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Multidão em São Paulo cultua os prazeres da carne

Com o perdão do sacrilégio, a réplica do Templo de Salomão, no Brás, nunca foi tão fiel ao original. No sábado (5/8), o templo foi invadido pela fumaça da queima de mais de 12 toneladas de carvão e de carne, como ocorria no passado – em escala bem diminuta – durante os sacrifícios realizados no culto a Yaveh.

Mas o templo, é bom que logo se diga, não tinha nada a ver com isso. Quem fazia as fogueiras era a turma da Churrascada, grupo que reúne chefs que valorizam a tradição do churrasco. E o evento, pelo menos na acepção religiosa, não tinha nada de sacrílego.

O chefe Jeferson Finger diante do seu playground de costela (Foto: Rodrigo Trevisan/Ed. Globo)

Apenas calhou de acontecer nas instalações de uma fábrica desativada atrás do Templo. Entre manifestos de carnívoros, cartazes sobre os prazeres da carne e dezenas de fogueiras, foi carne e fumaça pra tudo quanto era lado.

Neste ano, a churrascada está em sua 8ª edição, a 4ª realizada em São Paulo. Foram colocados 2.500 ingressos à venda, todos adquiridos antecipadamente a um preço salgado de 400 reais.

Diante das brasas no chão e das churrasqueiras improvisadas como andaimes, varais, espetos ou ripas, um público defumado e ávido pelas tentações da carne gourmet formava filas imensas.

 

“Não vivo sem proteína”, disse o advogado Michel Marino Furlan, que ainda não tinha conseguido ir a nenhuma edição da Churrascada. Ao contrário dele, não era a primeira vez de boa parte de milhares de pessoas que se refestelavam com a tradição e as novidades preparadas por quase 200 churrasqueiros.

O público da churrascada é fiel. Entre os mais de vinte chefs, tinha gente vinda de cantos diversos do mundo, como Texas e Índia, e do Brasil, como o óbvio Rio Grande do Sul e até a inesperada Bahia, representada por um churrasco de carne de fumeiro típico de Maragogipe.

O chef Raphael Bittencourt explica que o fumeiro é uma carne moqueada, ou seja, assada no moquém, uma espécie de grelha feita de paus onde se depositam as carnes do mesmo modo desde muito antes de o Homo sapiens cruzar o Estreito de Bering.

Sabemos como o homem evoluiu precisamente por ingerir proteínas. Mas hoje há quem culpe a revolução agrícola, ocorrida há dez mil anos, por todos os nossos males.

Antenada com a tendência que aponta na direção da diminuição do consumo de carne como um dos fatores para reverter mazelas como o aquecimento global, a Churrascada tinha até um inevitável churrasco vegetariano. O responsável, o chef Elcio Oliveria, disse que na primeira edição, trouxe 100 kg de vegetais. Neste ano foram 500 kg.

Por mais que olhemos (muito) para a frente e vejamos a diminuição do consumo e a adesão a carnes de laboratório, a Churrascada mostrou que o presente é mais parecido com o passado do que podemos imaginar. Resta saber o que dirão de nós no futuro.

“Churrasco é reunião de família, de amigos, é tomar uma boa cerveja ou um bom vinho, acender o fogo e comer uma boa carne. Não é só comer carne. Comer carne você come sozinho, vai num restaurante. Isso não é churrasco. O churrasco é uma celebração da vida. Eles são feitos de maneiras diferentes, mas a essência é a mesma”, disse Rogério Betti, um dos organizadores.

Churrasco vegano (Foto:Rodrigo Trevisan/Ed. Globo)

Fonte: Globo Rural.

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