Maior rede de supermercado do Japão testará carne para radiação

As preocupações dos consumidores do Japão com a potencial disseminação de carne bovina japonesa contaminada levou a maior rede de supermercado do país, a Aeon, a fazer testes independentes para garantir a segurança dos produtos que vende.

Essa medida veio após o Governo japonês ter instalado uma barreira aos envios de animais de uma segunda província, após detectar níveis de césio radioativo duas vezes mais alto do que os limites determinados pelo Governo na carne bovina de seis animais de três áreas de Miyagi. Esse requerimento segue uma barreira imposta nesse mês à carne bovina de Fukushima, quando descobriu-se que mais de 500 animais que foram alimentados com palha de arroz contaminada com altos níveis de césio radioativo, tinham sido enviados às lojas do Japão, com algumas dessas carnes contendo uma quantidade oito vezes maior de césio do que o limite do Governo. A palha de arroz da área também tinha sido enviada para 15 províncias, levantando uma preocupação de que a contaminação poderia se espalhar mais.

A detecção de níveis excessivos de césio causou caos nos mercados de carne bovina do Japão. Os preços caíram e alguns produtores da região nordeste pararam de abater seu gado, à medida que a demanda dos consumidores caiu. Os atacadistas foram afetados com os clientes devolvendo carne bovina da região que foi vendida desde o desastre de 11 de março, que desencadeou a crise nuclear em meio às preocupações sobre uma potencial contaminação. Embora a Tokyo Electric Power Co deva compensar os produtores por suas perdas, a compensação para outras partes afetadas, como os vendedores atacadistas de carne bovina, não está definida.

Essa última barreira ressalta a dificuldade do Governo japonês em conter as repercussões sobre o pior acidente nuclear em 25 anos, quando um terremoto seguido de um tsunami afetou severamente a planta da Tokyo Electric de Daiichi em Fukushima.

A rede Aeon começou a fazer testes independentes em toda a carne bovina vendida pela marca Topvalu em 115 lojas. A rede planeja estender os testes para cobrir todas as lojas do país, à medida que as máquinas de teste, que são extremamente escassas, se tornem mais amplamente disponíveis.

O efeito de consumir um quilo de carne bovina com o limite máximo permitido para césio no Japão é equivalente a 1/50 da dosagem anual de materiais radioativos de ocorrência natural e 1/13 dos níveis recebidos em voo entre Tóquio e Nova York, disse o Governo. Entretanto, o que parece ser um nível relativamente baixo de exposição não aliviou o medo sobre a segurança da carne bovina japonesa entre os consumidores.

Isso pode ser porque não existe um teste geral para bovinos para contaminação, como é o caso do teste para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Ao invés disso, cada Governo provincial decide a extensão que terá o teste. Os testes gerais estão sendo discutidos e o Governo teria que lidar com custos adicionais e ter acesso e muito mais máquinas de testes para conseguir isso.

A reportagem é do The Financial Times, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.