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Marfrig estimula conscientização socioambiental e leva produtores à Copa da África do Sul

À primeira vista, futebol e sustentabilidade socioambiental parecem não ter nenhuma relação. Mas a Marfrig Alimentos, cuja controlada Seara patrocina a Copa do Mundo e a seleção brasileira de futebol, juntou os dois. A empresa decidiu premiar os pecuaristas que desenvolvem práticas socioambientais sustentáveis em sua produção com uma viagem à África do Sul, para ver dois jogos da Copa: o primeiro hoje, entre Brasil e Portugal, e outro no domingo.

À primeira vista, futebol e sustentabilidade socioambiental parecem não ter nenhuma relação. Mas a Marfrig Alimentos, cuja controlada Seara patrocina a Copa do Mundo e a seleção brasileira de futebol, juntou os dois. A empresa decidiu premiar os pecuaristas que desenvolvem práticas socioambientais sustentáveis em sua produção com uma viagem à África do Sul, para ver dois jogos da Copa: o primeiro hoje, entre Brasil e Portugal, e outro no domingo.

O time que a Marfrig, um dos maiores frigoríficos do mundo, leva à África do Sul tem 11 produtores, sorteados entre mais de 200 pecuaristas que fornecem gado para abate às unidades de Tangará da Serra e Paranatinga, em Mato Grosso, e Chupinguaia e Ariquemes, em Rondônia. As plantas estão localizadas na Amazônia Legal e, com a iniciativa, a Marfrig quer mostrar que está comprometida com a sustentabilidade da produção.

A ideia de premiar pecuaristas foi do presidente e controlador da Marfrig, Marcos Molina. Segundo Ocimar Villela, diretor de sustentabilidade da empresa, atualmente a cadeia de fornecedores é uma “grande preocupação” da Marfrig, por isso a empresa tem exigido o compromisso de desmatamento zero dos produtores cujas propriedades estão localizadas no Bioma Amazônico.

Ele explica que só participaram do sorteio pecuaristas que já têm o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR) – com o cadastramento das áreas de preservação permanente e a localização dos imóveis – ou a Licença Ambiental Única (LAU). Além da regularidade ambiental na propriedade, também foram levadas em conta questões trabalhistas.

Para Villela, os produtores têm de estar atentos às questões ambientais e sociais que são cada vez mais importantes para garantir um espaço no mercado. A preocupação da Marfrig se justifica: no ano passado, varejistas nacionais e internacionais embargaram frigoríficos no Pará que compravam gado de área com desmatamento.

A situação foi revertida com a assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC), mas a imagem do setor foi afetada. Em Mato Grosso, a Marfrig aderiu ao TAC, cujo objetivo é acabar com o desmatamento ilegal associado à criação de gado bovino no Estado.

O pecuarista gaúcho, torcedor do Corinthians, José Laerte Godoi, é um dos que fazem parte do time de fornecedores da Marfrig e que foi sorteado para ver os jogos. Godoi vive entre a cidade de Santos (SP) e Sapezal (MT), onde cria gado nelore. Ele diz que o cuidado com a questão socioambiental “já é uma cultura incorporada ao negócio” porque há oito anos sua propriedade recebeu a certificação Eurepgap, que contempla boas práticas da agricultura, padrões globais de segurança do alimento, preservação ambiental e bem-estar dos trabalhadores.

A propriedade de Godoi está localizada no cerrado do Mato Grosso, onde há exigência de reserva legal de 20%. Na fazenda, a área de reserva é de 30% e utiliza-se o sistema de integração lavoura-pecuária, com plantio direto. O pecuarista, que entrega bois para abate na Marfrig em Tangará da Serra/MT, planta soja na safra de verão e milho e braquiária, na segunda safra. Após a colheita do milho, o gado é levado ao campo e se alimenta da braquiária.

O também gaúcho João Alberto Moratelli é outro que irá à África por atender os requisitos socioambientais aos quais a Marfrig aderiu. Sua propriedade fica em Sapezal, onde além de criar gado, planta soja e milho na safra e milheto e braquiária na entressafra. “Temos o sistema de integração lavoura-pecuária que permite baixar o custo de alimentação do gado”, afirma. O plantio é direto, o que evita a erosão do solo, acrescenta. Segundo Moratelli, sua área de reserva legal, de 20%, fica às margens do rio, o que impede o assoreamento.

Torcedor do Santos em São Paulo e do Internacional no Rio Grande do Sul, o gaúcho Getúlio Furlan fornece para a unidade da Marfrig em Paranatinga, onde está localizada sua propriedade. Ele conta que no passado estimulava-se o desmatamento nas áreas próximas a rios e uma das razões era evitar os mosquitos da malária. Hoje, Furlan, também sorteado na seleção da Marfrig, faz a recuperação das áreas de cabeceiras de rio com o plantio de árvores. Em sua propriedade a área de reserva é de 30%, diz.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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