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Júlio Barcellos: desafios da pecuária brasileira, adoção de novas tecnologias e aumento da eficiência

Durante a Feicorte 2010, Miguel da Rocha Cavalcanti conversou com o Professor Júlio Barcellos, do Departamento de Zootecnia e do Centro de Estudos em Agronegócios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especialista em Gestão de Sistemas de Produção em Pecuária de Corte e Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da UFRGS. Nesta entrevista Barcellos fala sobre os desafios da pecuária brasileira, adoção de novas tecnologias e a necessidade de aumento da eficiência.

“O Brasil Central tem os fatores tradicionais de produção dominados, que são: escala e insumos acessíveis. Já a pecuária do Sul do país trabalha com uma escala reduzida e tem dificuldades de logística para ter acesso a insumos de alimentação a um preços mais acessível”.

“De qualquer forma, quando juntamos as duas pecuárias existem complementariedades de ações. O foco dos pecuaristas do sul é trabalhar com uma eficiência gerencial muito forte e agregar valor diferenciando a produção”.

“No Centro-oeste existem grandes diferencias competitivos, mas ainda existem muitas ineficiências no uso dos recursos tecnológicos. Isso ocorre não pelo pouco uso de tecnologia, mas a extração do potencial dessas tecnologias é que precisa ser melhorada”.

“Ai eu vejo a importância do trabalho das instituições de pesquisa no aporte dessa tecnologia e da própria AgriPoint tem levado informações a esse sistema de produção. Neste último curso Pecuária de cria: agregando valor à produção de bezerros nós tivemos um acesso muito grande a essa experiência de agregar valor à produção e como obter uma melhor remuneração no momento da comercialização”.

“Hoje as grandes redes de frigoríficos e supermercados atuam nas mais diferentes regiões. Essa carne obtida a partir de condições sanitárias adequadas e sistemas de produção mais confiáveis, chega até a gondola com melhor qualidade. E isso gera mais confiança ao consumidor”.

“Esse fator também aumenta a confiança do consumidor em comprar uma carne sem marca, pois ela já tem a qualidade mínima necessária e gera uma nova tendência. Portanto eu vejo uma volta à commoditização da carne bovina e isso não é ruim, pois atende à grande maioria da pecuária nacional”.

“Antes nós tínhamos uma proteína vermelha num açougue, hoje nós temos carne”.

“Hoje o consumidor não vai a um açougue ou supermercado comprar um corte de carne. Ele vai comprar carne. No entanto quando ele olha uma marca de carne isso lhe desperta um interesse por um produto específico e a qualidade dessa marca tem que ser muito superior”.

“A grande demanda da sociedade agropecuária é tornar o seu negócio sustentável, principalmente na questão econômica. Existe a necessidade de responder à cadeia produtiva como potencializar os recursos de produção dentro de uma propriedade rural. Para isso é preciso identificar o que temos dentro da propriedade e o que pode ser usado com mais eficiência”.

“Outro ponto que me interessa muito é a ciência do uso da tecnologia. Estudar a eficiência da adoção de novas tecnologias e a quantificação dos risco desta adoção. Hoje são esses os assuntos que nós estamos estudando”.

“É preciso conhecer o negócio, quantificar o risco que toda tecnologia traz antes de utilizá-la e ter pessoas capacitadas para que possamos maximizar o uso desses recursos e tecnologias”.

O desenvolvimento deste projeto só foi possível graças ao apoio da Allflex, In Vitro Brasil e Pioneer Sementes, que confiaram no trabalho da Equipe BeefPoint e viabilizaram a produção das entrevistas gravadas na Feicorte 2010.

3 Comments

  1. carlos anastacio r. moura disse:

    Concordo com o professor julio ,mas acredito que realmente o que falta é o desenvolvimento completo da cadeia da carne . temos áreas otimas para a criação,genética de ponta e disponivel no mercado ,profissionais capacitados mas esbarramos na hora da venda .Temos que buscar a formula ,produtor mais frigorifico igual a lucro para todos .ai sim teremos a pecuária dos sonhos.abraços

  2. Rogério Baptista disse:

    Aqui em Santa Catarina temos o gado livre de aftosa sem vacinação, mas o criador não ganha nada com isso.
    Nem mesmo o consumidor ganha, pois os frigoríficos vão aos estados vizinhos buscar a carne.
    Não é a toa que as pastagens estão sendo transformadas em plantação de arroz, eucalipto e pinus.

  3. Alberto Baggio Neto disse:

    A visão do professor Júlio Barcellos na comparação entre as pecuárias desenvolvidas no Centro-Oeste vis-à-vis a dos campos do Sul é perfeita. No Centro-Sul a escala é a grande aliada do pecuarista; é o que dá sustentabilidade e competitividade nesta região. Em relação aos campos do sul esta escala ficaria um pouco comprometida na visão do professor, em contrapartida os ganhos adviriam da genética, gestão e sobretudo do giro rápido com abates de animais jovens e de alta qualidade.

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