A nomeação de Tom Vilsack para retornar ao comando do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no governo do presidente eleito Joe Biden dividiu opiniões em grupos agrícolas e ligados à segurança alimentar no país, sinalizando os desafios que o órgão tem pela frente. Ex-governador de Iowa, Vilsack chefiou o USDA durante a gestão de Barack Obama. Foi o único secretário do governo Obama que permaneceu no durante os dois mandatos do ex-presidente, de 2009 a 2017.
“Os desafios são enormes”, disse Andrew Novakovic, professor emérito de economia agrícola da Universidade Cornell, que trabalhou para o USDA durante a gestão de Vilsack. O USDA, que contou com um orçamento de cerca de US$ 153 bilhões em 2020, supervisiona quase todos os aspectos da produção de alimentos dos EUA. O órgão regula sementes geneticamente modificadas, faz seguro de lavouras, promove exportações agrícolas e inspeciona unidades americanas de processamento de carnes.
O USDA também ajuda a definir diretrizes para o consumo de alimentos no país e administra o Programa de Assistência à Nutrição Suplementar.
Biden enfrentou pressão de alguns grupos de consumidores para nomear alguém com foco na assistência alimentar, depois que a pandemia de covid-19 elevou o desemprego e levou famílias a recorrer a bancos de alimentos em todo o país.
“O histórico comprovado do secretário Vilsack de priorizar programas federais de nutrição e apoiar os produtores rurais dos EUA será fundamental para ajudar as comunidades que estão sofrendo agora”, disse Claire Babineaux-Fontenot, diretora da organização de combate à fome Feeding America. Vilsack atuou no conselho de administração da organização após seu mandato no USDA.
No entanto, a organização de agricultores e trabalhadores Family Farm Action disse que Vilsack tem um histórico de favorecimento a grandes empresas agrícolas e de alimentos, o que levanta dúvidas sobre como ele dará prioridade a comunidades em dificuldade.
Um porta-voz da equipe de transição de Biden disse que Vilsack está empenhado em promover igualdade e inclusão em todas as missões do USDA.
Como secretário de Agricultura, Vilsack vai enfrentar a tarefa de fortalecer o setor agrícola dos EUA. Quando ele deixou o cargo, no início de 2017, a economia agrícola dos EUA estava em declínio, com o lucro líquido do setor caindo 40% em relação ao recorde de quatro anos antes, por causa de sucessivas safras robustas que aumentaram a oferta e derrubaram os preços.
Grupos que representam produtores de milho e soja, bem como frigoríficos e produtores orgânicos, gostaram da indicação de Vilsack. Eles disseram que sua experiência anterior na agência ajudará os agricultores a enfrentar a pandemia.
Grupos que representam minorias e trabalhadores da cadeia de alimentos, no entanto, disseram estar preocupados com o comprometimento de Vilsack com sua causa, e mencionaram críticas anteriores ao tratamento dispensado pela agência a minorias. Um porta-voz da equipe de transição disse que Vilsack, durante seu mandato no USDA, aumentou os empréstimos para agricultores desfavorecidos e está empenhado em reconhecer e eliminar práticas discriminatórias.
Fonte: Valor Econômico.