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JBS segregará ativos de bovinos do Brasil em reestruturação

A reestruturação que a JBS vai colocar em marcha no começo de 2020 segregará os ativos em duas companhias irmãs e independente entre si, um negócio que consolidado junto tem hoje uma receita líquida anual de R$ 195 bilhões.

Atualmente, tudo fica abaixo da JBS S/A, listada no Novo Mercado da B3. Com a reorganização, apurou o Valor, ficarão no Brasil apenas as atividades de bovinos local, couro e subprodutos. Na JBS Global, ficarão todas as atividades internacionais, mais a Seara, negócio que reúne as operações de aves, suínos e alimentos processados do grupo no país.

Entre as atividades que tem no país, a Seara é a principal aposta de crescimento da JBS, que anunciou semana passada um investimento de R$ 8 bilhões. O negócio de bovinos no Brasil, que deve ficar separado do restante, é menos rentável.

A reestruturação resultará em duas companhias e ambas serão controladas pela J&F, holding de Joesley e Wesley Batista. A ideia é que nem a JBS Brasil (o negócio bovinos no país) controle o grupo e tampouco a JBS Global controle a JBS Brasil. Essa é a principal diferença em relação à primeira reestruturação anunciada pela empresa, em 2016, e rejeitada pelo BNDES. Naquela ocasião, a operação brasileira se inverteria e passaria a ser controlada pela família por meio da companhia global, que teria então sua sede na Irlanda.

O Valor apurou que a JBS Global terá sede na Europa e ações listadas na bolsa de Nova York. Nesse primeiro momento, não haverá captação de recursos, ou seja, emissão de novas ações. A expectativa é primeiro destravar valor. A empresa listada nos EUA poderá ser uma ferramenta para financiar aquisições e espera-se que represente novo salto para o grupo em valor de mercado e tamanho.

Fundada em 1953 como um minúsculo abatedouro em Goiás, a JBS avalancou os negócios sobretudo a partir de 2007, com a abertura de capital e o apoio do BNDES, que injetou recursos para sustentar sua expansão internacional, tornando-se a maior empresa de carnes do mundo. Desde a abertura de capital, em março de 2007, o valor de mercado do grupo na bolsa se multiplicou, de R$ 6,8 bilhões para R$ 74,5 bilhões – o BNDES deve se apropriar de parte da valorização ao vender as ações que possui no começo do ano que vem.

Com a reestruturação, restará na B3 um negócio bem menor. A JBS Brasil tem receita líquida anual de quase R$ 30 bilhões, com uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) em torno de 5%. Na JBS Global, ficarão os negócios que somados têm receita anual de R$ 165 bilhões e Ebitda de pouco mais de R$ 16 bilhões, ou margem média de quase 10%. Os números referem-se aos valores acumulados em doze meses, até dia 30 de setembro.

A separação do negócio brasileiro de bovinos do restante não será feita por uma cisão trivial, mas haverá uma reestruturação patrimonial, apurou o Valor. Embora o caminho todo já esteja bastante claro, a companhia ainda está finalizando estudos. Depois de duas tentativas frustradas, dois temas tornaram-se uma grande preocupação do grupo: não fazer uma mudança de sede e não causar polêmica com minoritários.

A JBS entende que não há como se falar em mudança de sede. A operação local, com exceção da Seara, fica no Brasil e ambos os negócios serão controlados pela brasileira J&F. Para os minoritários, os passos não estão detalhados, mas o objetivo é tentar dar aos acionistas a oportunidade de se organizarem com liberdade, ficando em ambas ou migrando completamente para a JBS Global.

Fonte: Valor Econômico.

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