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Módulos mínimos de produção – custos da produção de gado de corte em pasto

A determinação do custo de produção se revela de suma importância na agropecuária, não somente como um componente para a análise da rentabilidade da unidade de produção, mas também como parâmetro de tomada de decisão e de capitalização do setor rural. A produção de gado de corte em pasto é afetada por vários fatores, dos quais se destacam aqueles relacionados a deficiência alimentar e sanidade dos animais. Portanto, para garantir a sustentabilidade desse sistema de produção, é necessário o manejo adequado das pastagens, juntamente com um correto manejo sanitário. Essas mudanças precisam ser bem avaliadas para que se possa determinar a viabilidade das novas tecnologias introduzidas nos sistemas produtivos. Este artigo, objetiva relacionar e quantificar os custos de produção de gado de corte envolvendo cria, recria e terminação em pastagem submetida à adubação de manutenção, desde a implantação da espécie forrageira até a venda dos animais.

A determinação do custo de produção se revela de suma importância na agropecuária, não somente como um componente para a análise da rentabilidade da unidade de produção, mas também como parâmetro de tomada de decisão e de capitalização do setor rural. A produção de gado de corte em pasto é afetada por vários fatores, dos quais se destacam aqueles relacionados a deficiência alimentar e sanidade dos animais. Portanto, para garantir a sustentabilidade desse sistema de produção, é necessário o manejo adequado das pastagens, juntamente com um correto manejo sanitário, a fim de aumentar a capacidade produtiva e a longevidade destas. Essas mudanças precisam ser bem avaliadas para que se possa determinar a viabilidade das novas tecnologias introduzidas nos sistemas produtivos (BARROS et al., 2005).

A produtividade animal em pastagem depende do desempenho animal (ganho de peso vivo), que está associado à qualidade da forragem e a capacidade de suporte da pastagem (número de animais por unidade de área). Tal capacidade é função da produtividade de massa de forragem. Embora as gramíneas forrageiras tropicais não sejam de excelente qualidade permitindo ganhos de peso vivo na faixa de 0,6 a 0,8 kg/animal/dia, a produtividade animal pode ser elevada pelo seu grande potencial de produtividade de massa, principalmente no período das águas (CORRÊA, 1997).

Esta publicação, objetiva relacionar e quantificar os custos de produção de gado de corte envolvendo cria, recria e terminação em pastagem submetida à adubação de manutenção, desde a implantação da espécie forrageira até a venda dos animais.

Para tanto, cabe ressaltar que alguns cálculos foram realizados por docentes e discentes da área de Forragicultura e Pastagens do curso de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu, incentivados pelos constantes questionamentos referentes à viabilidade dos sistemas de produção de gado de corte em pastagem. Os itens e os custos utilizados para tal cálculo foram adaptados para o Estado de São Paulo, com base em trabalhos de custos de produção de gado de corte realizados por pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS). Para o cálculo, considerou-se a média histórica da @: R$ 72,00 e R$ 62,00 para boi e vaca, respectivamente.

O módulo mínimo para produção de gado de corte em pasto deve ter 145 ha, sendo 108,7 ha para a fase de cria e 36,3 ha para as fases de recria e terminação, considerando uma taxa de lotação média de 6 e 3 UA por ha, respectivamente (UA = 450 kg de peso vivo). O investimento inicial é alto (R$ 674.725,32), sendo que os principais desembolsos são com a aquisição das matrizes (R$ 232.800,00) e a formação de 145 ha de pastagem (R$ 217.500,00), as quais representam 34,50 e 32,24% do investimento inicial para implantação do sistema para produção de gado de corte em pasto (Tabela 1).

Tabela 1. Custos de implantação do sistema para produção de gado de corte a pasto

No caso em estudo, computou-se a depreciação da pastagem, considerando que quando se adota o correto manejo e adubação de manutenção, a mesma não se degrada, mantendo-se produtiva por infinito período de tempo, depreciando apenas benfeitorias, máquinas e animais, diluídos para 10 anos de utilização (Tabela 2). Assim, os maiores custos com depreciação foram sobre as matrizes (50,10%), as quais apresentam 10 anos de vida média produtiva. Ressalta-se a importância de tais custos, pois muitos produtores não os consideram e no momento de reposição dos mesmos, não possuem o capital, prejudicando a atividade.

Tabela 2. Custos anuais com depreciação (10 anos)

Dentre os custos anuais variáveis, a adubação da pastagem é o item que apresenta o maior valor, representando 46,66% deste custo (Tabela 3). No entanto, tal custo reflete a intensificação do sistema, visto que a adubação de manutenção da pastagem permite maior taxa de lotação e maior produtividade animal em relação a sistemas extensivos de produção, além de que, quando aliada ao correto manejo, evita a degradação da mesma. Outro item com representatividade considerável nos custos anuais variáveis é a compra de matrizes para reposição (21,42%). Porém, a venda das matrizes de descarte compensa tal custo de aquisição de novos animais (Tabela 4). O desempenho animal do presente sistema é de aproximadamente 16,2@/ha/ano, corroborando com as 8,0-18,0 @/ha/ano citadas por Martha Júnior et al. (2006) em sistema pastoril com adubação moderada na região do Cerrado. De acordo com tais autores, o desempenho animal em pastagem degradada e em pecuária tradicional é de 0,8-2,0 e 2,5-7,0 @/ha/ano, respectivamente, demonstrando que o correto manejo e a adubação de manutenção da pastagem proporcionam ganhos em produtividade.

Tabela 3. Custos anuais variáveis

Tabela 4. Produção e receitas anuais

A lucratividade do sistema foi de 12,63% e considerando renda mensal para o produtor de três salários mínimos (R$ 1.635,00), a renda mensal da propriedade é de R$ 342,14 (Tabela 5). No entanto, vale ressaltar que foi considerada a média histórica da @ do boi. Se fosse considerado os valores do dia 14/03/2011 divulgados pelo BeefPoint (R$ 103,00 e R$ 95,00 para @ de boi e vaca, respectivamente), a lucratividade aumentaria para 39,46%, com elevação da renda mensal da propriedade para R$ 7.278,19, além dos mesmos três salários mínimos como renda mensal para o produtor. Portanto, melhores resultados do sistema também são dependentes do preço pago pela @ em determinada época. Assim, pode-se afirmar que no momento, a pecuária de corte é uma atividade bastante lucrativa. Porém, a médio/longo prazo tal situação pode ser alterada.

Tabela 5. Margens econômicas anuais e renda mensal do produtor e da propriedade

No contexto da interação dos aspectos econômicos e ambientais, o presente sistema desponta como uma opção viável com potencial para a intensificação da produção agrícola e aumento da lucratividade. Também é possível a redução dos riscos de degradação do solo e melhor aproveitamento das áreas agrícolas durante todo o ano, o que consequentemente diminui a necessidade de abertura de novas áreas, principalmente advindas do desmatamento. A diversificação da produção desse sistema também traz benefícios sociais, gerando empregos diretos e indiretos, além da distribuição mais uniforme da renda, o que favorece a fixação do homem no campo.

Referências bibliográficas
BARROS, A. L. M. et al. Avaliação dos impactos da adubação nos custos de produção da pecuária de corte. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 22., 2005, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, 2005. p. 387-403.

CORRÊA, L.A. Produção intensiva de carne bovina a pasto. In: POTT, E.B.; PAINO, C.R.S.; ALENCAR, S.B. (Eds.). CONVENÇÃO NACIONAL DA RAÇA CANCHIM, 3., 1997, São Carlos. Anais. São Carlos: EMBRAPA-CPPSE/São Paulo: ABCCAN, 1997. p.99-105.

MARTHA JÚNIOR, G.B.; VILELA, L.; BARCELLOS, A.O. A produção animal em pastagens no Brasil: uso do conhecimento técnico e resultados. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 23., 2006, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, 2006, p.87-137.

14 Comments

  1. Antonio Batista Sancevero disse:

    Parabéns. Excelente trabalho. Na minha maneira de ver pode ser enquadrado no “top ten”.

  2. Railso Lessa Souza disse:

    Parabenizo os autores pelo excelente trabalho.

  3. jose mauricio moreira filho disse:

    Otimo trabalho!
    Pela pouca experiencia na area, posso estar fazendo uma colocacao indevida! Sera que eu tambem poderia considerar o custo com depreciacao( R$46.465.03) como um retorno pelo capital investido( R$ 674.725.32)?  

  4. Cristiano Pariz disse:

    Em nome de todos os autores, agradeço os comentários e nos encontramos à disposição para trocar conhecimentos com os leitores.

  5. Cristiano Pariz disse:

    Em nome de todos os autores, agradeço os comentários e nos encontramos à disposição para trocar conhecimentos com os leitores.

  6. Cristiano Pariz disse:

    Prezado José Maurício Moreira Filho

    Bom dia

    Obrigado pelo contato.

    Quando discutimos custos de produção, uma pergunta natural é quanto à taxa de depreciação. Para responder tal pergunta é necessário conhecer a vida útil ou o número de anos de produção de uma cultura, bem como, a vida útil de máquinas, implementos agrícolas e benfeitorias.

    Na pecuária, também está sujeito à depreciação o gado reprodutor (touro e vacas), animais de trabalho e outros animais contabilizados no Ativo Permanente da empresa, pois se trata de ativos que possuem vida útil limitada, uma vez que com o passar dos anos eles perdem sua capacidade de produção ou trabalho.

    Tais taxas de depreciação podem ser consultadas com profissionais da área ou em livros de administração de custos na agropecuária. Geralmente, o produtor também tem um bom conhecimento da vida útil de seus bens.

    Assim, o custo com depreciação não pode ser considerado como um retorno pelo capital investido. Tal custo é uma reserva financeira que o produtor deve fazer para aquisição de um novo bem (máquinas, implementos, animais) ou benfeitorias, quando atingir o limite de sua vida útil. Poucos produtores contabilizam a depreciação nos seus custos de produção, o que dificulta tais aquisições e em muitos casos, comprometem a atividade agropecuária.

    No presente trabalho, consideramos vida útil média de 10 anos para todos os bens. Porém esse tempo pode variar entre propriedade e intensidade de utilização do bem. A pastagem não foi depreciada, considerando que quando bem manejada e com correta reposição de nutrientes, a mesma mantém a perenização por tempo indeterminado, não necessitando de recuperação ou reforma. Porém, não é o que se verifica na grande maioria das propriedades, onde após 2 ou 3 anos de implantação, a pastagem diminui seu potencial de produção e inicia o processo de degradação, culminando inclusive muitas vezes com a degradação do solo.

    Espero ter esclarecido vossa dúvida e me encontro a disposição.

    Att.

    Cristiano Magalhães Pariz

  7. edimara souza disse:

    O estudo é excelente, mas está fora da situação atual. Está no IDEAL (3 a 6 UA). A propriedade brasileira em média suporta apenas  UA.. O grande problema da pecuária, especialmente do pequeno e médio produtor  é, em primeiro lugar,  sobreviver. Depois pensar em gnética e ainda em renovação/recuperação das pastagens. O grande desafio aos pesquisadores é apresentar um projeto real e efetivo como, por exemplo, um produtor com 48 hectares, 50 vacas, 20 bezerros, com pastagem degradada, que tem que fornecer proteinado na seca e não possui condições de sobreviver dignamente e efetuar melhoria na propriedade. E, pior que isso, está totalmente descapitalizado.  Para mudar a realidade brasileira, há que se trabalhar com a realidade, em especial, com o médio produtor, que na minha região é aquele que ultrapassa 36 hectares.

  8. augusto andrade disse:

    edimara, concordo que esta fora da situacao atual mas se o medio/pequeno quiser sobreviver ele tera que renovar/recuperar as pastagens, porque senao, com uma lotacao de 1 UA ele nao sobrevive. Apos muitos anos de utilizacao inadequada do solo, se torna imprescindivel a recuperacao, e nao uma opcao. Tambem poderia fazer um trabalho sobre propriedades menores porem uma de 145 e uma media nacional e pode ser aplicado em menores, ao meu ver.
    parabens pelo excelente trabalho!!!!

  9. Cristiano Velloso disse:

    A definição dos 145 ha de modulo minimo foi gerado baseado sobre que dados?
    Podem fornecer indicação bibliografica que da base para esta definição?

  10. Célio marcos disse:

    Bom dia, parabens pelo exelente conteudo publicado, gostaria de um estudo assim com base em um investimento que estou prestes a fazer iniciando com 50 unidades apenas para bate. Se possivel ficarei grato.

  11. Sebastião Jaccoud Junior disse:

    Otimização do trabalho!
    Excelente.

  12. Sebastião Jaccoud Junior disse:

    Excelente!

    Facilita nossos trabalhos com projetos no âmbito da Agricultura Familiar e médio produtores.
    Uma importante fonte, para dirimir dúvidas bem como tomada de decisões.

  13. valdomiro cheron disse:

    Estou me interesando agora pela agropecuaria, gostaria de saber o preço de aluguel de pasto e se possui algum para alugar na região norte do Parana

  14. Carlos Henrique Parise disse:

    Seria possível republicar esse estudo, com dados atuais?
    Hoje a cotação da @ no estado de SP gira em torno de R$ 150,00, entretanto não sei se há proporcionalidade linear entre o preço da @ e os demais preços dos fatores considerados nas tabelas deste estudo, o que impossibilita atualizar apenas multiplicando-os pela relação entre o preço atual da @,pelo preço da cotação da @ da época do estudo.

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