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Ideologia? Só durante as férias, por Kátia Abreu

Por Kátia Abreu

O agronegócio brasileiro, suas demandas e seu potencial não são novidade para mim. Afinal, já se vão 20 anos de trabalho duro desde o Sindicato Rural de Gurupi, no Tocantins, até o Ministério da Agricultura. Nessa trajetória, procurei agir em sintonia com os anseios daqueles que represento e, ao mesmo tempo, busquei uma interlocução construtiva com o poder público.

Quis mostrar que somos todos –produtores rurais, empresas e governo– parceiros em uma causa comum: o desenvolvimento do país.

O agronegócio brasileiro é grande e complexo. Há gargalos a serem superados: as dificuldades do setor sucroalcooleiro, a necessidade de aperfeiçoar o processo de registro de agroquímicos e e ampliar a cobertura do seguro rural. Também precisamos adequar a política agrícola às especificidades do Norte e do Nordeste. Graças aos investimentos recentes, ampliamos a infraestrutura, mas temos de fazer mais.

Recebi da presidente Dilma Rousseff determinação para inovar. Pensei sobre isso. O que seria, de fato, inovar em um ministério com mais de 150 anos, que ajudou o Brasil a se tornar uma potência exportadora de alimentos e que tem, na sua estrutura um ícone da ciência tropical, a Embrapa?

Como inovar quando se está à frente de um setor que, nos últimos 40 anos, contribuiu para reduzir, de 40% para 20% o peso dos alimentos nas despesas das famílias?

Decidi enfrentar o desafio de aumentar o número de produtores da classe média rural. Dos mais de 5 milhões de produtores, 70% são das classes D e E, 6% são das classes A e B e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, são da classe média. Estabelecemos como meta dobrar esse número nos próximos quatro anos.

Vamos mapear as 558 microrregiões do país, classificando-as de acordo com suas respectivas dificuldades para formar uma rede de assistência técnica rural, envolvendo órgãos públicos, privados e universidades. Iremos de porteira em porteira, para encontrar os que mais precisam de apoio.

Daremos prioridade a tecnologias que aumentem a produtividade. O Brasil tem cerca de 30 milhões de hectares irrigáveis, mas aproveitamos apenas 17% disso. Aliás, a água será o mais novo produto do agronegócio. Nossos produtores de alimentos serão também produtores de água. Quero fortalecer as boas iniciativas nesse sentido.

Para garantir segurança, qualidade e transparência aos que consomem nossos produtos, vamos coordenar um planejamento nacional de defesa agropecuária.

Quero dar ainda mais eficiência ao Ministério da Agricultura por meio de investimento em um modelo de gestão focado em resultados e na transparência. Vamos pôr de pé a Escola Brasileira do Profissional da Agricultura e Pecuária para capacitar e fortalecer os nossos quadros técnicos.

O agronegócio é fundamental para o equilíbrio da economia. Nossos produtores “pequenos, médios ou grandes” e a agroindústria precisam de um ambiente institucional favorável. Precisam que os custos da burocracia, da regulação ineficiente e, principalmente, que a miopia ideológica de pequenos grupos não inviabilizem a sua atividade.

Todos têm a legítima aspiração de progredir e melhorar de vida e podem fazê-lo por conta própria – se lhes forem dadas oportunidades. Foi por isso que aceitei o convite da presidente Dilma Rousseff: para ampliar as oportunidades desse importante setor.

Não aceitarei divisão ou segregação. Produtores de todos os portes e as empresas do agronegócio podem ter certeza de que vou liderar o ministério para quem, dentro da lei, quer trabalhar e produzir.

Tenho dito que estarei aberta ao diálogo em torno de ideias e projetos. A sociedade espera de nós trabalho e resultados. A discussão ideológica, por vezes saudável, pode ficar para os momentos de folga.

O artigo é de Kátia Abreu,  senadora licenciada pelo PMDB do Tocantins,  ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, publicado no jornal Folha de São Paulo.

6 Comments

  1. Lauro Klas Junior disse:

    Ótimo discurso.

    Acredito que as portas e porteiras das propriedades estarão abertas para recebê-la e à sua equipe. Não vou esquecer esta promessa.

    Espero que a meta de aumentar a classe média não ofenda alguns setores do governo que odeiam esta turma.

    Atenciosamente
    Lauro Klas Junior
    Pecuarista de corte MS.

  2. Mario Wolf Filho disse:

    Esperamos que realmente o Ministério da Agricultura, tenha a importância que deve ter dentro do Governo pelo peso que o Agronegocio tem em nosso PIB.
    Uma das amarras que nos protutores temos é o Custo Brasil principalmente em logistica nosso maior gargalo espero que nossa Ministra tenha força para que tenhamos melhoras significativas neste sentido.

  3. limao disse:

    Bom dia Miguel,
    Já vi e li algumas posições sobre a senadora que se tornou ministro da Agricultura.
    Sinceramente, meu caro, como posso confiar numa pessoa que aplaudi no congresso internacional da carne em Campo grande, quando fez um belo discurso e, pelo menos na minha humilde leitura, ela era uma ótima oposição ao governo PT. Eu, particularmente, cheguei a pensar que seria uma ótima alternativa para o governo federal…………..
    Ai, o que aconteceu……………virou situação, de ótimas relações com a presidente!!!!!
    Trocou de lado. Situação, no meu ver, horrível, deplorável, muito decepcionante.
    O que podemos esperar disso…………..pra mim, totalmente desacreditada. Não confio e nem acredito em nada.
    Se tornou mais uma da banda do PT.
    Princípios e valores são princípios e valores, não existe jogo de cintura nisso.
    Abração e viva o Brasil, a máquina agropecuária mais eficaz no mundo. Consegue ser o que é na marra. Ninguém auxilia.
    limao

  4. Magno M. C. Fº disse:

    Concordo que ideologia deveria ter hora e lugar. Porém, gostaria que a ministra respondesse, com a honestidade possível a uma política, a uma singela pergunta: Baseada no histórico desta “presidenta” e dos atos passados da mesma, dos discursos e de ações concretas efetivamente realizadas; pelos ministros escolhidos “a dedo” para manter o status quo (leia-se petrolão e outros “maravilhas”); como acreditar que uma representante do “latifúndio” (que é do que eles estão acusando-a) possa conseguir trabalhar em beneficio de todos e não apenas pelos “coitadinhos” que, desesperadamente necessitam ser tutelados por políticos “bonzinhos”? Com este pessoal que nos governam, não tem como acreditar. Seria muita inocência, pra não dizer coisa pior. Desculpe-me, senhora ministra, por não acreditar em vossas palavras e intenções e também por tantas aspas, mas não dá para ser de outro jeito.

  5. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Muito bom artigo. Gostei de ser informado que o Ministério da Agricultura começou 2015 trabalhando. A Ministra da Agricultura conhece o setor e poderá auxiliar nossas representações para encaminhamento de propostas em um ambiente político adverso. Certamente, apesar das desconfianças iniciais, Kátia Abreu tem qualidades que a credenciam para o bom exercício do cargo. Abraços, José Luiz Kessler

  6. José Walter da Silva Júnior disse:

    Temos a esperança de que a Ministra Katia Abreu possa contribuir muito para as melhorias necessárias no MAPA. Desde mais rigor nas fiscalizações, até mais velocidade na análise de dossiês de novos PRODUTOS para PECUÁRIA e Proteção de Culturas. Minha singela opinião é que é chegada a hora de FISCALIZAR a produção, e deixar de lado o modus operandi de fiscalizar apenas papel!
    Como pessoa ligada a produção que é, certamente a Ministra terá o DOM de cuidar de quem está há muito tempo buscando produzir mais, com mais tecnologia, e mais sustentabilidade. O produtor Rural. Desejamos muita sorte e sucesso nesta empreitada. José Walter.

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