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Lei de desmate da UE afetará ganhos de JBS, Marfrig e Minerva

JBS, Marfrig e Minerva não deverão atender os requisitos da lei que a União Europeia poderá aprovar semana que vem para bloquear importações de commodities associadas ao desmatamento (legal e ilegal) ocorrido após dezembro de 2020.

Segundo análise da Chain Reaction Research (CRR), a lei afetará os lucros operacionais das empresas e pode impor a elas multas pelos danos ambientais em suas cadeias.

A CRR traçou estimativas com base e dados de alertas de desmatamento (Deter), e não os dados anuais consolidados do Prodes, que são usados por ONGs e empresas – o Inpe só divulgou ontem o Prodes Amazônia do último ano.

A CRR também usou bases de dados fundiários do Incra, e não do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é usado em análises de ONGs e do Ministério Público Federal (MPF).

A CRR estimou que os fornecedores das três desmataram 81 mil hectares após a data de corte da lei, sendo 72,6 mil hectares dentro da restrição da norma. A diferença corresponderia ao desmatamento em áreas do Cerrado que, conforme está o projeto hoje, não é bloqueado.

No caso da JBS, a CRR estima que tenham sido desmatados 50 mil hectares de 31 de dezembro de 2020 a julho de 2022 nas fazendas fornecedoras. Na cadeia da Marfrig, a estimativa é de 18 mil hectares. Para a Minerva, o cálculo é 12 mil hectares.

A CRR também estimou os danos aos balanços, uma vez que as companhias não conseguirão exportar à UE a carne do gado destas áreas. O impacto no Ebitda global da JBS seria de 1,8%. Para a Marfrig, o percentual é de 2,7%, e na Minerva, de 5,3%.

Já as multas podem afetar 0,6% do Ebitda da JBS, 0,7% da Marfrig e 2,4% da Minerva. Pelo projeto da lei, as multas podem ser de até 4% das vendas a cada país da UE.

Procurada, a JBS criticou o relatório da CRR. A companhia disse estar dialogando com o bloco para “discutir as melhores estratégias” para “garantir a sustentabilidade da cadeia”, e que crê “somente [em] colaboração e apoio técnico e financeiro aos produtores, em vez de foco exclusivo em bloqueio”.

Para a JBS, a CRR “se baseia em metodologia equivocada”, ao deixar de usar o CAR, como recomenda o Imaflora, e por usar bases do Incra, “não adequadas para a análise em questão”. Também disse que a CRR “não é transparente” ao não “especificar as fazendas infratoras, impedindo que a empresa possa analisar, prestar esclarecimentos e agir de acordo”.

A JBS disse que já monitora os fornecedores diretos e está implantando ferramenta para estender o controle aos indiretos até 2025.

Por sua vez, a Marfrig encaminhou uma carta de 17 páginas enviada à CRR em que detalhou as ações do programa Marfrig Verde + para monitorar toda sua cadeia até 2025 na Amazônia e até 2030 no Cerrado. Os prazos estão além da data de corte da lei da UE. Até agora, a companhia já monitora todos os fornecedores diretos na Amazônia e no Cerrado, 71% dos indiretos na Amazônia e 70% no Cerrado.

A Marfrig disse que monitora focos queimadas na Amazônia e que quando há sobreposição com fazendas, um alerta a faz reavaliar compras até a situação ser esclarecida.

A companhia ainda informou que sua cadeia em Mato Grosso, de onde provém a maior parte de seu gado, será auditada em 2023. Mas seu mapa de risco mostra o Pará como o foco dos maiores riscos.

Já a Minerva respondeu ao Valor, em documento de quatro páginas, que “está apta a atender aos mais exigentes mercados e clientes” e que “conta com fornecedores que conseguem atuar sob os mais diversos protocolos de qualidade, sanidade e sustentabilidade de diferentes países”.

A empresa reforçou que sua meta é monitorar toda sua cadeia na América do Sul até 2030 e que já monitora todos os fornecedores diretos no Brasil e Paraguai. Na Colômbia, o monitoramento está em 80%, e na Argentina, em 90%. A companhia disse que disponibiliza a eles um aplicativo, o Prospec, para monitorar os fornecedores indiretos. E ressaltou que foi uma das mais bem avaliadas do setor na última auditoria do MPF-PA, referente a 2020, de fornecedores diretos no Estado.

Marfrig e Minerva não comentaram o relatório do CRR em específico. Nenhuma das três companhias citadas na análise da CRR comentou sobre os impactos que a aprovação da lei na UE terá em seus negócios.

Fonte: Valor Econômico.

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