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Marfrig lucra R$ 3,3 bilhões e volta a distribuir dividendos

A chegada do Ano Novo Chinês foi auspiciosa para a Marfrig. Depois de uma década, a empresa de Marcos Molina voltará a distribuir dividendos aos acionistas, antecipando em um ano o plano de remunerar os sócios.

Se no Brasil o ano do boi se traduz em matéria-prima cada vez mais cara – o que está longe de ser uma boa notícia, mesmo com o voraz apetite da China -, nos Estados Unidos, a empresa está gerando caixa como nunca, o que faz toda a diferença. 

Nas operações nos EUA, onde a companhia gera cerca de 80% do Ebitda, a demanda aquecida por carne e a ampla oferta de gado fizeram as margens bater recorde. A Marfrig lucrou R$ 3,3 bilhões no ano passado, com uma geração de R$ 4,9 bilhões de caixa livre. 

Após anos na corda bamba, Molina virou o jogo com a compra, em 2018, do National Beef, a quarta maior indústria de carne bovina dos Estados Unidos. De lá para cá, conduziu um bem-sucedido processo de desalavancagem, movimento visto com alguma desconfiança inicialmente – o empresário cresceu fazendo grandes aquisições, e houve quem duvidasse de sua faceta mais espartana.

Em 2020, segundo o balanço divulgado ontem, a Marfrig teve receita líquida de R$ 67 bilhões – o que a consolida como uma das dez maiores companhias privadas não financeiras do país – e conciliou investimentos orgânicos (R$ 1,4 bilhão) com redução do endividamento. O índice de alavancagem atingiu 1,57 vez em dezembro, o menor do segmento. 

Ao Valor, Molina reiterou que o foco permanece na redução do endividamento – e que, por isso, não há aquisições no radar. Os investimentos da companhia, como a nova fábrica de hambúrguer que está em construção em Mato Grosso do Sul e um frigorífico planejado no Paraguai, serão apenas orgânicos. 

Nessa toada, a Marfrig tende a acelerar os pagamentos de dividendos a partir de 2022. Positivo para os acionistas, incluindo o empresário – no fim de 2019, Molina tomou um empréstimo para acompanhar um follow on que financiou o aumento da participação no National. Atualmente, ele e a esposa têm quase 50% do capital.

Ao todo, a Marfrig deve distribuir R$ 141 milhões em dividendos, um payout de 50%. O pagamento é uma relativa surpresa. A companhia precisava compensar prejuízos acumulados na última década e conseguiu fazer isso com o desempenho do ano passado. “Tínhamos o compromisso de pagar em 2022, mas conseguimos antecipar”, diz o empresário. 

Para 2021, o conjuntura segue conspirando a favor. Nos EUA, as margens permanecem acima da média graças ao estoque de 700 mil cabeças de gado que não foram abatidas no ano passado, quando várias indústrias do país reduziram o funcionamento em meio a surtos de covid-19. 

“Começamos o primeiro trimestre com margens superiores na comparação anual”, afirma Tim Klein, CEO da National Beef. 

O cenário ajuda a compensar as frustrações com o Mercosul. Na América do Sul, e particularmente no Brasil, o boi caro é uma pedra no sapato. Miguel Gularte, CEO da Marfrig, indica que a margem Ebitda das operações brasileiras e argentinas estão em “um dígito baixo”, aquém dos dois dígitos do ano passado. 

Na B3, a expectativa positiva já impulsionou a Marfrig nesta segunda-feira: MFRG3 subiu mais de 4%, a maior valorização do Ibovespa no dia. Com os papéis a R$ 15,64, a empresa de Marcos Molina vale R$ 11 bilhões.

Fonte: Valor Econômico.

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