Lygia Pimentel: em 2012, o produtor que se programou, teve um resultado 6,5% melhor do que aquele que deixou o mercado caminhar ao sabor do vento

O Prêmio BeefPoint – Edição Confinamento vai homenagear quem faz a diferença nos confinamentos do Brasil. Essa é uma iniciativa do BeefPoint, e tem a Assocon como parceira. A premiação será feita durante o Interconf 2013, evento da Assocon que acontecerá nos dias 9 a 12 de setembro de 2013, em Goiânia/GO e que o BeefPoint está fazendo a curadoria de conteúdo.

Para conhecer melhor os finalistas, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas que mostram o que eles têm feito para se destacar na pecuária de corte.

Confira abaixo a entrevista com Lygia Pimentel, uma das finalistas na categoria Comercialização e Mercado Futuro em Confinamento.

Lygia Pimentel é filha e neta de produtores rurais com foco em pecuária de corte. É formada em medicina veterinária, é pecuarista e atua como consultora em gerenciamento de risco para o mercado agropecuário. Desde o início da carreira trabalhou com consultoria e com o estudo do mercado.

Fez parte do time da XP Investimentos para auxiliar no desenvolvimento da área de análise agrícola da corretora, que no período, destacou-se como uma das mais representativas da BM&F Bovespa, inclusive com a negociação de mercados futuros de commodities.

Fundou a empresa AgriFatto com o objetivo de auxiliar o setor no momento da tomada de decisões e faz parte do time da INTL FCStone, renomada empresa de consultoria em mercado de commodities com atuação global no mercado de commodities agrícolas.

BeefPoint: O que você considera mais importante em um confinamento de gado de corte?

Lygia Pimentel: Sendo o confinamento uma atividade de considerável investimento e risco relativamente maior quando comparado à terminação de bovinos a pasto, o maior desafio hoje é conseguir tirar o máximo de cada uma das diferentes etapas que envolvem a terminação de animais no cocho juntamente com a aplicação de tecnologia. A otimização dos processos leva à diluição de custos fixos e maior aproveitamento de recursos, conferindo maior margem à atividade.

O monitoramento das informações é parte fundamental da busca por melhores resultados. Fora isso, as palavras-chave são controle e gerenciamento de risco para evitar resultados negativos. Isso permite o crescimento da atividade e realização do planejamento ano-a-ano.

BeefPoint: Qual o maior desafio dos confinamentos no Brasil hoje?

Lygia Pimentel: Isso depende de qual área dentro do confinamento nos referimos. Cada etapa da produção possui seus desafios particulares, mas de modo geral, considero um grande desafio equilibrar os investimentos na propriedade com um crescimento ordenado em um nível de alavancagem aceitável, ou seja, notamos que a grosso modo, o pecuarista tem dificuldades de perseguir metas pré-estabelecidas sem tropeçar no orçamento. Isso pode ser melhorado quando trabalhamos com o gerenciamento de risco e planejamento da atividade para buscar um crescimento mais linear.

BeefPoint: Qual projeto de confinamento você teve contato ou implementou nestes últimos anos, que considera um case de sucesso? Por quê?

Lygia Pimentel: O Confinamento Santa Fé é um caso de sucesso de implementação de um sistema de gerenciamento de risco completo e eficiente. Sentimo-nos orgulhosos de ter participado ativamente do processo, inclusive com o envolvimento de toda a equipe de apoio. Com a aplicação do programa, interrompemos a especulação para trabalhar completamente planejados antes mesmo de o animal entrar no cocho.

Através da análise de mercado e estabelecimento de perspectivas, decidimos quais ferramentas financeiras serão usadas de acordo com o momento do mercado e com o perfil do cliente. Como o planejamento da Santa Fé dura o ano todo, tentamos capturar as melhores oportunidades através de trabalho em tempo integral conforme o mercado caminha, tanto na compra de animais magros e insumos quanto na venda de bois terminados.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Lygia Pimentel: A análise cuidadosa do mercado pecuário e o acompanhamento acurado de indicadores trouxe-nos excelentes resultados em 2012. Ela permitiu a definição de uma estratégia de atuação prévia com base na análise de mercado e o fato de termos respeitado o plano foi essencial, seja na compra de grãos como na venda antecipada de animais usando opções e mercado futuro, além de produtos exóticos que trazem resultados melhores do que o mercado oferece em determinado momento.

No ano passado, por exemplo, o produtor que se programou durante o primeiro semestre para produzir e vender ao longo do segundo semestre teve um resultado 6,5% melhor do que aquele que deixou o mercado caminhar ao sabor do vento. Isso ocorre devido aos seguintes fatores: o preço do boi gordo não subiu como o mercado futuro havia previsto e a quebra de safra norte-americana trouxe forte volatilidade ao mercado de grãos, o que encareceu muito o custo do milho para quem não havia comprado antecipadamente.

Em resumo, quem se antecipou e planejou, comprou mais barato e vendeu mais caro. É importante ressaltar que não há mágica e que o mercado só oferece tais oportunidades a quem se arrisca a aproveitá-las e se planeja para tal sem esperar vender na máxima, mas aceitando boas oportunidades de negócio quando elas aparecem. O entendimento de como funcionam as ferramentas disponíveis é fundamental para a correta aplicação e consequente sucesso da estratégia.

Também é importante ter em mente que o melhor preço de venda não é necessariamente aquele mais alto, mas aquele que cobre seu custo de produção e garante uma margem de lucro satisfatória que permita manter nos trilhos o planejamento de investimentos para os anos vindouros.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E por quê?

Lygia Pimentel: Cada vez mais reforçar a importância de planejar a venda tal como a colocação do animal no cocho, além do acompanhamento dos indicadores do mercado pecuário. A implementação de um programa de venda é essencial na propriedade confinadora. Esse tipo de ação faz toda a diferença na qualidade da estratégia de venda adotada, seja ela via mercado spot (balcão do frigorífico), mercado a termo, mercado futuro, opções, NDFs, etc.

Ocorre comumente que o pecuarista quer utilizar ferramentas de proteção após o mercado já ter caído (ou subido, no caso de um consumidor de insumos, por exemplo). Nesse momento, pode-se considerar que é tarde demais para conseguir bons resultados. As melhores oportunidades são aproveitadas quando nos antecipamos, definitivamente. E é exatamente nesse ponto que queremos trabalhar mais intensamente com nossos parceiros.

BeefPoint: Qual mensagem gostaria de deixar para os confinadores no Brasil?

Lygia Pimentel: Estamos no caminho certo. Nossa produtividade tem aumentado e as áreas de pastagem, consequentemente, têm diminuído. Entretanto, a perda real de valor das commodities agrícolas torna o processo de difícil sobrevivência para aqueles que não se adaptam à nova realidade. Não é mais possível trabalhar com baixa lotação e pastagens degradadas, por exemplo.

No caso do confinamento, uma compra ruim de bois magros pode determinar prejuízo, mesmo que o resto da operação tenha sido satisfatório. Para acelerar o processo de evolução e sobrevivermos, precisamos nos organizar, assim como a indústria e o varejo têm feito, e o gerenciamento do risco é parte do processo de profissionalização. Ele é essencial para não sermos atingidos pela volatilidade do mercado e alcançarmos nossas metas de crescimento de maneira sólida e sustentável. E nós, consultores em gerenciamento, estamos aqui para ajudar a cadeia nesse processo. Contem conosco!

Quem merece ganhar o Prêmio BeefPoint Confinamento? Clique Aqui e Vote!

Confira a Programação do Interconf 2013

Lembramos que todos os finalistas do prêmio são convidados vip cortesia do Interconf 2013.