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Leitor comenta problemas da exportação de gado em pé

Renato Morbin, leitor do BeefPoint, de Imperatriz/MA, comentou a notícia "Minerva aposta no aumento do embarque de boi vivo". Em sua carta ele expõe pontos de vista bastante interessante e ressalta que esta modalidade de exportação deve bem pensada para que futuramente não prejudique os frigoríficos brasileiros e toda a cadeia.

Renato Morbin, leitor do BeefPoint, de Imperatriz/MA, comentou a notícia “Minerva aposta no aumento do embarque de boi vivo“. Em sua carta ele expõe pontos de vista bastante interessante e ressalta que esta modalidade de exportação deve bem pensada para que futuramente não prejudique os frigoríficos brasileiros e toda a cadeia, confira abaixo suas colocações.

“Tenho acompanhado as vendas de “boi vivo” para exportação, pois trabalho na compra de gado no Maranhão e por aqui se fala muito em “vender boi vivo para navio”, inclusive de alguns clientes que temos e possuem propriedades no estado do Pará.

Na verdade o volume dessa venda como disse o artigo não é tão significativa, representando menos de 1% de todo o volume abatido no país. Acontece que hoje a exportação de boi vivo se dá em grande parte nos estados do Pará e Rio Grande do Sul, mas creio que em um número bem maior aqui no Pará. E ai sim, se formos analisar ela já se torna significativa em números representando o abate que dois grandes frigoríficos (abatendo 750 bois por dia durante todo o ano) realizariam.

Sempre fui a favor do livre comércio, da liberdade de negociação, mas temos que pensar que se de um lado foi bom para tornar o boi “mais concorrido” aumentando seu valor, do outro esses dois frigoríficos não existem e estamos deixando de empregar 1000 pessoas (o próprio artigo cita que a intenção do Sr. Presidente Hugo Chaves é gerar empregos na Venezuela) sem falar nos subprodutos, sebo, couro e miúdos que perdemos e não estão sendo processados aqui.

O que está acontecendo e que temos que observar, é que a carga tributária deveria ser a mesma, tanto para um frigorífico localizado no estado do Pará quanto para uma empresa que esta exportando o “boi vivo” e isto não está acontecendo, portanto é o mesmo que uma empresa frigorífica que paga vários tributos, encargos, despesas com pessoal (em torno de 500 pessoas em cada frigorífico desses), refeitório, lavanderia, controle ambiental etc. etc. concorra com um outro frigorífico totalmente subsidiado só que lá na Venezuela.

Mas tudo isto se ajusta, com o tempo o mercado coloca as coisas no lugar.

O que realmente preocupa é uma informação que recebi de um amigo, sobre a exportação para Angola de 500 mil fêmeas a ser iniciada nós próximos meses.

Demoramos muitos anos para chegar ao estágio em que estamos, a nossa evolução genética foi espetacular em todo nosso rebanho e tudo isso esta para ser repassado para os outros praticamente de graça, ou seja pelo módico preço de 500 reais por uma bezerra.

Temos que nós lembrar que isso tem valor e muito e também o suor de nossos avôs, de nossos pais e o nosso.

Quem sabe um dia ainda nós vamos nos valorizar mais (assim como muito bem sabem fazer os EUA e a Europa) e pensarmos que não deveríamos exportar um couro com um boi dentro, e sim um sapato fabricado aqui gerando em todo seu processo milhares de empregos.

Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Claudio Alberto Zenha Carvalho disse:

    O Sr Renato Morbin deve ter algum interesse pessoal em fazer côro com os frigoríficos que tudo querem e nada contribuem no relacionamento produtor/indústria.

    Se não fôsse a exportação de gado em pé no Pará, estaríamos nós produtores, à mercê da industria local, combinando entre eles o preço do boi.

  2. Umberto Nascimento Paulinelli disse:

    Finalmente alguem que pensa como um empresario, parabens amigo, você certamente encherga a injustiça que está ocorrendo no estado do Pará.

  3. José manoel de Moura filho disse:

    Gostaria de parabenizar o Renato Morbin pela bela explanação sobre a venda de animais em Pé.
    Conhecendo um pouco sobre a realidade da pecuária paraense, gostaria de enfatizar aquilo que Renato aponta como uma boa alternativa de se agregar valor ao boi, que é a industrialização do couro. Só isso já seria suficiente para se gerar milhares de empregos diretos e indiretos. É certo que temos que melhorar, e muito, a qualidade do nosso couro.

  4. Nilto Rotta Pereira disse:

    O Morbin está repleto de razão. Estaremos repassando nosso material genético ao preço de carne ao vendermos dessa forma animais reprodutivamente aptos ao exterior. Deveria haver uma normatização coibindo ou pelo menos inibindo este tipo de comércio, de forma a proteger o patrimônio genético bovino brasileiro, que não veio, de forma alguma, de graça. Que a carga genética que está indo seja devidamente remunerada.

  5. Luzia U. N. Saltão disse:

    O Renato está com toda razão ao dizer que temos que reconhecer os nossos valores e não podemos entregar de mão beijada o trabalho de tantos anos e tantos investimentos na melhoria genética do nosso rebanho. Gostei da sua colocação que não devemos mandar um couro com o boi dentro. Devemos sim é além de sapatos enviarmos o boi enlatado.

  6. Arcedino Concesso disse:

    olá Renato você tem razão em tudo o que diz em sua carta, porém o que me chama atenção é que o pessoal dos frigoríficos só resolvem brigar por algo quando começam a perder dinheiro e não conseguem fechar as escalas de abate, por muito tempo o produtor ficou “refém” das imposições que os frigoríficos faziam aos produtores e ainda fazem!
    na minha opinião não é de fato necessário deixarmos que outro pais agreguem valor em produtos que foram “fabricados” no Brasil como o nosso boi, porém deveria ter uma maior cumplicidade entre frigoríficos e produtores, trabalhando juntos! isso sim é o que deveria acontecer! PARCERIA!!! Como fornecerem assitencia técnica para os produtores, pagar um pouco mais aos produtores que tem um boi de melhor qualidade, entre outras medidas.. isso na minha região ta longe de acontecer…

  7. Péricles Pessoa Salazar disse:

    Renato, parabéns pela sua lucidez e diagnóstico preciso do problema da exportação de boi em pé. É o que a ABRAFRIGO vem defendendo desde o início: não pretendemos proibir a exportação de boi em pé, mas apenas taxar a exportação de tal forma que desapareça a vantagem comparativa do importador em relação ao pagamento de impostos. A indústria brasileira precisa competir em igualdade de condições com as empresas importadoras instaladas em outros países.

    A exportação de boi em pé representa um enorme retrocesso para o país, inclusive para os próprios pecuaristas que fazem a terminação. A continuar esta exportação, vamos voltar aos anos 50 e 60, quando só exportávamos matérias-primas que geravam empregos e renda em outros países industrialmente mais avançados.

    O que é bom para alguns, certamente não é para a nação. Não só a indústria frigorífica resta prejudicada. Outros setores industriais ligados ao couro, sebo, higiene e limpeza, biodiesel, farmacêutica, dentre vários outros, também ficam a “ver navios” caso se intensifique esta atividade.

    O preço que o produtor recebe é superior ao pago dentro do nosso país? Quem conhece e analisa, sabe que não.

    O Brasil exporta carne desonerada? Claro que sim. Mas, lembrem-se: 78% da produção nacional é voltada para o mercado interno, e aqui os impostos ICMS, PIS e COFINS, dentre outros, oneram a indústria brasileira.
    É preciso menos emoção e mais razão na análise deste problema.

  8. Antonio Francisco dos Passos disse:

    Parabéns Sr. Renato Morbin, muito boa a colocação, mas enquanto os governos (estaduais, minicipais, e principalmente o federal), continuarem a tratar industriais como bandidos, os brasileiros continuarão cada vez mais a exportar commodities, e matérias primas, deixando os nossos concorrentes a evoluir e progredir cada vez mais, cabendo a nós produtores primários, ter que gerar as riquezas suficientes para continuar as distribuições das famigeradas “bolsas” geradoras de cada vez mais misérias e pobreza, principalmente de espírito.

  9. wilson tarciso giembinsky disse:

    Estão entregando o ouro para o bandido, se querem exportar boi em pé a preço de carne, que seja animal castrado. Quem esta comprando genética a preço de carne vai seguramente concorrer conosco no futuro…..

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