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Nomeação para Meio Ambiente gera atrito entre militares e ruralistas

A definição do futuro titular do Ministério do Meio Ambiente tornou-se um dos principais problemas do presidente eleito Jair Bolsonaro. Os ruralistas defendem a nomeação de alguém ligado ao setor para a pasta e o nome de Evaristo de Miranda está sendo articulado pelo senador e atual ministro da área, Blairo Maggi. Miranda é pesquisador e chefe da Embrapa Territorial, mas enfrenta forte resistência dos militares que integram a equipe de transição.

Bolsonaro retornou nesta terça-feira à capital federal, para dar continuidade à maratona de visitas institucionais e tentar fechar a equação na formação do primeiro escalão de seu governo. Segundo o Valor apurou, os militares entendem que a indicação de Miranda jogará fora o plano ambiental elaborado ainda durante a campanha do então candidato do PSL à Presidência da República. Alguns militares chegaram a sinalizar que deixarão de integrar o governo, caso a nomeação seja confirmada.

A dificuldade maior de Bolsonaro reside no fato de que, ao lado dos parlamentares evangélicos e da chamada bancada da bala, favorável à flexibilização do estatuto do desarmamento, os deputados e senadores ligados ao agronegócio exercerão papel estratégico na sustentação do novo governo.

A frente parlamentar da agropecuária já conseguiu evitar que Bolsonaro unificasse as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, ideia defendida durante a campanha eleitoral e no início do processo de transição, sob o argumento de que a medida poderia atrapalhar as vendas do setor ao exterior. Mas não desistiu de controlar a área de Meio Ambiente, lutando para que ela não seja dominada por organizações não governamentais (ONGs) e ambientalistas considerados radicais.

Conforme já revelado pelo Valor, Miranda é muito ligado ao agronegócio e nome de preferência do setor. Chegou, inclusive, a ser sondado se aceitaria fazer parte do governo. Ele é conhecido por estudos nas áreas de ecologia e georreferenciamento de dados.

A questão é que a ala de militares da equipe de Bolsonaro considera a preservação da Amazônia como questão de segurança nacional. Com base em estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de várias universidades brasileiras, esta ala acredita que se o desmatamento da Amazônia continuar no ritmo atual poderá comprometer o clima das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ou seja, as áreas mais densamente povoadas do país.

Os militares consideram importante acabar com o que chamam de “indústria da multa” e agilizar a concessão de licenças ambientais, mas defendem que o governo adote uma política que não incentive o desmatamento, mas a preservação e o uso racional do solo. Eles também consideram inconcebível que obras sejam paralisadas e projetos de infraestrutura não sejam concluídos devido à demora na liberação de licenças ambientais.

Fonte: Valor Econômico.

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