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Não comer carnes vermelhas não salvará o planeta

Por Asa Wahlquist, jornalista rural.

Há três questões críticas que você precisa fazer antes de cortar carne bovina e de cordeiro de sua dieta por razões ambientais: o que acontecerá com os pastos que os bovinos e ovinos pastam; como proteínas alternativas serão produzidas; e quais serão as consequências para as emissões de gases de efeito estufa dessa produção?

Cerca de 60% d terra agrícola mundial é pasto, terra que é muito pobre e muito seca para a agricultura. Na Austrália, cerca de 70% do país é pasto. A única forma que os alimentos podem ser produzidos a partir de pastagens é com animais ruminantes. Os mamíferos não podem digerir pasto, mas os ruminantes têm estômagos especiais com bactérias que digerem pasto. O problema é que essas bactérias produzem metano, que os ruminantes eliminam.

O metano é um potente gás de efeito estufa com uma classificação 25 vezes do dióxido de carbono durante 100 anos, apesar de ter um prazo de 9 a 12 anos na atmosfera.

A experiência no mundo todo é se os bovinos são removidos das pastagens, ruminantes originais se reestabelecem ou se animais silvestres ocupam.

Na Austrália, os principais animais nativos são caprinos, bem como camelos, em regiões mais secas. Ao contrário da crença popular, os cangurus produzem metano, apesar de as quantidades reais e suas vias alternativas para digestão de celulose do pasto, sejam assuntos de pesquisas atuais. Ate mesmo os cupins produzem metano: eles são responsáveis por cerca de 3% das emissões de gases de efeito estufa da Austrália.

E se todos viragem vegetarianos e os pastos não fossem mais usados para pastagem? Na Austrália, a maioria iria queimar. Os incêndios são responsáveis por cerca de 3% das emissões de gases de efeito estufa da Austrália.

O argumento em todo o mundo foca muito nas enormes quantidades de grãos, que poderia de outra forma ser consumido por humanos, que são fornecidos aos animais. Essa é uma prática que é indefensável, por razões ambientais. Na Austrália, a maioria dos bovinos e todos os caprinos são alimentados a pasto. Os gados leiteiros são normalmente alimentados com suplementos nutricionais, que são na maioria das vezes forragem ou feno com alguns grãos.

Se você decidir não comer carnes, de onde conseguirá sua proteína e quais as consequências para as emissões de gases de efeito estufa? Grãos de soja, grão de bico, lentilhas – todos legumes com alta proteína – são colheitas que são produzidas em terra limpa, arada, fertilizada, plantada, irrigada e colhida por máquinas que produzem gases de efeito estufa.

A Austrália está em seu limite de terra que pode ser limpa para colheita e está em processo de redução da irrigação na bacia Murray-Darling. E falando de irrigação, sob as condições da Austrália a soja precisa de quase tanta água quanto o algodão. A Austrália produz aproximadamente 15% da soja que consome, apesar de grande parte ser usada em ração.

Suínos e frangos são monogástricos e, como resultado, produzem uma pequena fração, por quilo, de metano, produzido por ruminantes. Diferentemente dos bovinos, eles não podem viver no pasto. Em situações de fazendas tradicionais, eles são alimentados com resíduos e restos de colheitas, mas agora, quantidades significativas de grãos são produzidos para alimentá-los.

Os substitutos de proteínas da carne, que vão de tofu à carne sintética, sal altamente processados e isso significa mais produção de gases de efeito estufa.

Estimar a produção de metano é um negócio arriscado. Existem uma série de dados para a porcentagem de emissões de gases de efeito estufa pelas quais a agricultura é responsável, e eles estão melhorando. Na segunda-feira, o CRISO anunciou que as emissões de metano dos bovinos australianos eram na verdade 24% menores do que o que se pensava anteriormente.

Os críticos do consumo de carne comparam o metano produzido por ruminantes com as emissões de transporte, mas os combustíveis fosseis estão liberando carbono que foram sequestrados há centenas de milhões de anos e que nunca serão repostos. O metano eliminado pelas vacas vêm do carbono sequestrado do pasto durante a última estação de produção. Se o pasto continuar crescendo, ou produzindo mudas, o carbono será sequestrado novamente na próxima estação.

Não há comparação: queimar combustíveis fosseis é uma via de mão única. O metano produzido pelos ruminantes é uma parte natural do ciclo de vida antigo.

Por Asa Wahlquist, jornalista rural.

Fonte: The Sydney Morning Herald, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Pedro Henrique Rezende de Alcântara disse:

    Boa tarde,

    Assim como os australianos estamos buscando nossos próprios indicadores e já percebemos que nos tem sido atribuído um passivo maior do que deveria.

    Sugiro a leitura da matéria do link abaixo:

    https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3272611/pecuaria-brasileira-emite-menos-gases-de-efeito-estufa-do-que-o-estimado-pelo-ipcc

    Abraços,

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