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Novas estratégias de superovulação em zebuínos: parte 1

A biotecnologia da superovulação e transferência de embriões é utilizada no mundo inteiro. Nos últimos anos muitos protocolos hormonais que possibilitam a superovulação e a inseminação em tempo fixo assim como a transferência de embriões em tempo fixo foram desenvolvidos para doadoras e receptoras bovinas, respectivamente.

A biotecnologia da superovulação e transferência de embriões é utilizada no mundo inteiro. Nos últimos anos muitos protocolos hormonais que possibilitam a superovulação e a inseminação em tempo fixo assim como a transferência de embriões em tempo fixo foram desenvolvidos para doadoras e receptoras bovinas, respectivamente.

Porém, existem algumas diferenças fisiológicas entre Zebuínos (Bos indicus) e Taurinos (Bos taurus) que podem afetar o resultado da técnica de superovulação e transferência de embriões. Portanto, neste artigo serão apresentados alguns dados publicados recentemente (“Superovulation and embryo transfer in Bos indicus cattle” – Baruselli et al., 2006) em um artigo de revisão sobre os avanços na superovulação em Zebuínos.

Sincronização da onda folicular

Os autores discutem que a melhor maneira de se controlar a emergência da onda folicular é a associação entre estrógenos de meia vida curta (ex: benzoato de estradiol) na dose de 2mg (i.m.) associados ao tratamento com progesterona injetável (50mg, i.m.) no mesmo dia da inserção de dispositivos de progesterona/progestágenos. Esta associação hormonal causa a emergência sincrônica de uma nova onda folicular após cerca de quatro dias. Deste modo os tratamentos com gonadotrofinas devem ser iniciados no quarto dia após o tratamento com estradiol e progesterona, ou seja, no dia da emergência esperada da nova onda folicular.

Dosagem de gonadotrofina a ser utilizada

Outro aspecto discutido pelos autores é a dosagem de FSH que deve ser utilizada em tratamentos superovulatórios em Zebuínos. Sabe-se que os Zebuínos têm uma maior sensibilidade ao tratamento com gonadotrofina se comparado com os Taurinos e que é possível diminuir a dosagem de FSH que é utilizado nestes animais (Bos indicus) se comparado com animais Bos taurus. Neste sentido, os autores relatam que não houve diferenças na produção de embriões entre os grupos tratados com 100, 133, ou 200mg de FSH (Folltropin-V). Os dados estão na tabela abaixo:


Baseado nos dados acima, os autores concluíram que é possível diminuir a dose do tratamento superovulatório para Zebuínos.

Momento ideal da indução da ovulação em doadoras de embrião

Os momentos ideais para a indução de ovulação após o último tratamento com FSH e retirada do dispositivo de progesterona são diferentes para doadoras Zebuínas e Taurinas. Assim, em vacas de leite de alta produção, os autores relatam melhores resultados quando a indução de ovulação com pLH é feita 24 horas após a última injeção de FSH (ou 60 horas após a aplicação da PGF2α). Do contrário, em Zebuínos, o melhor momento para a indução de ovulação com pLH é de 12 horas após a última dose de FSH (ou 48 horas após a aplicação da PGF2α), conforme indicam os dados abaixo:


Portanto, as doadoras Nelore tratadas com pLH 12 horas após o último tratamento com FSH tiveram maior número de estruturas totais, menos embriões degenerados, e mais embriões de boa qualidade.

Número de inseminações após protocolos de superovulação

Os pesquisadores também reportam que é possível realizar apenas uma inseminação em doadoras Nelore após protocolos de superovulação e sincronização de ovulação. Esta afirmação se baseia em um experimento onde foi comparada a realização de duas inseminações 12 e 24 horas (2 FTAI) após o indutor de ovulação ou apenas uma inseminação às 16 horas (1 FTAI) após o indutor de ovulação. Vale lembrar que para se alcançar estes resultados o sêmen deve apresentar boa qualidade (alta motilidade, vigor, etc). Os dados deste experimento estão na tabela abaixo:


Como podemos observar, não houve diferença entre os tratamentos nas variáveis estudadas. Portanto, a realização de apenas uma inseminação em doadoras superovuladas e inseminadas em tempo fixo facilita o manejo além de baratear o custo da superovulação sem afetar a produção de embriões.

Referência

Baruselli, P.S., Sá Filho, M.F., Martins C.M., Nasser, L.F., Nogueira, M.F.G., Barros, C.M., Bó, G.A. 2006. Superovulation and embryo transfer in Bos indicus cattle. Theriogenology 65;77-88.

0 Comments

  1. Celso Magalhães Coronel disse:

    Excelente. Está aí um trabalho de avaliação para ser utilizado.

    Parabéns aos autores.

  2. Ewerton disse:

    Parabéns pelo trabalho. É uma coisa para se pensar e usar, pois o horário de indução de ovulação , tem que ser tratado de uma maneira diferente em Bos indicus e Bos taurus. Se ve que nos trabalhos mais antigos se tem relatos de que nos bovinos o estro tem em média duração de 18 horas, e nos trabalhos mais recentes se vê que a média de duração do estro nos Bos indicus é de 10 horas e se pensarmos que a ovulação é ligada ao final do estro. E também se vê que se trabalhar com duas inseminações de reprodutores de alto valor genético, estará gastando um bom dinheiro a mais pela dose de sêmen, sem ter necessidade.

  3. Ataliba Perina Bueno disse:

    Dia 0 – CIDR + 2 ml Benzoato de Estradiol
    Dia 5 – Início Pluset (Obs: Começar com doses decrescente 2,0 – 0,5 ml por 4 dias)
    Dia 8 – Retirar dispositivo e administrar 1ml Lutalyse + 1,5ml Novormon
    Dia 9 – 1 ml Benzoato de Estradiol
    Dia 10 – IA + 1 ml de Fertagyl
    Coleta dos embriões no 17° dia
    Obs: Todas as doses as 8 horas manhã, IA as 8 hs manhã.

    Com esse protocolo superovulatório posso conseguir uma boa resposta da doadora e um bom número de embriões transferiveis de grau 1 e 2?

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