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Monarquia, república ou anarquia na sua empresa familiar? – Por Fabio Matuoka Mizumoto

A Monarquia é uma das formas de governo mais antigas que conhecemos para as nações sendo também a mais presente nas empresas de controle familiar, especialmente na geração do fundador. É o fundador-rei quem manda e… obedece quem tem juízo! O rei ou a rainha não presta contas para ninguém, não compartilha decisões em torno de um planejamento estratégico e não vê muito valor em regras de tomada de decisão.

A República vai contra a ideia de que o poder seja hereditário e defende que o poder vem do povo. É nesse sentido que o chefe de governo é eleito pela sociedade. Algumas famílias empresárias adotam esta forma de governo depois da geração do fundador. Assim, os familiares mais preparados assumem as posições de controle e as pessoas mais competentes (da família ou do mercado) assumem a gestão da empresa, mas sem poder absoluto porque devem seguir as regras da sociedade empresarial.

Diferente dos modelos anteriores, a Anarquia se opõe à hierarquia e a ordem está associada a uma forma de governo sem governo! Nenhuma família admite a Anarquia, mas há sinais evidentes quando as conversas são superficiais, tudo que é combinado não é cumprido e o “deixa prá lá” fica mais frequente do que o “precisamos resolver”.

Existe alguma forma de governo melhor para uma família adotar em seus negócios? Sim, existe a forma mais apropriada de acordo com a geração que está no controle e com o contexto dos negócios. Na fase inicial dos negócios, o fundador tem foco em fazer acontecer e a centralização de poder pode ser essencial para aproveitar as oportunidades de mercado. Em outra situação, quando há riscos iminentes para o negócio, pode ser desejável que alguém entre os sócios assuma o controle para viabilizar um turnaround, especialmente quando há excesso de “eu acho que” entre os sócios.

O planejamento da sucessão de uma geração para a outra é um convite para rever o sistema de governo. Considere as alternativas de Monarquia e República, dado que a Anarquia frequentemente acontece pela falta de escolha ou planejamento. Ao olhar para a nova geração, o rei e a rainha podem optar por:

1) preparar a nova geração como príncipes e princesas;
2) orientar a nova geração para serem sócios.

A primeira pode ser bem sucedida. É a alternativa em que a nova geração replicará o mesmo sistema de Monarquia adotado pelos fundadores. Entretanto, é mais provável que a consequência disto seja a divisão do reinado para que cada príncipe e princesa seja dono 100% do seu espaço, para exercer plenamente o seu poder. Isto pode acontecer com a divisão de terras de uma fazenda, com a separação de unidades de negócios entre os herdeiros, ou, de forma preocupante, com a divisão de departamentos dentro de uma mesma empresa.

A segunda também pode ser bem sucedida se for feita a lição de casa para mudar da Monarquia para a República. Nem todos os familiares exercerão o poder, terão que ser estabelecidas as formas de representatividade, os critérios de eleição e de cobrança de resultados. Melhor se for com base em competência e meritocracia!

O conhecimento da ciência política sobre Monarquia, República e Anarquia também nos permite entender as relações de poder das famílias com seus negócios. A partir disto, é possível buscar melhores caminhos para melhorar a governança familiar e empresarial.

Por Fabio Matuoka Mizumoto, professor da FGV e sócio da consultoria Markestrat, para Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

1 Comment

  1. Doval Oliveira disse:

    Visão bastante interessante. Hoje eu vivo uma empresa familiar, que já está na sua 3ª geração, estou à frente tentando implementar o sistema de República. Mas encontro dificuldades com a geração anterior, afinal para eles o que tinha funcionado até agora foi a Monarquia e a mudança assusta. Qual o melhor caminho para a mudança? (Falando de uma forma bem generalizada, afinal cada caso é diferente.)

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