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Lomborg: aquecimento é real, mas não o fim do mundo

Na semana passada, Bjorn Lomborg, autor do livro "O Ambientalista Cético" e professor-adjunto da Copenhagen Business School minsitrou uma palestra durante o FEED 2010, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), pra tratar de aquecimento global e o impacto da agropecuária no aquecimento global. Segundo Lomborg, o que o mundo está discutindo e fazendo hoje não é agir contra o aquecimento global, é adiar o problema.

Bjorn Lomborg, autor do livro “O Ambientalista Cético” e professor-adjunto da Copenhagen Business School ministrou uma palestra durante o Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2010), organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para tratar de aquecimento global e o impacto da agropecuária as mudanças climáticas.

Segundo Lomborg, o que o mundo está discutindo e fazendo hoje não é agir contra o aquecimento global, é adiar o problema para nos sentirmos melhor. “Aquecimento global é um assunto imenso e com muitas visões, vou tentar explicar como penso que devemos agir, para gastar nosso dinheiro de forma mais eficiente”, completou.

“Primeiro, aquecimento global é um problema e devemos nos preocupar com ele”, disse o professor assumindo que o aquecimento é real e causado pelo homem. “Mas não devemos entrar em pânico, pois não estamos no Fim do Mundo”.

Alfinetando e ironizando um pouco as teorias de alguns ambientalistas ele comenta, “Al Gore diz que o aquecimento global será terrível. Devemos agradece-lo por ter colocado o assunto em nossa agenda, mas devemos perguntar: é isso mesmo?”

“Ele [Al Gore] diz que muitas pessoas vão morrer por causa do calor, algo em torno de 2.000 pessoas. Por outro lado menos pessoas vão morrer por causa do frio, que hoje são em torno de 20.000 mortes por ano”, continua Lomborg. “Então temos que tomar cuidado com as informações que são divulgadas”.

Defendendo que existem outras teorias, que apesar de controversas também precisam ser consideradas, o palestrante afirma, “Falamos muito em aquecimento pelo aumento das emissões de CO2, mas uma das principais razões do aumento das temperaturas é o crescimento das cidades. Isso acontece, pela diminuição do verde e crescimento da cobertura de asfalto”. “Ao invés de lutarmos pela redução do CO2 devíamos tornar as cidades mais frias”, ressalta Lomborg apontando que podem existir outras soluções para a questão.

“Al Gore também fala sobre o aumento do nível do mar, mas o número está errado, o número correto é 20x menor do que ele diz”, frisa e segue comentando que foco das discussões atuais está errado. “Nos últimos 150 anos, o mar subiu 30 cm, que é o que deve subir até 2020. Pergunte a um homem bem velho o que aconteceu nos últimos 150. Ele vai falar de guerras, desenvolvimento de novas da tecnologias e não se lembrará do aumento no nível do mar”.

“As Maldivas devem sumir. E daí? Ninguém vai ficar parado na praia esperando água bater no joelho. A população deve agir para se proteger e avaliar qual serão os impactos desta situação para a população mundial”. Parece um pouco egoísta e até desumano, mas segundo Lomborg, “o grande problema não é o aquecimento e sim o impacto que ele causará nas economias e quanto gastaremos para nos proteger”.

Pensando desta forma, “o problema é que os fenômenos climáticos irão aumentar os danos na economia, pois temos mais cidades e mais bens que serão perdidos com eles”. Ele cita exemplos de furacões como o Katrina, se não existissem cidades no seu caminho não teria problema nenhum, quase ninguém saberia que ele existiu e muito menos qual foi seu poder de destruição. “Não precisamos, nem conseguiremos, acabar com os furacões, mas devemos trabalhar em sistemas que consigam prevê-los e em ações que reduzam o danos quando eles chegarem” explica o dinamarquês.

Outro ponto que o palestrante defendeu foi o uso de dinheiro em políticas de saúde pública, infra-estrutura e saneamento básico, ao invés de aplicá-lo em medidas contra o aquecimento, que segundo ele são pouco eficientes. “Al Gore fala muito sobre o aumento doenças relacionadas ao aquecimento. Malária por exemplo. Mortes por malária não estão ligadas ao aquecimento e sim ao dinheiro, ou falta dele. Se você é pobre morre de malária, se é rico toma remédios e se cura”. “Que tal deixar de gastar com redução de CO2 e investir em distribuição de remédios para malária, isso salvaria muito mais vidas. Temos que atacar os problemas mais fácies de solucionar”, completa.

Segundo o pesquisador, não podemos continuar insistindo nos erros do passado. “Kyoto falhou, Rio falhou, Copenhague falhou. Temos que mudar a forma de pensar senão Cancún também falhará”, profetizou. “Na COP15, todos concordaram que devemos limitar o aumento da temperatura em 2 graus. Mas isso é muito caro. Reduzir emissão de CO2 é muito caro, cada dólar gasto gera apenas 0,4 de ganho. Mas não podemos esquecer que emissão de CO2 também gera desenvolvimento, ninguém gera CO2 por diversão. Por isso não dá certo dizer que vamos reduzir CO2 em detrimento da diminuição do desenvolvimento econômico, isso não funciona”.

Citando outros exemplos de como podemos melhorar a eficiência das ações de preservação do meio ambiente, Lomborg cita que muito se fala que o aquecimento irá acabar com os ursos polares. “Mas ninguém fala que se todos cumprissem Kyoto, salvaríamos um urso por ano”. “Ninguém fala também que o homem mata 350 ursos polares por ano. Que tal para de atirar neles? Isso seria muito mais eficiente, não acha?”.

“Mas essas histórias não chamam a atenção da sociedade. Precisamos pensar em uma solução e não em ações para nos sentirmos bem. Precisamos ser mais eficientes e não gastar com coisas que trazem pouco ganho. Precisamos gastar com coisas que resolvam. Vamos focar nos problemas reais, ao invés de ficar batendo a cabeça apenas na redução das emissões de CO2”.

“Não adianta falar para as pessoas pararem de comer carne, eu sou vegetariano, mas essa é uma escolha minha. Para reduzir o problema a pecuária deve investir em inovação e melhorar eficiência. Não podemos dizer para as pessoas pararem de comer carne”, finaliza Lomborg.

Respondendo às perguntas da platéia, Lomborg disse que não acredita em uma conspiração por traz do aquecimento, algo para dominar os recursos naturais. “Na verdade acredito que o foco está errado, todos buscam o bem, mas devemos mudar a forma de pensar no problema. Precisamos tomar mais cuidado no julgamento dessas informações”.

André Camargo, Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Marcelo Debastiani disse:

    Ótimo Artigo…
    Todos Deveriam Ler.

  2. Marcio Carlos Grott disse:

    Muito bom os esclarecimentos de pessoas com Lomborg. Precisamos antes de sair anunciando aos quatro ventos que está havendo aquecimento sem nos preocupara com questões praticas de nosso cotidiano, primeiramente.
    Devemos primeiro refletir o que estamos pensando, analizar muito e pensar muito novamente antes de fazer anucios catastróficos, distorcer informações e difamar outros.

  3. Fábio Talayer Torres disse:

    Ainda acho a função do CO2 sobre o aquecimento ainda muito confusa e as previsões de aquecimento no futuro muito subjetivas. Ainda assim acho válido ele dizer que o foco da discussão deve ser mudado para que sejam feitas ações que realmente ajudariam a melhorar a qualidade de vida da humanidade, tais como a redução da pobreza e não gastar milhões de dolares na redução nas emissões de carbono que não teriam resultado algum. Parece que os ambientalistas estão se obrigando a mudar o seu discursso …

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