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30 de março de 2014
Os resultados aparecem quando convencemos o produtor matematicamente sobre a utilização das mudanças – Antonio Cabistani [Prêmio BeefPoint Sul]
30 de março de 2014

Liderança deve ser entendida como função e não como posição, e a humildade é peça chave – Anna Suñé [Prêmio BeefPoint Sul]

No dia 4 de abril, será realizado o BeefSummit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento será organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O BeefSummit Sul vai reunir nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A expectativa é de um público de 400 pessoas, entre produtores e investidores, tornando o BeefSummit uma excelente oportunidade de gerar novos negócios.

No dia do evento, o BeefPoint irá homenagear as pessoas que fazem a diferença e têm paixão pela pecuária de corte no Sul do Brasil com o Prêmio BeefPoint Edição Sul. Há vários finalistas, em 13 categorias diferentes.

O público irá escolher através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor os indicados, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Conheça Anna Isabel Caputti Pereira Suñé,  finalista na categoria Liderança Nova Geração (até 45 anos).

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Anna Isabel Caputti Pereira Suñé mora em Bagé, é médica veterinária, com mestrado em Produção Animal pela UFPel, professora universitária na Universidade da Região da Campanha por 10 anos, fiscal estadual agropecuário e coordenadora da Câmara Setorial da Carne do Rio Grande do Sul.

Atualmente o livro que a tem despertado é “A arte da guerra”, de Sun Tzu. Sendo que viajar e estar no campo sempre foram coisas que ela sempre gostou de fazer.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na pecuária do Sul do Brasil, que levou você a ser um dos finalistas do Prêmio BeefPoint Edição Sul 2014?

Anna Suñé: Reativamos a Câmara Setorial da Carne e criamos um ambiente de diálogo e participação dos diferentes segmentos e setores da cadeia produtiva pecuária do Rio Grande do Sul. Neste conceito trilhamos um caminho no sentido de estabelecer perspectivas e metas para a valorização da carne gaúcha. Assim, com a colaboração dos maiores especialistas e líderes do setor, delineamos projetos estruturantes para a pecuária do Rio Grande do Sul como um todo.

Além do mais, a participação governamental e não governamental através de mecanismos consultivos é um exercício que iniciamos com sucesso e, a partir disso, tenho certeza que chegaremos a modelos executivos neste formato. Cada um desempenha o seu papel e todos compõem um grande organismo de coordenação e execução de programas, em um trabalho conjunto pelos interesses do Rio Grande do Sul. Este modelo já é um sucesso em países que tem o mercado da carne como prioridade.

BeefPoint: Em sua opinião qual o papel de um líder pecuário?

Anna Suñé: O dinamismo é o ponto de partida. Mas, características fundamentais incluem a capacidade de ouvir e comunicar, assim como a convicção e a determinação.

Liderança, antes de tudo e em especial para a juventude, deve ser entendida como função e não como posição e a humildade é peça chave, seja para um bom trabalho de equipe motivada, como para a conquista do entendimento de um grupo que toma as decisões e define diretrizes para o setor.

Um dos papéis que vejo como mais atual de um líder, especialmente na pecuária, é o rompimento com o conceito de liderança de poder, para que possamos garantir o engajamento de mais líderes de transformação e dessa maneira concretizar os resultados há tanto tempo esperados para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva gaúcha.

BeefPoint: Quais as principais diferenças, como maneiras de pensar e agir de um líder da nova geração (até 45 anos), comparado a um líder pecuário com mais de 45 anos?

Anna Suñé: Os líderes com mais de 45 anos foram líderes jovens e experimentaram, em suas atividades na juventude, o empreendedorismo mais ousado e a maior disposição para assumir riscos, portanto acumulam experiência porque no decorrer do tempo somaram mais oportunidades de vivenciar situações de crise, avaliar a consequência de seus erros e se aprimorar. Nós, os mais jovens, temos que recolher os ensinamentos das outras gerações e procurar, com o acúmulo que obtivemos, avançar cada vez mais.

BeefPoint: O que te traz mais resultados? 

Anna Suñé: Paciência e persistência. Trabalhar com projetos abrangentes que quebrem paradigmas demandam mais tempo para o entendimento e aceitação.

Queremos institucionalizar medidas eficientes e duradouras para a pecuária gaúcha, como a criação de uma base de dados, que consolide as informações referentes a toda cadeia produtiva, e seja norteadora de políticas públicas e tendências de mercado. Além do mais, buscamos entendimento na identificação do rebanho gaúcho como ferramenta de gestão da propriedade, como apoio à execução dos necessários controles sanitários e como medida para ampliar o acesso a mercados.

Também queremos dar foco à assistência técnica voltada à melhoria da produtividade, em um projeto de gestão que valorize nossos atributos ambientais, raciais, culturais, e de bem-estar animal. O maior resultado foi conquistar equipes comprometidas e com o pensamento alinhado, em simetria conceitual.

BeefPoint: Todos sabemos que aprendemos mais com nossos erros. O que fez e deu errado? Você poderia nos contar?

Anna Suñé: Uma estratégia na gestão de conflitos é de sustentar consistentemente um ponto de vista comum a muitos, através de argumentos sólidos e bem embasados. Entretanto, nem sempre esta é a melhor forma de administrar um conflito ou a falta de consenso. A busca de pontos de convergência, em alguns momentos, é a melhor solução para o entendimento, portanto recuar e flexibilizar muitas vezes é preciso. O difícil é discernir quando usar uma estratégia, quando usar a outra.

BeefPoint: O que você considera mais importante na pecuária?

Anna Suñé: A sanidade, em um contexto de Defesa Agropecuária. Nos últimos anos, tivemos muitos avanços na genética, na utilização de tecnologias para o melhoramento genético, no manejo das propriedades e nutrição animal, demonstrando resultados expressivos na produtividade.

Entretanto, barreiras comerciais são impostas no escopo de sanidade e situações de emergência sanitária podem, de uma hora para a outra, derrubar tudo o que foi edificado nestes outros eixos, interferindo fortemente na economia local, regional e nacional. Por outro lado, devemos estar cada vez mais comprometidos com o consumidor de hoje que busca inocuidade dos alimentos, segurança alimentar e certificação de origem.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária do Sul do Brasil hoje?

Anna Suñé: O maior desafio da pecuária do Sul do Brasil é a diminuição de áreas de pecuária em função do avanço de áreas de agricultura. O Rio Grande do Sul não irá aumentar geograficamente e temos uma pecuária pouco representativa no Brasil em termos de quantitativo, portanto necessitamos o contínuo aumento da produtividade, o que vem sendo conquistado justamente pela transformação deste desafio em oportunidade através de modelos de integração lavoura-pecuária (ILP).

Entretanto, a maior dificuldade está em preservarmos e conservarmos o ambiente de características únicas no mundo, diferencial absoluto do Rio Grande do Sul, em regimes de sustentabilidade ambiental, que agregará cada vez mais valor à carne. A manutenção de áreas de campos naturais depende de ações integradas entre os elos da cadeia para validar efetivamente os atributos diferenciais qualitativos da carne gaúcha e agregar valor.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que precisamos inovar?

Anna Suñé: A irrigação em sistemas pecuários e o uso de tecnologia de informação (TI) no campo.

Precisamos  também criar meios para disponibilizar ferramentas tecnológicas para comunicação e informação no meio rural e também para sistematizar processos no campo. Informatizar e sistematizar. Softwares e sistemas existem, mas temos que avançar em cobertura e conectividade.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2014? E por quê?

Anna Suñé: Pretendo dedicar uma parcela de tempo ao “velho” perfil executivo que tenho. Quero acompanhar diretamente a implantação do projeto piloto de identificação e rastreabilidade do Rio Grande do Sul, onde identificaremos 300 mil animais. Por qual motivo? Porque o resultado é o melhor combustível de estímulo, de satisfação e nos impulsiona para ir além, mais e melhor.

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BeefPoint: Qual o exemplo de líder pecuário no Sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Anna Suñé: Um exemplo que gostaria de dar é o do Dr. Eduardo Linhares, da GAP Genética, por quem tenho profunda admiração especialmente pela forma como administra questões ligadas à sucessão e pelo brilhantismo na “gestão da família”.

Gostaria de citar outro líder, o Dr. Valter José Potter, admiro-o pelo empreendedorismo e pela seriedade e compromisso que tem com as entidades que representa.

BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?

Anna Suñé: A história e tradição cultural da pecuária gaúcha despertam sempre os conceitos de identidade e elevam a autoestima, pela consciência de valores pessoais e porque identidade é reconhecimento. É preciso explorar mais o conceito de “fazer parte”, entretanto, para isso de fato ocorrer, o jovem precisa ter no campo acesso a tecnologias que não o isolem. As ferramentas digitais de gestão da propriedade são excelentes pontos de aproximação.

BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Anna Suñé: Que busquem a união e se façam representar de forma que o bem comum prevaleça nas decisões.

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2 Comments

  1. A Aninha Suñe é a maior revelação do ambiente de pecuária do RS. Capaz, articulada, perseguidora dos seus objetivos e fiel aos seus princípios técnicos.
    Transita a sua liderança com naturalidade e lidera no seu ambiente com muita eficiência e efetividade.

  2. Marcos Labury Gonçalves disse:

    Parabéns pela entrevista. Um exemplo a ser seguido.

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