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Manejo de cocho: um ponto importante para garantir o sucesso da atividade

Confinamentos bem gerenciados fazem tudo da mesma forma, sempre. São consistentes em como e quando alimentam os animais, são consistentes em como os cochos são lidos todos os dias, nos horários de trato e de leitura de cocho, etc. Os ingredientes são os mesmos definidos pela formulação e são misturados da mesma forma todos os dias. Os mesmos currais são tratados no mesmo horário todos os dias e os animais são inspecionados sempre de acordo com os mesmos critérios. O bom manejo de cocho pode reduzir a incidência de acidose e de problemas relacionados, simplificar a tomada de decisão por empregados e, mais importante, aumentar a eficiência e reduzir custos de produção.

Confinamentos bem gerenciados fazem tudo da mesma forma, sempre. São consistentes em como e quando alimentam os animais, são consistentes em como os cochos são lidos todos os dias, nos horários de trato e de leitura de cocho, etc. Os ingredientes são os mesmos definidos pela formulação e são misturados da mesma forma todos os dias. Os mesmos currais são tratados no mesmo horário todos os dias e os animais são inspecionados sempre de acordo com os mesmos critérios (VASCONCELOS, 2007).

O manejo de cocho não se resume apenas à distribuição da ração. Envolve também o controle de qualidade e das características dos alimentos, balanceamento da dieta, processamento e mistura dos ingredientes bem como sua forma de apresentação. As rações devem ser frescas, palatáveis e uniformemente nutritivas. Alimentos mofados e passados devem ser descartados. O volumoso deve estar adequadamente processado e misturado. Amostragens periódicas, avaliação bromatológica precisa e ajustes periódicos das dietas com base no valor nutricional e conteúdo de umidade dos ingredientes são fundamentais (LOY, 1997).

Leitura de cocho

No confinamento os animais podem ser alimentados basicamente de duas maneiras: por livre acesso ou à vontade (ad libitum), permitindo determinada quantidade de sobras (nesta opção em geral é observada maior variação no consumo); ou cochos limpos, em que não há sobras no cocho (utilizado quase na totalidade dos confinamentos americanos). Para estes dois sistemas, a quantidade de alimento fornecida é determinada por (OWENS, 2007):

• Avaliação da quantidade de alimento comestível que sobra nos cochos em 24 horas (leitura de cocho);
• Avaliação da voracidade do gado (comportamento);
• Registro histórico do fornecimento e consumo de ração.

Leitura de cocho corresponde à avaliação subjetiva de sobras de alimento nos cochos por meio de notas ou escore. A decisão quanto à distribuição do alimento nos cochos é essencialmente uma estimativa da quantidade que um piquete ou baia de bovinos irá consumir no período de 24 horas. A tabela abaixo mostra o sistema de escore de cocho SDSU (South Dakota State University):

Um dos objetivos da leitura de cocho é evitar grandes variações no consumo diário de alimento. Em dietas que favorecem a produção de ácidos e redução no pH ruminal é importante que não haja consumos excessivos, os quais geram muita fermentação e queda de pH ruminal. Quando o pH ruminal é baixo, o consumo é diminuído e se torna errático. A diminuição no consumo possivelmente funciona como um mecanismo interno que tenta limitar a fermentação excessiva, o que conseqüentemente restaura o pH para níveis “confortáveis”. Uma vez que o pH retorna a níveis adequados, o animal se sente “melhor” e volta a consumir em alta quantidade, o que causa uma nova produção excessiva de ácidos no rúmen, fazendo com que todo o ciclo se repita (SCHWARTZKOPF-GENSWEIN et al., 2003). Consumos cíclicos de alimento perturbam a estabilidade do ambiente ruminal e levam a um padrão de consumo do tipo “io-io”. Isto tudo somado ao maior nível de carboidratos fermentáveis, aumentam os riscos de acidose (LOY, 1997). Registros de confinamentos indicam que a taxa de ganho e eficiência alimentar são piores para lotes de bovinos que têm o consumo de alimento mais variável (OWENS, 2007). No período de adaptação deve se evitar ao máximo variações no consumo, pois os animais são mais susceptíveis nesta fase.

Os cochos devem ser lidos diariamente antes do primeiro trato da manhã. Pode ser feita uma leitura adicional à noite para auxiliar na tomada de decisão, ou, antes do trato da tarde. A oferta nunca deve ser aumentada em mais de 10% do trato prévio. Reduções maiores que 10% se justificam se o intuito for forçar os animais a limpar o cocho. Uma boa planilha de leitura de cocho deve conter: número do piquete ou baia; número do lote; número de animais; peso de entrada; peso atual estimado; dias em alimentação; dias na dieta atual; indicações de cocho limpo; quando o cocho foi limpo pela última vez; quantidade de alimento oferecido nos últimos 5 dias (LOY, 1997).

Caso se deseje um pouco de sobra remanescente (recomendável quando está se iniciando o manejo de leitura, na fase de adaptação ou quando o manejo não é consistente), os escores entre ½ e 1 antes do primeiro trato da manhã e 2 à noite é recomendado. Para restringir o consumo de forma branda e empregar o sistema de cocho limpo, escores de 1 a 2 à noite e 0 pela manhã, é desejável. Se o escore de cocho é 0, mas os animais não estão aguardando com ansiedade o trato e não procuram com voracidade o alimento, a quantidade fornecida não precisa ser aumentada. Sugere-se que no momento do trato, 25% dos animais deve estar enfileirado na linha de cocho pronto para comer, 50% deve estar de pé e se dirigindo ao cocho e 25% deve estar se levantando e se espreguiçando. Entretanto, com consecutivos escores 0 por vários dias e animais agressivos, a quantidade deve ser aumentada (OWENS, 2007). As correções podem ser feitas no trato da tarde ou a partir do último trato do dia (no caso da frequência de fornecimento ser maior que duas vezes ao dia), momento no qual os animais provavelmente não estarão famintos e vorazes.

O comportamento ingestivo dos bovinos também é determinado por sinais não biológicos. Por exemplo, os animais aprendem a se dirigir ao cocho quando o caminhão tratador passa em frente ao mesmo. Também criam aversão a determinados alimentos e respondem a alterações das condições climáticas (PRITCHARD e BRUNS, 2003).

Quanto ao clima, este pode interferir sobre o consumo e sobre a leitura de cocho. O calor pode reduzir drasticamente o apetite e deve ser considerado. Já frentes frias ou regiões onde o inverno é mais pronunciado, as baixas temperaturas podem estimular o consumo. A chuva pode afetar a palatabilidade da dieta, especialmente em climas quentes. A chuva interfere também sobre o consumo de MS devido ao efeito indireto da lama nos piquetes.

Em resumo, o bom manejo de cocho pode reduzir a incidência de acidose e de problemas relacionados, simplificar a tomada de decisão por empregados e, mais importante, aumentar a eficiência e reduzir custos de produção (LOY, 1997).

Sugestões práticas relacionadas ao manejo de cocho (ANDERSON, 1990)

• Mantenha adequado espaço de cocho;
• Aumente a oferta gradualmente;
• Não aumente a oferta em dias consecutivos;
• Não aumente a oferta e altere a fórmula da dieta no mesmo dia;
• Mantenha registros de dados atualizados;
• Fique atento a mudanças na composição e teor de MS dos ingredientes;
• Processe os alimentos da mesma forma diariamente (por exemplo, granulometria do milho, tamanho de partícula do volumoso, etc.);
• Espalhe o trato por toda extensão do cocho;
• Limpe os cochos quando necessário;
• Forneça os tratos sempre no mesmo horário;
• Considere os efeitos do clima;
• Mantenha os bebedouros limpos, provendo água em quantidade e com qualidade;

Este texto é parte do módulo 6 do Curso Online Princípios da Nutrição em Bovinos de Corte, ministrado por Rafael da Costa Cervieri, zootecnista e consultor em nutrição e produção de bovinos de corte. O curso terá início no dia 26 de outubro.

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