. Os dispositivos de P4 foram retirados 36h após a aplicação de PGF2a (Prolise®). Como indutor ovulatório, foi utilizado 25mg de LH (Lutropin-V®) 48h após a aplicação de PGF2a. Apenas uma única inseminação foi realizada 16h após a aplicação de LH que ocorreu 12h após a retirada do dispositivo intravaginal. Os resultados estão na tabela abaixo:


Baseado nos dados acima, podemos concluir que o tratamento com 2.000UI de eCG produziu número semelhante de embriões Grau 1 e congeláveis que o tratamento com FSH. Desta forma o uso de 2.000UI de eCG, quando associado à protocolos que utilizam P4 e E2, pode ser uma boa alternativa para o tratamento superovulatório de doadoras Nelore. Porém, mais experimentos são necessários para avaliar o resultado do uso de eCG em tratamentos superovulatórios repetidos devido a possibilidade de formação de anticorpos contra o eCG e uma possível diminuição da resposta superovulatória.

Adequação da dose de FSH ovino para doadoras nelore

O nosso grupo de pesquisa (Martins et al., 2006c) também avaliou a resposta superovulatória em doadoras Nelore tratadas com diferentes doses de FSH ovino (Ovagen®). As doses testadas foram: 4,5mg, 6,0mg; e 9,0mg. Os animais receberam 2mg de benzoato de estradiol (RIC BE®) e um dispositivo intravaginal de progesterona (DIB®) no dia 0. Os tratamentos superovulatórios se iniciaram no dia 4 com 8 doses decrescentes a cada 12/12h. A PGF (Prolise®) foi administrada 36h antes da reirada do dispositivo de P4 juntamente com a última dose de FSH. O LH (Lutropin-V®) foi administrado 12h após a retirada do dispositivo intravaginal. Os animais receberam duas inseminações 12 e 24h após o LH. Os resultados estão na tabela abaixo:


De acordo com estes resultados, a dose de 4,5mg de FSH ovino apresentou decrécimo na produção de embriões Grau 1 e congeláveis. O grupo 6,0mg produziu o mesmo número de embriões que o grupo 9,0mg. Isto mostra que dois terços da dose de FSH ovino (6,0mg) pode ser utilizado para o tratamento superovulatório de doadoras Nelore em programas de TE com inseminação artificial em tempo fixo.

Referências

Baruselli, P.S., Sá Filho, M.F., Martins C.M., Nasser, L.F., Nogueira, M.F.G., Barros, C.M., Bó, G.A. 2006. Superovulation and embryo transfer in Bos indicus cattle. Theriogenology 65;77-88.

Martins, C.M., Torres-Júnior, J.R.S., Souza, A.H., Baruselli, P.S. Efeito da administração de progesterona injetável no momento da inserção do dispositivo intravaginal de progesterona em vacas Nelore (Bos indicus) superovuladas e inseminadas em tempo fixo. Acta Sci Vet 2006a;34(Suppl 1):526 (abstract).

Martins, C.M., Torres-Júnior, J.R.S., Gimenes, L.U., Souza, A.H., Baruselli, P.S. Superovulação com eCG ou FSH em doadoras Nelore (Bos indicus) inseminadas em tempo fixo. Acta Sci Vet 2006b;34(Suppl 1):527 (abstract).

Martins, C.M., Torres-Júnior, J.R.S., Souza, A.H., Baruselli, P.S. Adequação da dose de FSH ovino em protocolos de superovulação com inseminação artificial em tempo fixo para doadoras da raça Nelore (Bos indicus). Acta Sci Vet 2006c;34(Suppl 1):530 (abstract).

0 Comments

  1. Antônio César Fernandes disse:

    Belíssimo trabalho!

    Considerando-se o que o texto nos mostra sobre os bons resultados com eCG, por que não se utiliza em maior freqüência do que o FSH? Teríamos as vantagens de minimizar estresse, pois a doadora tomaria apenas uma injeção de hormônio ao invés de oito de doze em doze horas, além do manejo ser mais prático , principalmente em zebuínos que têm temperamento mais nervoso.

    Então usaríamos o eCG nas primeiras coletas e FSH para as demais a fim de não produção de anti-corpos neutralizantes anti eCG. Gostei muito do texto, e gostaria de experimentar e aplicar este protocolo, torcendo para dar certo, pois facilitaria muito a T.E., principalmente nos dias de hoje, com a crescente F.I.V. na biotecnologia da R.A.

    Muito obrigado

    Resposta do autor

    Caro Cesar,

    Concordo plenamente com você a respeito da facilidade do tratamento com dose única de eCG. Acho que o uso do eCG como indutor de superovulação, provavelmente, será mais explorado nesta década – porém ainda precisamos de maior embase científico nesta área. Em décadas passadas o eCG já foi utilizado como droga indutora de superovulação. Porém, tradicionalmente, o eCG era usado em associação com o “cio base”; e os resultados não eram tão animadores – grande número de estruturas degeneradas e alto número de folículos anovulatórios (por exemplo). Talvez isso se deva ao fato de que em épocas passadas o eCG não era aplicado necessariamente no início da onda folicular.

    Além disso, lembro que nos experimentos realizados por Martins et al., 2006, utilizamos o LH como indutor de ovulação. Ainda não sabemos se outro indutor de ovulação (GnRH, HCG) podem ser utilizados em associação com o eCG sem diminuição da resposta superovulatória.

    Um abraço,

    Alexandre Souza

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