Legisladores dos Estados Unidos e da Europa pediram, em comunicado conjunto, que os governos investiguem as práticas comerciais da brasileira JBS, assim como da holding J&F Investimentos, dos irmãos Batista, que controla a empresa, e de suas subsidiárias nos EUA e no continente europeu.
Assinaram a declaração o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos, Bob Menendez, o deputado da Câmara dos Comuns do Reino Unido, Ian Liddell-Grainger, e o presidente da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, Norbert Lins.
Eles pediram que as agências de Justiça e de Valores Mobiliários façam uma investigação rigorosa “a fim de garantir que a empresa seja forçada a operar dentro das normas esperadas de finanças, negócios e conduta ambiental exigida de todas as empresas”.
Ainda, os legisladores afirmaram que é necessário examinar supostas “práticas anticompetitivas” da JBS, para “avaliar se os abusos da empresa podem prejudicar permanentemente as cadeias de abastecimento de alimentos”.
No comunicado, os signatários disseram que a JBS “ganhou notoriedade global por seu envolvimento em uma ampla gama de atividades criminosas”, e citaram casos de suborno a autoridades e violações antitruste de fixação de preços.
“A empresa também se declarou culpada de violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos e ainda não pagou bilhões de dólares em multas criminais no Brasil, enquanto seus fundadores Wesley e Joesley Batista continuam sendo os acionistas majoritários, apesar de terem sido condenados criminalmente no Brasil por múltiplos violações criminais”, frisou o documento.
As autoridades também se disseram preocupadas com o histórico ambiental da empresa na América do Sul, e mencionaram a compra de gado de fazendas que “contribuíram para o desmatamento”.
Procurada pelo Valor, a JBS informou que não vai comentar o assunto. As ações ordinárias da JBS fecharam hoje em queda de 0,22% na B3, a R$ 36,16.
Pressão da Casa Branca
O pedido de investigação surge na esteira da pressão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a indústria de carnes. Para ele, a alta dos preços das proteínas ocorre porque há concentração de mercado. Atualmente, quatro empresas do setor controlam 85% do mercado de carne bovina. A Casa Branca chegou a acusar essas empresas de aumentarem suas margens de lucro no meio da pandemia.
Em sua defesa, o segmento argumentou que a alta das proteínas reflete a escassez de mão de obra, as restrições da cadeia de suprimentos e ao aumento da pressão inflacionária
Fonte: Valor Econômico.