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Ministério da Agricultura recomenda que sacrifício de animais seja última opção

O Ministério da Agricultura emitiu no início de maio um documento com
recomendações oficiais para o eventual sacrifício de animais. O Valor teve acesso à lista de orientações feitas para a possível necessidade de aplicação da medida em meio ao fechamento de frigoríficos devido à pandemia da covid-19.

A Pasta reforça que o “despovoamento” só deve ser considerado como último recurso, mas que já deve estar previsto em um plano de contingência da propriedade rural ou da empresa ou cooperativa responsável pelo plantel. O plano deve conter métodos de sacrifício, destinação de carcaças e resíduos e os procedimentos operacionais para as ações.

O ministério recomenda a adoção de “todas as medidas possíveis para adequação entre oferta de animais e a capacidade de abate” para evitar o sacrifício. Entre as ações orientadas, está o redirecionamento dos “animais para abate em outros estabelecimentos, com aproveitamento máximo da capacidade instalada dos abatedouros frigoríficos da região”.

No documento, o atraso no ciclo de produção também é citado como uma das medidas para tentar evitar o sacrifício. Reduzir a oferta no campo é outra possibilidade, já feita quando há condições adversas de mercado, como demanda enfraquecida ou oferta excessiva. Nesses momentos, a adequação é realizada, por exemplo, por meio do descarte antecipado de matrizes ou ajustes do manejo reprodutivo e nutricional dos plantéis.

No caso de abate dos animais em outro frigorífico que não aquele ao qual o animal serial originalmente destinado, a logística de deslocamento é responsabilidade das empresas, mas o ministério acompanha para o processo de inspeção.

“Quando existe o remanejamento, os Serviços de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoas) comunicam-se entre si para organizar a inspeção”, explicou uma fonte da indústria. O ministério diz que autoriza abates em turnos extras para suprir a demanda.

Se o sacrifício for necessário, o ministério diz que ele deve ser feito segundo recomendações dos órgãos estaduais de sanidade agropecuária, e desde que previamente autorizado. O abatedouro interditado depende de autorização para ser utilizado para o sacrifício. Caso contrário, a atividade deve ser realizada em propriedade rural definida no plano de contingência.

O documento do ministério da Agricultura diz que a ação precisa respeitar normas de bem-estar animal e ser comunicada ao órgão de sanidade local com o registro das atividades em formulário e a regularização de saldo de animais em sistema informatizado.

Conforme o veterinário Adroaldo Zanella, especialista em bem-estar animal e professor da Universidade de São Paulo (USP), o sacrifício, quando estritamente necessário, precisa seguir as regras do Conselho Federal de Medicina Veterinária.

Um veterinário treinado precisa acompanhar o processo. No caso das aves, um dos métodos utilizados para o sacrifício nas granjas é uso de dióxido de carbono (CO2), distribuído por meio de uma espuma que induz ao estado de insensibilização e, consequentemente, leva os frangos à morte.

De acordo com Zanella, o sacrifício de animais por causa da pandemia vem preocupando a comunidade veterinária em todo o mundo. Na semana passada, ele participou de uma reunião sobre o tema com representantes da Comissão Europeia, Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e membros da associação de veterinários dos EUA, União Europeia e de São Paulo. (Colaborou Luiz Henrique

Fonte: Valor Econômico.

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