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Nova plataforma digital amplia transparência do programa ‘Boi na Linha’

O programa Boi na Linha, desenvolvido pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) em parceria com a 4ª Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal, acaba de ganhar uma plataforma digital para dar transparência ao compromisso dos frigoríficos que atuam na Amazônia Legal de só comprar gado oriundo de áreas livres de desmatamento ilegal, trabalho escravo e embargos ambientais. 

A ideia é facilitar o acesso à informação no país e no exterior por parte de redes de varejo e consumidores, além de estimular e pressionar a cadeia para que assine ou avance em seus acordos com o MPF. Rafael Rocha, coordenador do Grupo de Trabalho Amazônia Legal do MPF e procurador no Amazonas, vê valor na centralização dos dados, porque facilita a consulta. Agora, a busca pode ser realizada por municípios de cinco Estados (Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Pará), dos nove que compõem a Amazônia Legal (formada ainda por Roraima, Maranhão, Amapá e Tocantins), que deverão ser inseridos aos poucos no sistema unificado.

“Esse acompanhamento do status é muito importante, porque o compromisso dos frigoríficos não pode ficar na gaveta”, diz Rocha. Para ele, a transparência incentiva a regularização de toda a cadeia ao criar também um observatório da concorrência. O frigorífico garante que o vizinho não compra do produtor irregular e a roda gira, segundo ele. 

Das 132 plantas que já estão na plataforma de dados do Boi na Linha, 100 assinaram compromissos com o MPF e têm o dever de implementar ações de controle junto aos fornecedores, mas um terço ainda não foi auditada. As 32 restantes sequer assumiram obrigações. 

Lisandro Inakake de Souza, coordenador de projetos da Iniciativa de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora, explica que, além de divulgar os dados, o programa Boi na Linha envolve uma série de outros projetos, incluindo a implementação do protocolo unificado para a compra de gado na Amazônia Legal, anunciado pelo MPF em fevereiro último. 

Em janeiro de 2021, o Imaflora financiará um piloto para a realização de auditorias em unidades de cinco frigoríficos: Norte Boi (no Amazonas), JBS (Acre), Minerva (Rondônia), Marfrig (Mato Grosso) e Mercúrio (PA) para moldar processos futuros. Os auditores, de terceira parte, estão sendo treinados e analisarão três meses de compras integrais, de julho a setembro de 2020, das unidades escolhidas. 

“Há muito a ser feito e um grande desafio era a transparência, porque ela gera capacidade de identificação de problemas”, diz Inakake de Souza. Entre os próximos passos está estabelecer um protocolo para controle de fornecedores indiretos e fortalecer ferramentas de reintegração de produtores à cadeia.

Fonte: Valor Econômico.

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