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“Não sabemos se o pior já passou” ,diz CEO da JBS nos Estados Unidos

O nível de utilização de capacidade da indústria frigorífica americana melhorou nas últimas duas semanas, mas essa não é uma garantia de que a crise foi superada, afirmou nesta sexta-feira o CEO da JBS USA, André Nogueira, em teleconferência com analistas.

“Temos a impressão de que as coisas estão melhorando, mas não sei para onde vai o movimento do vírus. Não dá para dizer que o pior já passou”, disse o executivo.

Na bolsa, as ações da JBS, que reportou na quinta-feira um prejuízo de R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre, reagem mal. Às 11h39, os papéis da companhia recuavam 6,3%, negociadas a R$ 22,91. O Ibovespa caía 0,14%.

A produção nos EUA foi bastante prejudicada no mês passado por causa da disseminação da covid-19 entre funcionários e nas regiões de atuação dos frigoríficos, que provocou o fechamento temporário de dezenas de unidades e colocou o abastecimento de carne dos EUA em risco.

Segundo Nogueira, a indústria americana de carne bovina está produzindo nesta semana 75% do que fabricou no mesmo período do ano passado. A produção de carne suína dos EUA, por sua vez, produz 84% na mesma base e comparação. Em frango, o patamar está em 99%. A JBS é uma das três maiores produtoras de carnes bovina, suína e de frango dos Estados Unidos.

Na JBS USA, o nível de produção é maior do que essa média da indústria, disse Nogueira, evitando mencionar qual é o indicador de produção da companhia. Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, ele acrescentou que a produção de carnes nos EUA continuar com velocidade reduzida por meses e que o quadro de funcionários da companhia está reduzido em 10% por causa das afastamento de trabalhadores que adoeceram ou que compõem grupos de risco.

Durante a teleconferência, o executivo advertiu que a volatilidade diária provocada pela pandemia é grande e que não é prudente fazer previsões. Segundo ele, os preços de matérias-primas e produtos se alteram diariamente, em movimento de grande magnitude.

“Considerando a volatilidade diária, seria irresponsável antecipar [a dimensão dos impactos]. Sei que é frustrante para os analistas”, reconheceu Nogueira, que foi muito questionado durante a teleconferência sobre o impacto dos frigoríficos que a JBS fechou temporariamente nos EUA ao longo do segundo trimestre.

Em mais de uma resposta, Nogueira sustentou que não é possível dimensionar os custos provocados pela covid-19 sobre as operações dos frigoríficos da companhia. O que já é líquido e certo são os gastos feitos pela companhia para aprimorar a segurança do ambiente frigorífico e tentar evitar a disseminação do vírus, afirmou.

Segundo ele, a JBS investiu US$ 100 milhões na América do Norte — a companhia também tem unidades no Canadá e no México — em segurança. Outros US$ 50 milhões serão gastos ao longo do ano com bônus a funcionários. A indústria nos EUA está pagando bônus para tentar evitar o absenteísmo — com medo de adoecer, a taxa de faltas aumentou — , que afeta a produção.

Fonte: Valor Econômico.

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