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Marfrig reduz dívida com geração forte de caixa nos EUA

A extraordinária geração de caixa nos EUA viabilizará a redução da dívida bruta da Marfrig. Pela primeira vez na história, a companhia está usando o dinheiro gerado na operação para resgatar títulos no exterior, um indicativo de que o pagamento de dividendos está cada vez mais perto. 

Em uma operação que permitirá uma economia de R$ 1 bilhão em juros, a companhia de Marcos Molina resgatará US$ 1,750 bilhão em títulos que vencem em 2024 e 2025, retirando os papéis de circulação e alongando o prazo de dívida. Do total, US$ 250 milhões vem do caixa da empresa. 

O restante será financiado com a emissão de US$ 1,5 bilhão em notes com vencimento em dez anos, operação fechada hoje, como antecipou o Valor PRO. Pelos títulos, a Marfrig pagará 3,95% aos investidores, a menor taxa de uma emissão já feita pela companhia, destaca Daniel Moreli, diretor de tesouraria da empresa, em entrevista ao Valor. 

Ao resgatar os papéis, o custo médio da dívida da Marfrig cairá de 5,8% ao ano para próximo de 4% por ano. A troca das papéis permitirá uma economia anual de US$ 45 milhões em juros. A valor presente, o montante é de R$ 1 bilhão. “Isso é 10% do valor de mercado da companhia”, comparou o vice-presidente de finanças e de relações com investidores do grupo, Tang David. 

A trajetória histórica dá uma dimensão do feito alcançado pela Marfrig. Em 2019, última emissão no exterior, o frigorífico emitiu um papel – também de dez anos — com cupom anual de 6,955%. O ambiente de juro baixo no mundo, é claro, contribui, mas a companhia também fez sua parte. 

Às voltas com um endividamento excessivo em grande parte da última década, a companhia se transformou nos últimos anos, queimando a língua dos apostavam na indisciplina financeira e no ímpeto expansionista de Marcos Molina. Desde 2018, quando comprou a National Beef – quarta maior indústria de carne bovina dos EUA – e vendeu a Keystone à Tyson, a maré virou. 

Aos poucos, a empresa reduziu as dívidas e voltou a lucrar, compensando prejuízos acumulados. Com a redução da dívida bruta, o caminho está cada vez mais pavimentado para que a Marfrig volte a pagar dividendos no início do ano que vem, com os resultados financeiros deste ano. As perspectivas operacionais no mercado americano, responsável por mais de 75% do faturamento da Marfrig, são positivas, mais do que compensando a dificuldade do boi mais caro aqui no Brasil. 

A expectativa na Marfrig é que a redução da dívida bruta e das despesas financeiras permitam a melhora do rating, que está dois níveis abaixo do grau de investimento – de acordo com a classificação da Fitch. 

Grandes aquisições estão “descartadas”, segundo Moreli. A geração de caixa será usada para reduzir a dívida bruta. 

Para David, também se abre uma oportunidade para que o mercado de ações reflita a situação financeira mais confortável da companhia. “O mercado de renda fixa reprecificou as mudanças que fizemos na Marfrig. O desafio agora é o mercado de ações”. Na B3, a Marfrig vale R$ 10 bilhões

Fonte: Valor Econômico.

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