Quatro anos depois, a Minerva Foods voltará a pagar dividendos. Sustentada pelo momento positivo da exportação de carne bovina e por uma política de hedge cambial que evitou o impacto negativo da apreciação do dólar, o frigorífico antecipará o pagamento de proventos aos acionistas. Com isso, cumpre a promessa feita pelos executivos da companhia no início do ano, quando a Minerva fez uma oferta subsequente de ações.
“Estamos entregando o que prometemos, melhor e mais cedo”, disse, em entrevista ao Valor, o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle. Diante do bom resultado de janeiro a setembro – o balanço do terceiro trimestre foi divulgado ontem -, a empresa distribuirá R$ 138,5 milhões (R$ 0,25783 por ação) em dividendos, 25% do lucro do período.
No acumulado do ano até setembro, a Minerva teve um lucro líquido de R$ 583 milhões, ante um prejuízo de R$ 227,5 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Somente no terceiro trimestre, o lucro líquido somou R$ 58,3 milhões, ante uma perda de R$ 82,7 milhões um ano antes. No trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 22% no comparativo anual, para R$ 554,2 milhões.
Em março, quando o resultado consolidado de 2020 for divulgado, a Minerva complementará o pagamento aos acionistas. Conforme a política de distribuição de dividendos aprovada neste ano, a empresa pagará 50% do lucro líquido – acima do mínimo de 25% exigido pela lei – se o índice de alavancagem (relação entre a dívida líquida e o Ebitda) estiver abaixo de 2,5 vezes.
A trajetória do indicador de endividamento da Minerva mostra que a distribuição de dividendos acima do obrigatório está a caminho. De acordo com o balanço trimestral divulgado ontem, o índice de alavancagem atingiu 2,2 vezes em setembro, queda de 0,4 vez na comparação com o nível de 2,6 vezes registrado pela companhia no fim de junho.
Segundo Ticle, a desalavancagem reflete a geração de caixa e a injeção de R$ 390 milhões feita pela gestora saudita Salic, maior acionista da Minerva com 33,83% do capital, por meio da subscrição antecipada de bônus. No terceiro trimestre, a Minerva teve um fluxo de caixa livre de R$ 581 milhões, o que ajudou na redução da dívida líquida.
De junho a setembro, o endividamento líquido da Minerva caiu 13%, para R$ 4,7 bilhões. Na mesma base de comparação, a dívida bruta foi reduzida em 1,6%, para R$ 12 bilhões. Os recursos disponíveis, em contrapartida, aumentaram 7,5%, somando R$ 7,3 bilhões.
Do ponto de vista operacional, a Minerva reportou uma melhora na utilização de capacidade em relação ao segundo trimestre, quando as medidas de distanciamento social adotadas como prevenção à covid-19 afetaram o ritmo de produção. No terceiro trimestre, a utilização de capacidade foi de 68,4%, ante 63,2% no trimestre anterior.
Na comparação com igual período do ano passado, quando a utilização estava em quase 80%, o desempenho é pior. Segundo Ticle, as medidas adotadas por causa da pandemia ainda afetaram a operação, embora em menor proporção.
O executivo não comenta, mas é fato que os abates de gado no Brasil vêm caindo devido à oferta mais restrita de animais. Assim, a pandemia não é o único motivo, de acordo com analistas do setor. A menor oferta de gado também ajuda a explicar a disparada do preço do boi, o que representa uma pressão sobre as margens da empresa. No terceiro trimestre, os abates da Minerva recuaram 13,7% na comparação anual, somando 814 mil cabeças.
Apesar da redução dos abates, a receita líquida da Minerva teve um salto no terceiro trimestre, puxada pela forte valorização dos preços da carne no mercado doméstico e pela apreciação do dólar, que aumenta o faturamento em reais da exportação de carne bovina – principal atividade da companhia.
Entre julho e setembro, a receita líquida da Minerva cresceu 13,9% na comparação anual, somando R$ 5,1 bilhões. No Brasil, o preço médio da carne in natura vendida pela Minerva aumentou 34,1%. Graças ao câmbio, o preço em reais da exportação a partir do Brasil subiu 28,5% na mesma base de comparação. Em relação ao segundo trimestre, porém, caiu 4%, o que também afeta as margens.
De julho a setembro, a margem Ebitda do grupo foi de 10,8%, acima dos 10,1% de um ano atrás mas abaixo dos 13,4% do segundo trimestre.
Fonte: Valor Econômico.
This post was published on 4 de novembro de 2020
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