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Menos dependente do Brasil, JBS lucrou R$ 7,6 bi no terceiro trimestre

Os Estados Unidos provaram, mais uma vez, por que a JBS depende cada vez menos do Brasil – em tempos de custos galopantes e embargo chinês, não é uma má notícia para os acionistas. Maior empresa privada do país, com faturamento anual de quase R$ 330 bilhões, a companhia dos irmãos Batista acaba de registrar um dos melhores resultados da história no terceiro trimestre. 

Puxada pela forte demanda americana por carne bovina, a JBS lucrou R$ 7,6 bilhões no período, mais que o dobro do resultado do terceiro trimestre do ano passado, quando a companhia teve um lucro de R$ 3,1 bilhões. Na mesma base de comparação, a receita líquida aumentou 32,2%, atingindo R$ 92,6 bilhões. Atualmente, o Brasil responde por 25% do faturamento da empresa.

“Às vezes, a gente não se dá conta do tamanho”, afirmou o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista ao Valor. Os números superlativos ainda não consideram aquisições feitas recentemente, sobretudo no exterior, que vão agregar US$ 2 bilhões em vendas anuais.

No trimestre, a operação americana de carne bovina foi o principal destaque. A unidade JBS USA Beef – que também contempla as operações no Canadá e na Austrália, onde a seca ainda afeta a rentabilidade –, triplicou o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), somando R$ 8,4 bilhões, o equivalente a 60% do consolidado. A margem Ebitda da divisão pulou mais de dez pontos, de 9,6% no terceiro trimestre do ano passado para 21,8%, um novo recorde. 

Considerando todos os negócios, o Ebitda da JBS chegou a R$ 13,9 bilhões no trimestre, aumento de 74,2% na comparação anual. A margem do grupo cresceu 3,6% no intervalo, de 11,4% a 15%. 

No Brasil – onde ficam as divisões Seara e Friboi –, os negócios mostraram mais uma vez o peso dos custos (grãos e boi gordo). No trimestre, o Ebitda da Seara caiu 10,2%, para R$ 984 milhões. Com isso, a margem Ebitda do negócio de frango, suínos e alimentos processados registrou uma contração de 5,5 pontos, para 10,2%. No caso da Friboi, a margem Ebitda recuou 1,4 pontos, a 6,1%. Nesse caso, o embago chinês – anunciado no fim do trimestre – ainda não teve efeito, e provavelmente derrubará o resultado do negócio brasileiro de carne bovina no quarto trimestre. 

Em um sinal do menor peso do Brasil nos negócios, Tomazoni disse que o embargo da China tem um efeito significativo sobre a Friboi. O país asiático responde por cerca de 50% da exportação, mais ou menos um quarto da receita da divisão. Sem destino para a carne que iria à China, a JBS reduziu fortemente os abates no Brasil. No entanto, a divisão é apenas uma fração do grupo – 15% do total. “A China é 3,75% disso”, disse o CEO, salientando o perfil global da companhia.

Financeiramente, os acionistas talvez não tenham muito do que reclamar. Diante do momento favorável nos EUA e da forte geração de caixa – foram mais de R$ 7 bilhões em caixa livre no terceiro trimestre, o conselho da JBS aprovou a distribuição de mais R$ 2,4 bilhões em dividendos (R$ 1 por ação). Como o grupo já havia pago R$ 5 bilhões em proventos em 2021, o dividend yield fica em 8%. Ao contabilizar as recompras de ações, de R$ 7 bilhões até outubro, o retorno ao acionista já chegou a 15%, destacou o CFO da companhia, Guilherme Cavalcanti. 

Além de remunerar o acionista, a JBS vem conseguindo fazer aquisições e, ao mesmo tempo, melhorar as métricas de crédito, cortando despesas financeiras. Recentemente, o grupo obteve o rating de grau de investimento Moodyʼs. Com duas agências de risco avaliando a JBS assim – a Fitch já havia conferido o selo anteriormente –, Cavalcanti já nota uma redução potencial do custo de dívida da companhia, o que poderá ser conseguido com a recompra de bonds em 2022. 

Antes do grau de investimento a Moody’s, a JBS calculava que poderia economizar mais cerca de US$ 150 milhões em despesas anuais. Com o selo, o mercado secundário de bonds sinaliza essa economia pode chegar mais de US$ 200 milhões – metade disso poderá ser apropriado no ano que vem, de acordo com o CFO. Nesse cenário de despesas financeiras menores, a JBS vem reduzindo o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda). O indicador passou de 1,61 vez em junho para 1,52 vezes em setembro. Em dólares, saiu de 1,73 vez para 1,49 vez. 

No horizonte, a JBS reiterou os planos de listar os negócios em uma bolsa nos Estados Unidos. “Se nada mudar no horizonte, nós vamos estar listados nos EUA em 2022”, ressaltou Tomazoni. 

Fonte: Valor Econômico.

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