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JBS tenta mostrar que é global e diversificada

“Brazilian beef giant”. O epíteto pelo qual a JBS muitas vezes é conhecida no exterior precisa mudar – e, com ele, a percepção de bancos e fundos de investimentos sobre o valor da companhia. A mensagem foi transmitida ontem, em encontro com investidores na bolsa de Nova York, pelo vice-presidente de finanças e de relações com investidores da JBS, Guilherme Cavalcanti.

“Queremos mostrar que a empresa é mais global e que não é só carne bovina”, afirmou o executivo, em conversa com jornalistas brasileiros após o encontro com investidores, o “JBS Day”. O evento em Wall Street foi fechado à imprensa, e o acesso restrito aos investidores convidados – 100 pessoas ouviram executivos da JBS por três horas, sendo duas horas de apresentação e uma para a sessão de perguntas e respostas.

De certa forma, a mensagem da companhia ao público internacional – que tende a ficar mais próximo com o plano de listagem de ações em uma bolsa americana – dá sequência a um trabalho feito também no Brasil. No início da década, a JBS e os principais concorrentes nacionais tentaram se afastar do rótulo de “frigorífico”, que alude a uma atividade sem charme e de margens bem apertadas – típico do mercado de commodities.

Com maior ou menor sucesso, as companhias da área de carnes buscam ser conhecidas como empresas de alimentos – por esse critério, a JBS (com faturamento anual de quase US$ 50 bilhões) só é menor do que a multinacional suíça Nestlé. Os negócios de alimentos costumam gerar margens mais altas do que os de commodities, como é o caso da carne bovina, que foi justamente o carro-chefe da ascensão da empresa dos irmãos Batista.

Na JBS, os alimentos com marca e aqueles que podem ser classificados como “produto de valor agregado” são a bola da vez. Nessa lista, não estão incluídos apenas os industrializados, mas também os cortes de carne mais refinados, como os maturados a seco comercializados pela Friboi no Pão de Açúcar ou marca de frango Just Bare, um sucesso de vendas no site da Amazon.

Nessa trajetória, a JBS quer ficar mais conhecida pelas inovações na indústria de alimentos. “Começamos em 2013, com a Seara. Hoje, estamos prontos para acelerar”, disse ontem o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, enumerando inovações lançadas recentemente.

Sem fazer alarde, lembrou o executivo, a Seara lançou há alguns meses um hambúrguer vegetal, e novas iniciativas estão a caminho. Em São Paulo, a Seara anunciou ontem um sorvete e uma cerveja com bacon – neste caso, em uma parceria com a cervejaria Paulistânia.

Mas a ofensiva não ficará restrita às marcas existentes. Para que a estratégia ganhe tração, a JBS busca aquisições, sobretudo no exterior. E a ideia é conciliar o crescimento do faturamento com o avanço da margem de lucro, disse Tomazoni.

O executivo reafirmou que, na estratégia de expansão por aquisições deflagrada no mês passado, a JBS deve se concentrar nas regiões onde já atua – Américas, Europa e Oceania. “Vamos crescer nas geografias em que estamos para buscar sinergias e escala”, acrescentou Tomazoni, argumentando que o tamanho é fundamental para uma companhia com aspiração global.

“Ser global não é apenas ter uma fábrica”, afirmou, lembrando que a JBS é uma das maiores em todas as regiões e nos mercados em que atua. Em carnes bovina e de frango, é a maior do mundo. Em suínos e ovinos, vice-líder.

Para continuar na liderança, a JBS conta com seu histórico de sucesso em integrar negócios adquiridos e em dificuldades financeiras. Como exemplo, Tomazoni citou a Pilgrim’s Pride, empresa americana de frango controlada pela JBS USA.

De acordo com o executivo, a empresa é um caso “maravilhoso de criação de valor”. A Pilgrim’s foi adquirida pela JBS no fim de 2009, quando estava em concordata, por cerca de US$ 1 bilhão (incluindo recursos investidos na empresa). De lá para, a Pilgrim’s já pagou US$ 1,8 bilhão em dividendos à JBS e atualmente está avaliada em quase US$ 5,9 bilhões na Nasdaq.

Fonte: Valor Econômico.

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