Mercados Futuros – 28/09/07
28 de setembro de 2007
Sumário PAINT Consolidado 2007 já está disponível no site da Lagoa com representação gráfica da avaliação genética dos 27 mil touros
2 de outubro de 2007

Mês de Setembro e a pastagem acabou: O que fazer?

A estacionalidade de produção de plantas forrageiras é um reflexo das alterações na taxa de crescimento devido às mudanças na temperatura, na disponibilidade de água, no fotoperíodo e na intensidade de luz ao longo das estações do ano, e é fato já bem conhecido de técnicos e produtores, pois ocorre na maior parte do território brasileiro.

A estacionalidade de produção de plantas forrageiras é um reflexo das alterações na taxa de crescimento devido às mudanças na temperatura, na disponibilidade de água, no fotoperíodo e na intensidade de luz ao longo das estações do ano, e é fato já bem conhecido de técnicos e produtores, pois ocorre na maior parte do território brasileiro.

Este ano, com o prolongamento da seca em várias regiões, muitas propriedades já se encontram com séria restrições de alimento. Os proprietários rurais devem se precaver desta situação por meio do planejamento na propriedade, estimando, a partir da quantidade animais que deverá ser alimentada ao longo deste período, a necessidade de forragem para que não haja restrição para os animais.

Várias são as técnicas disponíveis e utilizadas para a solução do problema da estacionalidade de produção de plantas forrageiras. Uma delas seria o diferimento da pastagem, que consiste na produção de “feno em pé”, ou seja, deixar um piquete sem utilizá-lo no final do período de crescimento das plantas forrageiras, para então utilizá-lo na entressafra.

Para tal, é desejável utilizar-se espécies que apresentem bom potencial de crescimento e capacidade de manter seu valor nutritivo durante o período de vedação. Os capins do gênero Brachiaria (ex. capim-braquiarão, e, em especial o capim-braquiária-decumbens) e Cynodon (ex.: capim-coastcross) são mais recomendados para este tipo de manejo que aqueles do gênero Panicum (ex.: capim-colonião, capim-mombaça, etc.) (Tabela 1).

Tabela 1. Taxa de acúmulo de matéria seca de algumas espécies forrageiras em Nova Odessa, SP. Os dados são médias de anos de 1973/1974 e 1974/1975


Uma das preocupações no diferimento é a de acumular uma grande quantidade de forragem e evitar o tombamento das plantas em virtude de sua altura. O tombamento determina uma elevada perda da forragem, portanto, o pastejo deve ser realizado quando houver bastante massa de forragem acumulada, porém antes que o risco de tombamento se torne elevado.

Alguns grupos de pesquisa têm se dedicado a determinar a melhor época de diferimento e utilização das espécies forrageiras no país (tabela 2). A partir das informações apresentadas na tabela 2 é possível verificar que, de modo geral, os trabalhos recomendam que a vedação das pastagens seja feita entre Dezembro e Abril e a utilização, entre Junho e Setembro. O pastejo das áreas vedadas mais cedo deve ser diferido por menos tempo e essas áreas devem ser utilizadas primeiro, pois encontrarão melhores condições de crescimento.

Tabela 2. Época de diferimento recomendada para algumas espécies forrageiras


O produtor rural pode também realizar a adubação estratégica de sua pastagem no final do verão. Desta maneira estará acelerando o ritmo de crescimento da planta, aumentando a taxa de acúmulo de forragem e a qualidade da forragem ofertada. O pasto irá crescer com mais vigor no outono e rebrotar mais cedo na primavera.

Outra alternativa é a produção de cana-de-açúcar como volumoso para ser oferecida aos animais, este volumoso possui uma alta produção por unidade de área e conseqüentemente um menor custo de produção quando comparada a outras culturas; e também a época de colheita coincide com a época de estacionalidade na produção de forragem. Porém deve-se lembrar que esta planta tem limitações nutricionais, e, desse modo, deve ser fornecida associado à um alimento concentrado.

A suplementação com concentrado é alternativa para elevar a qualidade da dieta animal, sendo esta prática dependente do fornecimento de volumoso. Euclides et al. (1997) avaliou quatro alternativas de suplementação para animais mantidos em pastagens de B. decumbens, mostrando nos resultados obtidos, que a suplementação é uma alternativa que permite reduzir a idade de abate dos animais.

Tabela 3. Médias dos ganhos de peso diários (g/novilho/dia) dos animais suplementados ou não, durante os períodos seco e das águas, nos dois anos experimentais, e das idades de abate (meses)


Através de um bom planejamento para comercialização antecipada de animais gordos até o fim de fevereiro, período este em que o preço não caiu muito, é possível reduzir o número de animais que passarão o período de seca na fazenda, liberando assim, áreas de pastagens para vedação. No caso de confinamentos, também é reduzido o ciclo de abate dos animais mais pesados na fazenda, permitindo desta maneira uma folga para a pastagem, com uma boa oferta de forragem para os animais mais leves, evitando a degradação do pasto.

A estacionalidade da produção de forragens continua sendo uma das principais causas responsáveis pela baixa produtividade da pecuária nacional. Existem várias alternativas para alimentar o gado na seca e passar o período de entressafra com oferta de alimento para os animais na propriedade, estas alternativas devem ser encaixadas em um bom planejamento, podendo-se utilizar uma ou várias alternativas combinadas. Neste planejamento, deve-se levar em consideração, sistema de produção, estrutura da propriedade e capacitação dos funcionários para se conseguir aplicar as tecnologias propostas e assim superar o período crítico de déficit forrageiro.

Referências bibliográficas:

EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M.; OLIVEIRA, M.P.de. Beef cattle production on renovated grass pastures in the savannas of Brasil [ S.l. : s.n.], 1996, 9p. Trabalho apresentado no International Grassland Congress, 18., Canadá, 1997.

PEDREIRA, J.V.S.; MATTOS, H.B. Crescimento estacional de vinte e cinco espécies ou variedades de capins. Boletim da Indústria Animal, v.38, n.2, p.117-143,1981.

SANTOS, P.M.; BERNARDI, A.C.C. Diferimento do uso de pastagens. In: 22º Simpósio sobre Manejo de Pastagem, Ed. PEDREIRA, C.G.S. et al., p. 95-118, Piracicaba:FEALQ, 2005.

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