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Luiz Fernando Brondani: devemos fortalecer as cooperativas existentes e buscar mais intercâmbio com cooperativas do exterior

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Luiz Fernando Brondani, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul, na categoria Profissional – gestão pecuária.

Foto Luiz Fernando Brondani

Luiz Fernando Brondani mora atualmente em Curitiba – PR. É extensionista do Instituto Emater desde 1975. Atuou como técnico e coordenador do Programa de Pecuária em várias regiões do estado do Paraná. É zootecnista (UFSM), especialista em nutrição de ruminantes (UFPR) e especialista em gestão voltada para a qualidade (PUC-PR).

Foi durante vários anos coordenador técnico e geral da Feira do Paraná (Expotiba/Exposul internacional). Desde 1998 é coordenador estadual de pecuária de corte, sendo um dos idealizadores do programa PCD (Pecuária de Curta Duração – produção de novilhos precoces, superprecoces e hiperprecoces).

Ajudou a idealizar e formar todas as alianças mercadológicas do estado do Paraná, hoje 7 cooperativas de carnes nobres, quebrando o velho paradigma de produção de carne com qualidade e comercialização diferenciada, levando os produtores organizados a produzirem e venderem em escala a carne e não o boi (agregando valor a qualidade).

Além do trabalho desenvolvido no Instituto Emater, é um pequeno produtor de pecuária de corte (bezerros) no noroeste do Estado do Paraná, na cidade de Paranavaí.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Luiz Fernando Brondani: Devido à constante diminuição das áreas de pasto (perdendo espaço para os grãos, cana e madeira) e a super valorização das terras, a pecuária tem que intensificar seus sistemas de produção, produzindo mais por área e com qualidade, com isso melhorando os seus índices zootécnicos, com o produtor se organizando para produzir e comercializar em escala, tornando o mesmo um profissional e a exploração rentável e competitiva. A pecuária de corte num futuro próximo vai ficar na mão de poucos, mas altamente profissionais.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Luiz Fernando Brondani: O exemplo de pecuária de corte mais expressivo, não só no Sul, mas em todo o país, é o do grupo de pecuaristas da região de Guarapuava (Cooperaliança Novilho Precoce), onde se encontra um grupo significativo de pecuaristas profissionais, que fizeram e fazem a diferença em produção e comercialização de carnes nobres (mais de 610 kg de carcaça/ha ao ano).

Estes produtores são exemplo de dedicação na exploração. Usam todas as ferramentas disponíveis (integração lavoura e pecuária) e ousaram em não ficar mais no sistema normal de comercialização. Estão crescendo e cada vez com mais sucesso.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Luiz Fernando Brondani: Produzindo qualidade (diferencial) em escala, vendendo de forma organizada (cooperativas singulares ou uma cooperativa central por Estado que reuna todas as singulares). Esta carne deve ter segurança alimentar e um padrão de qualidade internacional, com marca, de preferência certificada por uma certificadora credenciada oficialmente para carnes (exemplo: Tecpar no Paraná). Isto pode ser feito através de parceria com a indústria/frigorífico.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Luiz Fernando Brondani: A principal inovação, que já foi falada anteriormente, são as formas de organização que o produtor se dispôs a fazer (alianças mercadológicas, cooperativas de carnes com qualidade), e com isto começaram a entender todos os elos da cadeia de carne bovina, que por sinal é uma das mais complexas. Alguns elos estão nas mãos de poucos.

Estamos precisando de mais ater (assistência técnica) para o pecuarista convencional e técnicos que conheçam um pouco mais os gargalos da cadeia produtiva. Temos que ver os demais elos fora da porteira como parceiros necessários e nessa parceria deve haver uma relação de ganha-ganha.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Luiz Fernando Brondani: Em termos de sistemas de produção mais intensivos, aproveitar a grande oportunidade de usar os subprodutos de origem vegetal (somos ricos em resíduos). Em termos de comercialização, fortalecer as cooperativas existentes e buscar mais intercâmbio com cooperativas do exterior (facilitadores para a exportação).

Em termos de agroindústria, ter uma atenção especial com o subproduto do boi, buscando novas formas de utilização do couro, sebo, vísceras, ossos etc, buscando agregar valor e gerar empregos e renda.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?

Luiz Fernando Brondani: A pedido da liderança produtora e do governo, lideramos um grupo técnico da Emater e da SEAB, onde foi montado um programa de modernização da pecuária paranaense, num horizonte de 10 anos.

Este programa, além de trabalhar todo o processo produtivo dentro da porteira, melhorando os índices zootécnicos, visa também atuar em todos os elos da cadeia carne bovina.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Luiz Fernando Brondani: Foram realizados cursos para produtores de cooperativas e técnicos do sistema SEAB e da iniciativa privada, reuniões de mobilização das lideranças políticas do Estado e das sociedades rurais, para discutir e apresentar o programa de revitalização da pecuária do Estado. Tivemos também palestras de divulgação do trabalho realizado no Estado para outros estados, mostrando a experiência alcançada no Estado do Paraná.

BeefPoint: O que você pretende fazer em 2013?

Luiz Fernando Brondani: Posso destacar três coisas: capacitação de produtores em produção, associativismo e comercialização, tornando-os profissionais; feiras de carnes nobres em eventos em todo o estado, com o objetivo de proporcionar que as organizações dos produtores prospectem mercados para as carnes nobres e operacionalização do programa através de metodologia da extensão rural.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

Luiz Fernando Brondani: O produtor deve a curto e médio prazo se profissionalizar no seu negócio, entendendo todos os elos da cadeia e assumindo a comercialização dos seus produtos e subprodutos de forma organizada, buscando sempre um fortalecimento político do setor.

BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?

Luiz Fernando Brondani: Através de um sistema de parceria produtor/indústria/varejo, busca-se um padrão de qualidade de carcaça e regularidade na oferta, otimizando a linha de abate e buscando com isso novos nichos de mercado para uma carne de melhor qualidade e com marca.

Para o varejista, ele tem que entender que o consumidor quer um produto de qualidade e com oferta regular e com isso se tornará referência.

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1 Comment

  1. Fernando Costabeber disse:

    Bela síntese, Brondani.
    A pecuária de corte pode sim concorrer com a agricultura pelo uso da terra. Os exemplos estão em tuas mãos.

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