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Minerva mais que dobra confinamento para garantir entressafra

O frigorífico Minerva mais que duplicou o confinamento bovino em 2011, em estratégia para compensar a oferta restrita de boi gordo para o abate na entressafra, durante período de estiagem, disse executivo da companhia.

Em 2011, a companhia estima o confinamento entre 80 a 85 mil cabeças de gado, contra cerca de 35 mil cabeças do ano anterior.

Numa situação de aperto no mercado, o Minerva tem como alternativa utilizar os animais que passaram por engorda nos próprios confinamentos.

A companhia tem três confinamentos próprios, um recém-construído em Araguaína (TO), e os de Rolim Moura (RO) e Assunção, no Paraguai, além de uma unidade arrendada em Barretos. Os animais criados neste sistema garantem a oferta de boi gordo no período seco, em que as pastagens se tornam insuficientes para manutenção do peso.

Para Leonardo Alencar, da área de pesquisa de mercado, do Frigorífico Minerva, a estratégia, porém, não muda a forma de atuar do frigorífico, que vem buscando estreitar relações com o segmento produtivo, oferecendo alternativas como as operações a termo, que servem de opção para pecuaristas que querem garantia de preço mínimo para o boi gordo.

“Se o produtor optar por esta operação ele garante um preço mínimo. Mas se o preço subir, ele recebe o preço de mercado no dia da operação”, explicou.

O executivo afirmou que apesar das margens apertadas, com as quais o setor vem trabalhando, por conta da alta dos insumos, o confinamento ainda é uma alternativa que garante rentabilidade, por conta de uma firme participação no mercado interno.

Em 2010, 25% da produção do frigorífico era exportada. Neste ano, segundo Alecar, este porcentual vem oscilando entre 15 e 20 por cento.

Em palestra a pecuaristas da região, o consultor e diretor da Bigma Consultoria, Maurício Nogueira, estimou que os preços do boi gordo devem seguir firmes, por conta da baixa oferta de animais prontos para o abate.

“Temos visto pastos melhores. De modo geral, em boas condições, mas na verdade faltam animais mais pesados para o abate. O peso médio dos animais está mais baixo”, disse ele, observando que desta forma o pecuarista tem perdas porque deixa de aproveitar todo o potencial produtivo do animal.

O consultor apontou a estiagem prolongada no ano passado como outro fator de sustentação dos preços. A seca adiou o processo de recuperação das pastagens no último trimestre do ano passado, afetando o índice de fertilidade das vacas. Por isso, houve um pequeno aumento nos abates de matrizes, o que posteriormente implicará em oferta menor de bezerros, que normalmente seguiriam para o processo de recria e engorda até ficarem prontos para o abate.

“No ano que vem se tiver esta falta de animais (bezerro), o Brasil pode até perder um pouco de participação no mercado internacional”, alertou o consultor.

Em sua palestra, ele mostrou um histórico que aponta uma redução gradativa nas margens obtidas pelos pecuaristas desde os anos 70, quando chegava a quase 40% em média. Na década dos anos 2000, esta margem média caiu para 19%. Neste ano, a margem média até o momento oscila próximo de 17%.

“Esta redução de margem, vocês (pecuaristas) sentiram no bolso. Se quiserem recuperar as margens, terão que produzir mais, melhorar a produtividade”, disse, acrescentando que isso deve ocorrer através da melhora no manejo das pastagens e em outras etapas do processo produtivo.

Fonte: jornal Estado de SP, adpatada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Emerson Figueira disse:

    "Numa situação de aperto no mercado, o Minerva tem como alternativa utilizar os animais que passaram por engorda nos próprios confinamentos."

    Leia-se:

    Numa situação de aperto no mercado, o Minerva (e os outros grandes frigoríficos com grandes confinamentos) tem como alternativa utilizar os animais que passaram por engorda nos próprios confinamentos, forçando assim uma diminuição da demanda e consequentemente uma baixa do preço da arroba paga ao produtor.

    A pecuária (e a agricultura também) forma um sistema no qual a relação entre vendedores e compradores é muito alta;  

    Por isso, o sistema fica invertido e quem faz cotação de preço não é quem compra (como num sistema convecional). mas quem vende. Quem põe o preço é quem compra. O vendedor apenas cota o melhor preço.

    Nesse sistema, a lei da oferta e procura é facilmente manipulada pelos compradores.  

    Os poucos compradores podem fazer isso de 2 maneiras:

    1- formando cartel (o que é ilegal e teoricamente não deveria existir),ou

    2- manipulando a demanda, tornando-se eles mesmos grandes vendedores.

    É preciso limitar o abate diário de animais próprios dos frigoríficos.

  2. Leonardo Rodrigo Sallum Bacco disse:

    Prezada Jussara,

    Concordo com tudo que você disse, exceto com controlar o abate diário de animais próprios dos frigoríficos, porque além de ser uma medida impossível de ser fiscalizada (pois pode-se trabalhar com laranjas), fere a livre iniciativa de mercado.

    Acredito que o problema somos nós pecuaristas, que produzimos mais do que o mercado está disposto a comprar. Aí a famosa Lei da Oferta e Demanda é cruel conosco…

    Tenho minhas dúvidas se 70.000 bois fazem alguma diferença num mercado de milhõesa de cabeças… mas talvez fosse o caso de os pecuaristas se reunirem e não venderem bois para frigoríficos com confinamento próprio. Todos se reunem, decidem isso e pronto! Nenhum frigorífico mais abriria confinamentos. Entretanto, seria preciso ter "muita opinião" pra recusar uma eventual melhor oferta por parte desse frigorífico e vender para outro só pra "contribuir com a causa" e com os amigos pecuaristas, concorda?

    Infelizmente, o hedonismo nos domina e preferimos R$ 1,00 a mais por arroba hoje do que criar uma classe forte e respeitada!!!

    Por outro lado, como todo pecuarista, já estou enjoado de meter o pau só nos frigoríficos. Acho que já é hora de questionarmos porque o varejo possui margem tão alta… e porque quando a @ cai a carne não abaixa no mercado.

  3. Emerson Figueira disse:

    Leonardo,
    Realmente estamos num beco sem saída. Tão, ou mais, difícil quanto controlar os abates dos animais próprios do frigorífico é conseguir união entre os produtores.
    Mas acho que não podemos desistir, pois no meio de idéias "malucas" talvez apareça alguma que seja viável.
    Quanto aos 70.000 animais a mais confinados, eles em sí não fazem muita diferença, mas quando o frigorífico usa esses animais de maneira intensa, por exemplo, abatendo metade da produção diária com esses animais, bastam 5 ou 6 dias (num grande frigorífico seriam cerda de 1000 animais por dia, ou apenas 6 mil na semana) para o mercado ficar com sobra de boi gordo; daí eles param as compras por esses dias, jogam o preço prá baixo, e nós ficamos com medo e entregamos nossos animais a qualquer preço, temendo que a situação piore ainda mais.
    Nós não podemos privar os frigoríficos do direito de se protegerem de nós produtores, mas a balança pende muito mais a favor deles.
    Quanto ao varejo, concordo completamente. Eles manipulam o mercado ainda mais que os frigoríficos. Manipulam nas duas pontas, a do consumidor e do fornecedor.
    Minha tese é esta:
    Eles mantem os preços altos para obter lucros de duas maneiras:
    uma diretamente com a margem de lucro sobre a carne,
    a outra, mantendo o preço alto e evitando que a demanda aumente muito e falte carne. Pois isso os obrigariam a terem que ficar nas mãos dos frigoríficos que, obviamente, aumentariam os preços, o que diminuiria suas margens de lucros. Parece que, neste caso, eles preferem ganhar no preço e não no volume de vendas.
    Na verdade, os pecuaristas e os frigoríficos estão nas maõs dos grandes varejistas.
    Um abraço, e vamos em frente. É melhor correr do que ficar "esperando o bicho pegar".

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