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McDonald’s e sustentabilidade – é preciso definir e divulgar as metas de compras crescentes (cronograma) de carne com as garantias desejadas

José Ricardo Skowronek Rezende, pecuarista, formado em administração pela FGV e computação pela Mackenzie, comentou o artigo no BeefPoint, entitulado – Como um “Big Mac” se torna sustentável? Confira o comentário na íntegra!

A preocupação com o impacto das ações de fornecedores sobre a imagem de empresas e marcas é crescente e não se restringe absolutamente ao setor alimentar.

Lembram-se há alguns anos um escândalo mundial envolvendo trabalho infantil por fornecedores asiáticos da Nike? E do boicote que se seguiu aos seus produtos por consumidores que não queriam indiretamente contribuir para uma situação destas? O prejuízo fez a Nike rever contratos com fornecedores.

Mas, qual o motivo destas garantias contratuais não terem sido pensadas antes? Por desconhecimento da realidade da cadeia de fornecedores eleitos? Não acredito. Suponho que a prioridade na época era outra. Provavelmente era manter custos baixos. Só quando esta estratégia resultou em perda de vendas a direção da companhia mudou de política.

A matéria a respeito dos dilemas do McDonald’s é muito boa ao expor a complexidade de ajustes para elevar a “sustentabilidade” envolvendo toda a cadeia produtiva da carne. E mesmo ao expor a dificuldade de definir o que seja sustentabilidade, como aferi-la, assegura-la e certifica-la.

Também concordo com a declaração de que provavelmente a distribuição dos produtores em relação a “sustentabilidade” siga uma curva normal, com o grosso dos pecuaristas possuindo um padrão de razoável a bom.

Só que se não houver movimento da cadeia em direção a algumas melhorias, os que estão aquém em relação a “sustentabilidade” desejada continuarão operando nos mesmos moldes e não evoluiremos. E em termos de gestão de risco de imagem de uma empresa como o McDonald’s é nota zero ter fornecedores, ainda que não sejam a maioria, que podem ser associados a práticas que o consumidor rejeita.

A pergunta é então porque o McDonald’s ainda não incluiu em seus contratos com os fornecedores cláusulas que garantam a “sustentabilidade” da operação? Não é por desconhecimento da realidade da cadeia. Provavelmente ainda não incluiu pela mesma razão da Nike no passado. Porque está preocupado com os custos e ainda não está disposto a pagar por estas garantias.

Concordo que a implantação de processos que garantam esta sustentabilidade da cadeia serão graduais. E passarão inevitavelmente pela rastreabilidade dos animais. Em uma atividade onde um mesmo animal passa ao longo da vida por duas ou mais propriedades é impossível garantias sem estes controles. Esqueçam soluções que “vendam” facilidades.

Mas, se os ajustes são complexos e queremos avançar o que precisamos é começar logo. E o começo passa pela definição e divulgação pública de metas de compras crescentes (cronograma) de carne com as garantias desejadas, bem como pela instituição de incentivos financeiros ou comerciais às práticas desejadas.

É assim que o McDonald’s enviará sinais positivos aos consumidores, a sociedade civil em geral, aos frigoríficos e estes aos pecuaristas. E que espero estejam de fato sendo incorporados a sua nova política.

Só não é honesto pensarmos que bancando uma fazenda piloto, o McDonald’s encontrará a solução mágica.

Clique no link abaixo e confira o artigo na íntegra e demais comentários:

Como um “Big Mac” se torna sustentável? 

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