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Mercado interno de carne bovina: a visão da BR Foods (Perdigão + Sadia) (slides e artigo)

O consumo de proteína animal no Brasil já alcançou os níveis de países desenvolvidos. Há pelo menos 12 anos que o consumo interno de carne bovina é o mesmo: 36,9 kg/hab/ano. Como esse valor já é elevado, dificilmente aumentará. A saída, então, para aumentar a receita com o mercado interno é a agregação de valor nos cortes. A mudança no perfil do consumo interno de carne bovina se dará não só pelo crescimento da demanda devido ao aumento da população e da renda e queda no desemprego. Com a urbanização, o envelhecimento da população e os fatores sócio-culturais, a tendência é de ter produtos mais sofisticados, com maior praticidade e conveniência, e em menores porções. Com isso, está ocorrendo a migração do consumo de produto in natura para produtos preparados.

O consumo de proteína animal no Brasil já alcançou os níveis de países desenvolvidos. Há pelo menos 12 anos que o consumo interno de carne bovina é o mesmo: 36,9 kg/hab/ano. Todo crescimento de produção que estamos vendo tem dois destinos: crescimento vegetativo – que acompanha o crescimento da população – e a exportação.

Relacionando a renda per capita com o consumo per capita de carne bovina, teremos três cenários distintos. Os países em desenvolvimento, como Egito, México e Rússia ainda com condições de crescimento de renda e de consumo. Países como Coréia do Sul e Japão, com pequeno espaço para crescimento de renda e consumo. E países desenvolvidos, como EUA e Canadá, sem espaço para um alto crescimento.

No Brasil, apesar do atual aumento da renda da classe C, o consumo de carne bovina dificilmente atingirá níveis como dos EUA e Argentina. “O único lugar que a Argentina esta dando de goleada no Brasil é no consumo de carne bovina” O aumento de consumo de proteína por essas classes, inicia-se pelo consumo de frango seguido por carne suína e por último, carne bovina.

O Brasil já possui um volume per capita elevado, que dificilmente aumentará. A saída, então, para aumentar a receita com o mercado interno é a agregação de valor nos cortes.

Existem alguns fatores que influenciam o consumo nacional:
Mainstream: quando o consumidor tem maior poder de compra, ele migra do consumo de carne de aves e suínos, para o de carne bovina.

Praticidade: busca por produtos e lojas que supram a falta de tempo da vida urbana. Apresentação dos produtos em embalagens menores, lojas menores, e vendas on-line.

Faz bem: conscientização e preocupação do consumidor com a saúde e com o ambiente.

Sofisticação: busca por novidades e inovações, e produtos que atendam as necessidades cada vez mais específicas.

Indulgência: busca de produtos de maior valor agregado; desejo de experiência por compra e consumo.

O consumo de alimentos preparados teve um crescimento surpreendente nas últimas décadas. Em 1977 o consumo era de 1,7Kg, passando em 2007 para 5,4 Kg – um aumento de cerca de 300% – e para 6,8 Kg em 2009. Isso mostra a migração do consumo de produto in natura para produtos preparados.

Nesse ponto, a indústria de carne bovina está 10 anos atrás da indústria de carne de frango. Antigamente, comprava-se um frango inteiro, e migrou-se para frango cortado, depois em bandejas, marinado, temperado e empanado. O mesmo tende a acontecer com a carne bovina, mas só agora isso começa a acontecer.

Estatísticas do IBGE apontam que, quanto maior a renda há mais gastos com alimentação fora do domicílio. Sendo que, o consumidor com renda de até R$400,00/mês, gasta 18% com alimentação fora de casa. E para aqueles com renda acima de R$2.500,00/mês, esse valor sobe para 37%.

Assim, com o aumentou a renda, as pessoas passam a fazer mais refeições em restaurantes, que passam a ser um cliente diferenciado dos tradicionais açougues. Os restaurantes não querem manipular a carne, como os açougueiros faziam. Eles são especializados em servir o consumidor e é nisso que eles querem investir.

Outros mercados que irão aumentar o consumo de carne manipulada são os restaurantes industriais, as redes de fast food e os açougues de supermercados. A parte de manipulação vai passar para os frigoríficos, incluindo as perdas desse processamento.

A mudança no perfil do consumo interno de carne bovina se dará não só pelo crescimento da demanda devido ao aumento da população e da renda e queda no desemprego. Com a urbanização, o envelhecimento da população e os fatores sócio-culturais, a tendência é de ter produtos mais sofisticados, com maior praticidade e conveniência, e em menores porções.

Assim, os tradicionais açougues irão cair em desuso, sendo substituídos por açougues especializados. O consumidor irá buscar conveniência e praticidade, através de facilidades na compra e uso dos produtos.

As vendas de bandejas com cortes prontos nos supermercado poderão aumentar, devido aos consumidores que moram sozinhos, mas o grande diferencial será o setor de Food Service – restaurantes, hotéis e catering – que serão abastecidos com carnes com valor agregado já vindo do frigorífico.

Hoje a carne bovina representa 6% do faturamento da Sadia, mas o mercado é grande e está consolidado. 90% da exportações brasileiras estão na Abiec e representam menos de 55% da carne brasileira. A quantidade de frigoríficos espalhados pontualmente ainda é muito grande, mas o Brasil está no caminho certo e as tendências para o mercado interno são bastante otimistas, amenizando um pouco as problemáticas das vendas para o mercado externo.

O grande desafio hoje para a carne bovina é a criação e divulgação de marcas que despertem a confiança do consumidor, repetindo o sucesso do frango e do suíno.

Esse artigo é baseado na palestra Mercado interno de carne bovina: a visão da BR Foods (Perdigão + Sadia), apresentada por Marcus Braun, gerente executivo da Sadia para mercado interno de carne bovina, no Workshop Mercado do Boi, realizado pela AgriPoint em 20 de maio 2010.

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1 Comment

  1. Leonardo Francsco Ferreira Lima disse:

    Realmente o food service é o mercado que cresce a um ritmo acelerado, o que não entendo é porquê as empresas fabricantes de produto para este mercado gasta significativamente com rótulos nas embalagens, as informações necessárias é apenas o cnpj que fabricou e seu respectivo SIF, sendo assim, poderiam reduzir sigificativamente o preço das embalagens, outro ponto é tamanho das embalagens, as porções maiores garantem economia de embalagem bem como maior produtivdade na linha.

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