Com boi em alta, Elanco prevê crescer até 5% no país em 2021
25 de fevereiro de 2021
Banco francês deixará de financiar empresas que desmatam Amazônia e Cerrado no Brasil
25 de fevereiro de 2021

Marfrig recebe US$ 30 milhões para garantir gado sem desmate no Cerrado e na Amazônia

A meta da Marfrig de garantir que nenhuma cabeça de gado que abate em suas unidades esteja associada ao desmatamento até 2030, que foi anunciada no ano passado, ganhou um reforço internacional. O fundo holandês &Green, voltado à promoção de cadeias agropecuárias sustentáveis, concedeu um empréstimo de US$ 30 milhões para que a companhia garanta gado livre de desmatamento no Cerrado e na Amazônia. 

O aporte está associado a uma série de compromissos e prevê que a Marfrig alcance uma cadeia livre de desmatamento legal na Amazônia até 2028 e no Cerrado até 2030, com metas escalonadas para diferentes tipos de fornecedores – diretos, de recria de animais, e de reprodução. Quanto ao desmatamento ilegal, a meta é eliminar a prática até 2025. 

O foco dos recursos será no rastreamento e apoio aos fornecedores indiretos – que entregam o gado aos criadores para a engorda final e que representam hoje o principal “buraco negro” na cadeia pecuária. No ano passado, a companhia já havia se comprometido a rastrear toda a sua cadeia até 2025. Para isso, a Marfrig está reforçando agora sua parceria com a organização Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH), que liderou o desenvolvimento do &Green. 

A companhia e o fundo elaboraram um plano de ação com uma série de metas a serem atingidas pelos próximos dez anos, abrangendo mais de 40 iniciativas, segundo Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e de comunicações da Marfrig. No caso de os objetivos serem alcançados antes do prazo, a Marfrig ganhará um desconto de 1 ponto percentual na taxa de juros do financiamento. 

Desde que anunciou seus compromissos para esta década, em meados de 2020, a Marfrig deu alguns passos. A companhia encerrou o ano conseguindo rastrear 62% do volume de abate de gado na Amazônia e 47% do abate de gado no Cerrado, incluindo tanto as criações de ciclo completo – do bezerro à engorda final – quanto as fazendas que atuam apenas em uma das fases de desenvolvimento dos animais. Um ano antes, a volume de gado rastreado na Amazônia era de menos de 50%, e no Cerrado, de 30%. 

Os fornecedores diretos já estão todos rastreados. A Marfrig calcula que, além dos 30 mil fornecedores diretos que possui nos dois biomas, existam para cada um 10 a 20 indiretos, o que implica uma cadeia de cerca de 300 mil fornecedores apenas da companhia. 

Apesar de haver pressão social e de governos para a exclusão da cadeia daqueles fornecedores que desmatam, a companhia avalia que o caminho é o da inclusão e apoio aos produtores. “Há estratégias de aumentar o nível de critérios e de exclusão, mas estamos convencidos que este não é o caminho. Não surtiu efeito em dez anos”, argumentou Pianez. A alternativa, defende, é o fornecimento de apoio na regularização ambiental, social ou fundiária quando é identificado um problema, além de financiamento, sobretudo aos pequenos produtores, que têm menor acesso ao sistema de crédito.

Para os primeiros passos, a companhia trabalhará com um mapa de mitigação de risco desenvolvido em parceria com a consultoria Agroícone, que apresenta áreas de maior risco ambiental e social. A partir de um cruzamento de dados, a companhia identifica seus fornecedores diretos nas áreas mais críticas, e daí alcança os perímetros dos pecuaristas que fornecem gado a eles. 

Feita a identificação do pecuarista e de um eventual problema, o plano é oferecer apoio para que os produtores façam a adequação florestal e também intensifiquem seus sistemas de produção, além de introduzir tecnologias, como o geomonitoramento. Uma das iniciativas que podem ser expandidas é o Programa de Produção Sustentável de Bezerros, implantado pela IDH no Vale do Juruena, em Mato Grosso, que utiliza brincos de identificação e blockchain. O cumprimento do plano será auditado continuamente pela equipe do &Green. 

Esta parte, porém, é vista na Marfrig como a menos difícil em todo o processo. “O desafio não é a tecnologia, é o engajamento do produtor e a identificação ao longo de uma cadeia complexa e desverticalizada”, disse Pianez

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress