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Minerva quer zerar até 2035 suas emissões de carbono

A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, anunciou ontem que pretende zerar suas emissões líquidas de carbono até 2035, com iniciativas que deverão exigir investimentos de R$ 1,5 bilhão. A meta é mais ambiciosa que a anunciada há três semanas pela JBS, que quer zerar suas emissões líquidas até 2040, e também que o plano de intenções divulgado pela Marfrig, que mira 2050. 

Parte central da estratégia da Minerva para alcançar o objetivo é monitorar o desmate em sua cadeia de fornecimento e erradicação o desmatamento ilegal até 2030. Para isso, a companhia avançará na rastreabilidade de todo o gado que abate no continente até 2030, incluindo os animais que passam por fornecedores indiretos – que vendem para as fazendas onde há a engorda final. 

Já para o desmate legal, a empresa não apresentou meta, diferentemente de suas concorrentes. “Reconhecemos a soberania dos países onde operamos. Cada país tem seu momento de maturidade”, disse Taciano Custódio, diretor de sustentabilidade da Minerva, em entrevista coletiva. O executivo mencionou diferenças entre os países em que a empresa atua e que alguns deles, como o Paraguai, não têm tantos instrumentos de verificação dos produtores quanto o Brasil, que divulga seus dados de desmatamento e tem listas de trabalho escravo e de áreas embargadas por infrações ambientais, por exemplo. 

No Brasil, a Minerva deve manter o rastreamento dos fornecedores diretos – que, segundo a empresa já cobre 100% dos biomas em que atua. Até o fim do ano, o monitoramento de fornecedores deve ser concluído no Paraguai. O trabalho chegará a 100% na Colômbia em 2023, no Uruguai em 2025 e nos demais países até 2030. 

Para fazer o monitoramento, a Minerva integrará a ferramenta Visipec ao seu sistema de monitoramento geográfico para a Amazônia. A companhia começou a testar o instrumento – desenvolvido pela Universidade de Wisconsin em parceria com a National Wildlife Federation (NWF) – em meados de 2020. Ele permite avaliar riscos relacionados às fazendas de fornecimento indireto.

Os resultados preliminares do Visipec, afirma a Minerva, mostram mais de 99% de conformidade para as fazendas indiretas de nível 1 identificadas pela ferramenta, de acordo com os critérios definidos pelo Grupo de Trabalho dos Fornecedores Indiretos. 

Por meio de um aplicativo de verificação de fornecedores desenvolvido pela Niceplanet Geotecnologia, a empresa também fornecerá aos produtores a tecnologia geoespacial que adota no monitoramento. A tecnologia estará disponível aos pecuaristas do Brasil até dezembro deste ano e até 2030 aos produtores dos demais países. 

Os fornecedores de gado da Minerva também receberão apoio para reduzirem suas emissões. A companhia selecionará metade de seus fornecedores para participarem do Novo Programa de Baixa Emissão de Carbono até 2030, pelo qual terão suporte para verificar as emissões nas fazendas e para restaurar vegetação nativa. 

O programa prevê ainda pagar os fornecedores pela adoção de práticas produtivas sustentáveis. A Minerva fará parcerias com grupos dispostos a pagar por esses serviços e com instituições financeiras e prevê resultados preliminares ainda neste ano.

A meta de neutralidade de carbono da Minerva também deverá ser alcançada por meio da redução das emissões de suas próprias operações. Nos escopos 1 e 2 do GHG Protocol, que se referem às emissões das operações diretas, a companhia quer reduzir a intensidade das emissões de gases de efeito estufa em 30% até 2030, com base na pegada das emissões de 2020. 

Segundo Custódio, a opção por uma meta baseada na intensidade de emissões, e não nas emissões brutas, foi feita “para que a empresa se permita crescer com novas operações na América do Sul até 2030, garantindo uma pegada de carbono reduzida de maneira geral”. Ele afirmou, porém, que o alvo ainda pode ser revisto para cima.

A Minerva não estabeleceu um objetivo específico para a redução das emissões dos fornecedores (inseridas no escopo 3). O motivo, diz Custódio, é que a empresa ainda não tem todos os fornecedores de sua cadeia mapeados no continente – são mais de 12 mil. Mas as emissões do escopo 3 estão incluídas na meta geral para 2035, disse. 

A empresa afirma que toda a matriz energética que abastece suas operações (no escopo 2) já é renovável desde o ano passado, e que assim permanecerá. Em 2020, a Minerva neutralizou as emissões no escopo 2 com a compra de Certificados de Energia Renovável para suas operações. 

A parcela das emissões brutas que a Minerva não conseguir reduzir também será compensada com outras iniciativas, como melhorias em sistemas de tratamentos de efluentes. Em 2020, essas ações permitiram remover 38 mil toneladas equivalentes em gás carbônico.

Fonte: Valor Econômico.

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