Nossos filhos não precisam ter a ambição de serem apenas médicos, e sim homens do campo! [Emilio Almeida de Moraes]

O Prêmio AgroTalento 2013 é uma iniciativa ousada do BeefPoint, que identificou e reconheceu os jovens talentos da pecuária brasileira com idade de 25 a 45 anos. São essas pessoas que estão construindo hoje a pecuária do futuro, são elas que fazem a diferença em nosso setor.

O prêmio foi dividido em três etapas. Na primeira, o leitor BeefPoint preencheu um formulário onde tinha que indicar um nome para cada categoria e justificando sua escolha. Após disso, foi feita uma curadoria pelo BeefPoint, selecionando os finalistas. A terceira etapa foi uma votação aberta ao público, que se encerrou no dia 2 de dezembro. A cerimônia de entrega dos prêmios e a divulgação dos ganhadores foi na véspera do BeefSummit Brasil, no dia 9 de dezembro, no restaurante Varanda Ribeirão, no Shopping Iguatemi, em Ribeirão Preto – SP.

Saiba mais como vai funcionar e o que é o Movimento AgroTalento:

– Prêmio para celebrar os jovens talentos da pecuária brasileira (dezembro 2013)

– Portal com muitos conteúdos focados em desenvolvimento pessoal (durante todo ano de 2014)

– Plataforma de educação online com diversos cursos e treinamentos sobre desenvolvimento pessoal, gestão, liderança e auto-conhecimento (durante todo 2014)

– Curso intensivo estilo bootcamp de 5 dias fechado para convidados agrotalentos (primeiro semestre de 2014)

Para conhecer melhor os finalistas de cada categoria, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles:

Confira abaixo a entrevista com Emilio Almeida de Moraes, um dos finalistas do Prêmio AgroTalento 2013, na categoria Profissional – Pará.

Emilio é  engenheiro agrônomo, formado pela ESALQ – USP, com especialização em produção animal e atua nas áreas de gestão e produção agropecuária. Atualmente, é responsável pelas operações dos conjuntos da Agro Santa Bárbara.

BeefPoint: Qual atividade na pecuária mais te inspira?

Emilio Almeida: Hoje o grande diferencial de uma pecuária lucrativa está ligado ao nível de intensificação e tecnologia que empregamos. E, nada mais responsivo a estes esforços do que o manejo nutricional do rebanho. Intensificação de áreas de pastagens, integração lavoura-pecuária e confinamento estratégico que compõem o trinômio perfeito ao sucesso da pecuária moderna.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos? O que fez e deu certo em sua carreira? Qual a sua maior realização?

Emilio Almeida: Foram muitos erros e acertos até hoje. Mas tenho comigo que os acertos foram maiores e os erros corrigidos e deles tirei algo de bom.

BeefPoint: Em relação ao seu histórico profissional, porque você acha que foi indicado para o Prêmio AgroTalento? Das suas realizações profissionais, o que você tem mais orgulho até agora?

Emilio Almeida: Desde o período acadêmico enfrento os desafios com muita determinação e força de vontade , sendo assim consegui subir degraus importantes na minha carreira. Esta indicação é a leitura deste livro de vida.

Me orgulho todos os dias por fazer o que faço. É muito nobre e nos trás grande responsabilidade estar ligado à produção, à produtores (desde vaqueiros a investidores) e ao resultado de tudo isso: a produção rentável do alimento do mundo.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Emilio Almeida: Errei muito. Erros técnicos, de formação de equipe e dos mais diversos imagináveis. Mas, tive a sabedoria de reconhece-los e humildemente entender o que aproveitar de bom e o que fazer para que não ocorressem novamente. Só assim consegui evoluir.

BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?

Emilio Almeida: Este foi um ano de muitos desafios. A grande sacada foi a adoção da integração lavoura-pecuária (ILP). Não enxergo mais como viver “desintegrado”.

Intensificar via ILP, significa potencializar o maior rendimento possível por unidade do recurso empregado.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?

Emilio Almeida: Para 2014, tenho como foco a operacionalização de sistemas de produção.

Seremos responsáveis pela intensificação destes sistemas, com índices produtivos elevados, consistentes e sustentavelmente rentáveis, fazendo com que estes modelos se tornem sólidos e replicáveis para muitos produtores.

Sou um grande adepto a aplicação de tecnologia, principalmente no meio pecuário onde ainda muito se fala apenas em extrativismo. Neste contexto, tenho grande convicção que sem ela nossa atividade não será mais competitiva. Tecnologia que trás agregada a ela, não apenas rentabilidade, mas sim bem estar aos seus colaboradores e ao meio em que está inserida.

Com o seu uso diminuímos a exploração de novas áreas e somos obrigados a verticalizar a produção.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Emilio Almeida: Quando me formei há 12 anos, ouvia que as profissões do futuro eram as ligadas ao agronegócio, pois o mundo precisaria comer. Senti-me privilegiado, pois era nossa oportunidade. Logo nas perambulações pelo campo, percebíamos realmente que aquela era a hora. Mas, também percebemos que a necessidade por profissionais capacitados era cada vez maior. Seis anos depois fui convidado por uma universidade no interior de São Paulo a ministrar aulas inaugurais para calouros que iam começar a fazer parte do agronegócio. Desde minha formação, durante estas palestras e até hoje não conseguimos deixar de nos entusiasmar pelo ótimo momento que a atividade atravessa.

Mas mesmo assim, hoje em dia, está cada vez mais difícil trazer o jovem para o campo. Com toda facilidade da vida urbana temos um aumento significativo do êxodo rural entre os jovens.

Há necessidade de criarmos programas de incentivo ao trabalho rural. Cursos técnicos precisam ser revigorados e cases de sucessos mostrados nas escolas, universidades e instituições privadas. Temos que revelar que no campo também se ganha dinheiro e reconhecimento. Nossos filhos não precisam ter a ambição de serem apenas médicos, mas sim homens do campo.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro no Brasil hoje? Quem você mais admira?

Emilio Almeida: Admiro pecuaristas que trabalham como agricultores. Este é o modelo de produção moderna. Produzir carne é produzir capim e grão.

BeefPoint: Qual tema você acredita que será um marco na pecuária do futuro?

Emilio Almeida: O futuro próximo: a intensificação dos sistemas de produção. Antigamente a mata era derrubada, os pastos formados e logo degradados. Seguíamos em frente para outras áreas. Hoje, não há mais espaço para esta pecuária. Quem quiser permanecer de forma sólida e rentável terá que adotar sistemas de intensificação, ao meu ver, formados pelo trinômio intensificação de pastagens, ILP e confinamento estratégico.

BeefPoint: Em sua opinião, qual fazenda se destaca na pecuária hoje?

Emilio Almeida: Felizmente já temos diversas fazendas que se enquadram nesse novo conceito de pecuária moderna. São propriedades como CFM, Bom Futuro, Aché Participações, Agropecuária Jacarezinho entre outras que adotam sistemas integrados de produção.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?

Emilio Almeida: “Não se pode construir a paz com barrigas vazias.” John Boyd Orr – Prêmio Nobel da Paz e Primeiro Diretor Geral da FAO.

Portanto, acredite na nossa atividade pecuária. Enfrentaremos pressões governamentais, ambientais, econômicas, mas nada pode superar a nobreza de produzir.