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Lideranças discutem novo modelo do Sisbov

Pecuaristas e lideranças do setor agropecuário têm opiniões divididas com relação ao novo modelo do Sisbov, que ficará em fase de consulta pública durante 30 dias. Mesmo com alterações que buscam facilitar a implantação do sistema nas fazendas, parte da classe produtora reclama da falta de uma definição concreta sobre o futuro das normas de identificação animal adotadas no país.

Pecuaristas e lideranças do setor agropecuário têm opiniões divididas com relação ao novo modelo do Sisbov, que ficará em fase de consulta pública durante 30 dias. Mesmo com alterações que buscam facilitar a implantação do sistema nas fazendas, parte da classe produtora reclama da falta de uma definição concreta sobre o futuro das normas de identificação animal adotadas no país.

O pecuarista Léo Renato Miranda bem que tentou, mas manter os custos da implantação da rastreabilidade no rebanho de mil animais se tornou inviável. Ele trabalha com recria e engorda de bovinos em Maracajú (MS) e há três anos decidiu aderir ao Sisbov. Porém, o investimento elevado, o baixo retorno e a burocracia existentes no processo de identificação do gado se tornaram grandes obstáculos para o produtor.

“É inviável investir no Sisbov. Os custos são altos, os frigoríficos na prática não pagam a mais pelo gado rastreado, além da “bagunça” que virou o sistema, com várias certificadoras e muita gente oferecendo serviços que não davam retorno nenhum”, explicou Miranda.

Para mudar esta imagem e atrair um número maior de pecuaristas, o Ministério da Agricultura promoveu alterações no Sisbov. O modelo atual, em vigor desde julho de 2006, sofreu mudanças significativas que visam, principalmente, dar mais segurança ao sistema de rastreabilidade além de simplificar as regras, tornando o sistema mais acessível.

“O sistema visa principalmente maior responsabilidade e participação do produtor. O proprietário dos animais, através de uma senha, vai poder acessar todos os dados que existem sobre a propriedade dele e dos animais dele na Base Nacional Única”, disse o secretário de Defesa Agropecuária Ministério de Agricultura, Inácio Kroetz.

A adesão ao novo Sisbov continua sendo voluntária. Entre as novidades do modelo proposto, está o fim da necessidade de identificar os animais com numeração individual, que só será exigida dos grupos de animais destinados à exportação. Em todos os outros casos, passa a ser permitida a identificação pela propriedade. O pecuarista não é mais obrigado a contratar uma certificadora para solicitar seu cadastro no Sisbov: basta ir à Unidade Veterinária Local.

Além disso, terá autonomia para solicitar a numeração dos brincos e preencher os formulários de entrada e saída de animais pela internet. Também poderá fazer a identificação dos animais. As vistorias, antes feitas apenas pelas certificadoras, poderão ser realizadas por agentes certificadores cadastrados.

Além do Ministério da Agricultura, a iniciativa privada, representada pela CNA, também passa a ser responsável pela operacionalização do sistema. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura acredita que as mudanças irão reduzir o custo de implantação do Sisbov e ressalta que houve uma mudança de conceito, transformando a rastreabilidade em um sistema de identificação e certificação, que segundo ele é extremamente seguro e confiável.

“Se nós temos um sistema seguro e que pode dar toda essa credibilidade, nós podemos conseguir convencer os europeus a diminuir as exigências, já que ele atende perfeitamente em equivalência àquilo que se cobra do produtor europeu, que, em última análise, é o que eles querem que o Brasil cumpra”, acrescentou Kroetz.

Apesar das mudanças, parte do setor ainda demonstra desconfiança com relação ao novo Sisbov. Para a Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso do Sul, as alterações no modelo ainda não são suficientes para acabar de vez com aquele que é considerado um dos maiores empecilhos para a adesão maciça dos pecuaristas ao sistema: a falta de continuidade do programa. Isso porque, segundo a Nelore MS, ainda não foram apresentados recursos que garantam que o investimento do produtor não seja em vão. “As constantes mudanças no Sisbov tornam o sistema pouco confiável para os pecuaristas, que já não sabem quanto tempo o investimento feito irá ter “valor””, disse o vice-presidente da Nelore MS, Guilherme Bumlai.

O diretor da certificadora Planejar, Luciano Antunes, teme que a nova proposta do Sisbov não seja aceita pela União Europeia. Além disso, acredita que – ao contrário do que diz o Ministério da Agricultura – os custos para o criador fiquem ainda mais altos. “Isso vai ou não ser aceito? Nós temos grandes dúvidas de que a União Européia vá aceitar este tipo de controle. Ele pressupõe um sistema nacional, um grande banco de dados único como foi chamado, a que o produtor terá acesso, poderá movimentar diretamente e poderá fazer algumas das operações. Isso pressupõe grandes investimentos. É um sistema caro, isso custa alguns milhões. Então tem que ver quem vai pagar esta conta. É muito importante ao produtor questionar se isso não vai trazer mais custos para ele. Nas nossas contas, isso vai ficar mais caro do que é hoje”, concluiu Antunes.

Já o superintendente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, João Gilberto Bento, avalia positivamente algumas mudanças apresentadas, como, por exemplo, o fim da obrigatoriedade de rastrear individualmente os animais. Porém, ele enfatiza que a melhor solução é a participação maciça dos produtores durante a consulta pública do novo modelo.

“Inicialmente, continua a não obrigatoriedade, o que é um fato importante. As propriedades brasileiras de pecuária não são obrigadas a rastrear individualmente os animais e têm que manter um cadastro nos escritórios sanitários controlados pelos Estados. A nova proposta que está no site do Ministério da Agricultura para ser avaliada e consultada está aberta a consulta e sugestões. Tem alguns pontos interessantes”, finalizou João Gilberto Bento.

As informações são do Canal Rural, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Cuidado com as informações mentirosas.

    A identificação individual, ao contrário do que afirma o sexto parágrafo, não é exigência para exportação. Só para a UE, e mesmo assim em breve vai cair em total desuso.

    Cuidado com as cascas de banana jogadas por quem tem terceiros interesses. Quem gerou o release? Quem é dono de uma certificadora?

  2. Fábio Henrique Ferreira disse:

    Diariamente se tem aqui release de alguns que possuem boa escrita e palavras ou frases de efeito. Estes que sonham amanha ver em todo açougue do pais, carne do bertin do friboi sendo vendida. Acham válido e oportuno um mercado Oligopsônico como já defendido citando que é bom fusão e a concentração em poucos frigoríficos. Estes mesmos que praticamente todos os dias tentam vender um sistemão generalizado, sem identificação individual e de adesão maciça.

    Para que animal rastreado em abundância no mercado??? para quem???

    Regra de mercado é básica, oferta em alta preço em baixa. Ou são burros ou jogam para o adversário!!!

  3. JOSE FRANCISCO SOARES ROCHA disse:

    Prezados amigos,

    este angu tá encaroçado,mas vou ,mais uma vez meter a colher de pau!
    a grande maioria de nossos clientes do sisbov desistiram,gente que investiu pesado,os que ainda continuam,até agora não viram retorno,e estão assistindo pra ver como fica,a maioria porque ja tem um controle zootecnico na fazenda ,fica muito mais facil.
    concordo com sr humberto,temos muitos mercados externos para trabalhar,que não exigem a marcação individual,acho que não atendemos estes mercados mais por falta de uma politica de marketing adequada e agressiva,do que em virtude da rastreabilidade.
    usando como argumento o “mercado europeu”,e com um forte lobby,grupos propuseram um sistema de rastrabilidade,fora da realidade e até desnecessário ,se temos outras opções,e pior não conseguindo tentaram entrar com o famoso jeitinho brasileiro,e infelizmente nem todo mundo ta acostumado com jeitinho,deu no que deu”
    alguns mercados são extremamente exigentes ,como o mercado europeu,japão,etc.vejam os esforços dos eua e australia,com campanhas especificas ,classe produtora organizada,para colocar seus produtos.
    vamos simplificar gente !!!

  4. Evaristro Dias Junqueira disse:

    03 de minhas propriedades são de lista, sempre envesti em rastreabilidade, esta virando um rolo só, acada 02 anos mudam as regras, o por que, será que não existe pessoas capacitadas para implementar um sistema que seja eficaz e inteligente? e os investimentos que tive? assim nem os europeus acreditaram no SISBOV.
    O mais importante é manter a IN 17 em Vigor, o por que mudar? se estava dando certo? estavos regredindo, voltando para traz, quando se colocava brincos em currais antes de enviar animais aos frigorificos, agora sim seria um modelo de rastreabilidade e controle do rebanho nacional, em 08 anos de SISBOV só agora fomos aprovodos pela UE, os europeus gostaram do que viram na vizita deste ano?
    Hoje temos um controle de rebanho (Movimentação) fazemos controle com GTA e formularios de Saida e Entrada e formularios de Sacrificio.
    Em 2003 não sabia quantos animais nasciam em minha propriedade (sempre tinha um numero aproximado), hoje sei até os que morrem sem brincos antes de completarem os 10 meses e serem indentificados, melhoramos muito não podemos regredir, hoje o controle é de 100% do rebanho em minha fazenda.

  5. Isaque Godinho Lopes disse:

    Companheiros e companheiras!!!!!

    É com muito pesar que venho dar minha opinião sobre o assunto mais discutido na pecuária bovina desde sua criação… “SISBOV” – SISTEMA BOVINO VOLÁTIL”…. Dá pra entender o que se passa na cabeça de quem direge esse país?????? Se alguém souber, por favor, me digam!!!! Desde de 2002, a história não muda… mais uma vez a culpa do sistema não ter engrenado, é das empresas prestadoras de serviço ( Certificadoras ), mas tenho algo a dizer… O Mapa já imaginou se mais uma vez, esta IN não resolver o “GRANDE PROBLEMA”, quem terá de ser o culpado de mais um desastre nos bolsos dos pecuarístas??? Só não poderão dizer que a culpa são dos produtores, dizendo que o acesso ao banco de dados erão deles…. Pelo menos assim eu espero!!!…
    Devemos apartir deste NOVO NOVO SISBOV, assumirmos nossos erros, porque podem escrever, haverão muitos ainda!!! Cada um, responsável pela cadeia produtiva de carne neste país já aprendeu que devemos olhar pra frente, agindo no presente e pensando no futuro. Mas, no Brasil uma IN dura no máximo 2 anos, então como nos prepararmos pro futuro???
    Outra opinião que tenho a tecer é a seguinte, não é porque o modelo atual inibi a adesão dos produtores, porque é um sistema exigente, burocrático e caro. Mas só acho que é um modelo pra ser implementado para propriedades e produtores que querem realmente atender um mercado extremamente exigente…. e nossos compradores não querem somente comprar carne, eles querem carne garantida, por isso, 70% dos produtores não aderiram, pois sabem que não possuem o perfil que este mercado exige… somente isso.
    E existe uma enorme ilusão de nossos governantes em acreditar que com a NOVA NOVA IN, teremos uma adesão desses 70% que ficaram de fora, pois na minha opinião, corre-se um risco muito grande de que os 30% que estão hoje se desistimulem e fique aguardando a próximo Normativa….
    Quero agradecer ao Mapa pela oportunidade cedida, para podermos dar nossa opinião atravéz da consulta pública, porém, gostaria de saber onde posso ler as opiniões de outros cidadãos ?
    Obrigado e sorte a todos nós, porque logo os compradores estarão aí (SE DEUS QUISER, e ele quer.)!!!!

  6. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Já mencionei antes e insisto que não devemos esperar que as dificuldades desapareçam com a mudança das regras. Cada um tem sua parte de responsabilidade no sucesso ou fracasso do programa: produtores, frigoríficos, governo, atacadistas e varejistas. E estabilidade é fundamental para que os investimentos possam dar retorno.

    A existencia de cerca de 2.000 propriedades habilitadas pela UE num modelo bastante rigoroso não significa que todas as propriedades rurais brasileiras estejam em condições de rapidamente se adequarem as exigências deste cliente. Mas significa que o mercado pode ampliar gradualmente a oferta de animais rastreados individualmente sempre que os preços forem atraentes.

    Att,

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